Vinhetas (5)
No pub
“Pub” na cidade era uma novidade. E rapidamente se constituiu uma clientela fiel, que aos fins da tarde ia para um gin, ou fininhos em copos apenas passados por água e completamente secos, uma fina película cor de casca de cebola revestindo o interior – esse era o copo para os connoisseurs. Ou até mesmo um maduro tinto, um ou dois fiéis não bebiam outra coisa.
Havia jogo de setas e, numa sala à parte, snooker; e os clientes da noite eram muitos, mais que os da tarde. À meia-noite saíam alguns e chegavam outros, e havia os que se deixavam ficar até para lá das duas da manhã, às vezes muito para lá.
Houve um tempo em que se jogava furiosamente buraca (com semelhanças, mas substanciais diferenças, da canasta). Assunto sério, que exigia concentração, memória e estratégia. E sucedeu um dia que a porta se abriu de rompante e entrou Francisco, o empregado que conhecia os gostos, hábitos e tiques de todos os frequentadores, carregando com esforço uma pesada caixa, em direcção à arrecadação.
Três ou quatro minutos volvidos a cena repetiu-se. E à terceira um jogador, exasperado pela distracção, inquiriu: De que são essas caixas, Francisco?
De cartão, sr. Fulano, respondeu o diligente funcionário.