Viver habitualmente
Dia triste para os apreciadores de emoções fortes: o moderado e "cinzento" Emmanuel Macron, o ex-ministro que diz não ser de esquerda nem de direita, venceu por esmagadora margem a eleição presidencial francesa. Batendo Marine Le Pen, por dois terços dos votos expressos nas urnas.
Notícia desanimadora para os tudólogos que passam o tempo a gritar que vem aí o lobo. Afinal o novo inquilino do Palácio do Eliseu não quer retirar a França da União Europeia, não quer voltar ao franco, não quer encerrar as fronteiras, não quer cortar os vínculos militares com a NATO, não quer estabelecer "parceria privilegiada" com Moscovo, não quer revoluções na quinta economia mundial. Só quer viver habitualmente.
Ainda não foi desta que o lobo chegou - tal como sucedera na Áustria e na Holanda. O povo francês revelou mais maturidade e sensatez do que os putativos intérpretes das massas populares anteviam em trepidantes tribunas televisivas, onde qualquer teoria da conspiração ajuda sempre a cativar audiências.
Coisa chata, admito. Uma imensa maçada.