Vítor Norte: «Escrevo desde miúdo»
Quem fala assim... (35)
«Se fosse milionário comprava a barragem de Pego do Altar»
Se todos os entrevistados fossem como ele, a vida de jornalista era mais fácil. Mesmo sem me conhecer pessoalmente, Vítor Norte atendeu o telefone e prontificou-se de imediato a responder às perguntas que eu ia fazendo do outro lado da linha. Não hesitou em nenhuma resposta. Com a desenvoltura de um actor experiente e calejado, que faz das palavras sua matéria-prima.
Tem medo de quê?
Tenho medo das alturas. Mas, apesar disso, ainda ontem fui andar de balão.
E que tal?
Foi muito agradável.
Gostaria de viver num hotel?
Não me importava nada. Tinha sempre a cama feita.
Algum hotel de preferência?
O melhor.
A sua bebida preferida?
Sumo de laranja. Tem vitamina C e não me põe tonto.
Tem alguma pedra no sapato?
Se tiver o sapato roto, às vezes entra uma. Mas por agora não tenho nenhuma.
A propósito: que número calça?
40. Mas tem de ser de forma larga por causa dos joanetes.
Que livro anda a ler?
Agora não ando a ler nenhum. Mas ando a escrever um livro.
Que género de livro?
Um livro de ficção. Contos. Sempre escrevi, desde miúdo. Dá-me tanto prazer escrever como representar embora ache que represento melhor do que escrevo.
Também gosta de ler?
Também. Mas leio por fases.
A sua personagem de ficção favorita?
Tenho muitas saudades do Capitão Roby [série da SIC em que representou o principal papel]. Todos os dias me falam dessa série. Infelizmente só houve três episódios.
Rir é o melhor remédio?
Sim, muitas vezes é o melhor remédio.
Chorar também pode ser um remédio...
Sim. Mas é mais agradável rir do que chorar.
Lembra-se da última vez em que chorou?
Tenho muita dificuldade em chorar. Quase têm de me bater para que isso aconteça. A última vez em que chorei? Se calhar foi ao lembrar-me do meu pai.
Gosta mais de conduzir ou de ser conduzido?
De conduzir. Completamente.
Ir no lugar do pendura não combina consigo?
De maneira nenhuma. Quando isso por acaso acontece vou sempre com quatro olhos abertos em vez de dois.
Qual é o seu prato favorito?
Corn flakes. É sempre barato e é saborosíssimo.
Qual é o pecado capital que pratica com mais frequência?
A preguiça com um bocadinho de luxúria.
A sua cor preferida?
O verde.
No futebol também?
Também, embora não faça a mínima ideia sobre a constituição das equipas. Como o meu pai era do Sporting, eu também sou.
Costuma cantar no duche?
Não. Se cantasse, acabava por fugir. Todo nu e todo molhado.
E a música da sua vida?
Gosto muito de música country.
Sugere alguma alteração ao hino nacional?
Não. O hino está bem assim.
Parece-lhe bem a actual bandeira nacional?
Parece. Não devemos brincar com os símbolos nacionais.
Com que figura pública gostaria de jantar esta noite?
Com qualquer figura pública que me pagasse o jantar.
Algum restaurante de preferência?
O melhor.
As aparências iludem?
Completamente.
O que é que um verdadeiro cavalheiro nunca faz?
Sair à frente de uma senhora.
O que é que uma verdadeira senhora nunca faz?
Sair atrás de um cavalheiro.
Qual é a peça de vestuário que prefere?
Botas.
Em qualquer época?
Em qualquer época. Dão-me muito jeito para andar de moto.
Qual é o seu maior sonho?
Ver crescer os meus filhos e saber que estão felizes.
E o maior pesadelo?
Continuar desempregado. Mas não é nada a que não esteja habituado.
O que o irrita profundamente?
A estupidez.
Qual a melhor forma de relaxar?
Sair de Lisboa e fazer campismo selvagem. Na barragem de Pego do Altar, perto de Alcácer do Sal, por exemplo. É lindíssima.
O que faria se fosse milionário?
Comprava a barragem de Pego do Altar.
Casamentos gay: de acordo?
Estou. Completamente. Desde que não se casem comigo...
Uma mulher bonita?
A mais recente namorada do Ronaldo.
Acredita no paraíso?
Acredito.
Tem um lema?
Vive e deixa viver.
Entrevista publicada no Diário de Notícias (23 de Outubro de 2010)