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Delito de Opinião

We will always have Paris.

Luís Menezes Leitão, 14.11.15

Se há cidade que simboliza a civilização europeia e o seu espírito de liberdade, essa cidade é  precisamente Paris, a Cidade-Luz. Há muito que é uma cidade que está no coração de todos os europeus e por ela muitos combateram, até com sacrifício da própria vida.

Nas guerras religiosas francesas, Henrique IV, enquanto chefe protestante, conquistou quase todo o território francês, mas foi-lhe recusada a entrada em Paris, que permanecia como bastião do catolicismo. Para ter Paris, não hesitou em converter-se à religião católica, tendo então pronunciado a célebre frase: "Paris vale bem uma missa" (Paris vaut bien une messe).

Na II Guerra Mundial, a principal humilhação que os alemães causaram aos franceses foi precisamente a conquista de Paris, não hesitando em desfilar junto ao Arco do Triunfo,  ultrage supremo desse símbolo da glória francesa. Quando o exército alemão começou a ser derrotado, Hitler quis destruir Paris, mas o governador alemão, Dietrich von Choltitz não lhe obedeceu, também fascinado pela beleza de cidade. A famosa pergunta de Hitler: "Paris já está a arder?" (Ist Paris verbrannt?) não teve a resposta que ele desejaria.

 

Há muito que acho que o Estado Islâmico está a desafiar todos os fundamentos da civilização europeia, numa barbárie sem precedentes, de que a destruição de Palmira é um triste símbolo. Quando se verifica, porém, um ataque no coração do continente europeu, mesmo na sua mais bela cidade, a resposta só pode ser uma: a guerra. E a mesma é inevitável, já que nenhuma contemporização se admite num caso destes. Como disse Churchill, a propósito da contemporização do governo de Chamberlain com Hitler: "Podiam ter escolhido entre a guerra e a vergonha. Escolheram a vergonha e terão a guerra".

 

Neste momento, os mortos e feridos de Paris exigem que se termine de uma vez por todas com esta situação na Síria, que já causou um número excessivo de mortos e refugiados, e, quer se queira, quer não, para isso são precisos exércitos no terreno. Mas é a civilização europeia que neste momento corre perigo, podendo ter o mesmo destino da civilização romana, caída às mãos de um grupo de bárbaros. E, por muito dura que uma guerra seja, pelo menos que no âmbito dela continue a ser possível a um casal de apaixonados dizer: "We will always have Paris".

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