Vinhetas (4)
Passeio de mota
Todos muito novos, num tempo em que de pouco se fazia uma aventura e a inclinação para o asneirol era premente, resolvemos subitamente ir de motorizada à Póvoa de Varzim, seriam umas 10H00 da noite. A distância era pequena, aí uns 40 km, mas uma frialdade de inverno gelava os ossos. A coisa não tinha sido bem pensada, o traje não era indicado e já não lembro onde, no regresso, se desencantaram uns jornais, para com eles forrar a caixa torácica por baixo dos blusões.
Um grupo grande de motorizadas ruidosas na então vila, deserta àquela hora, suscitou a curiosidade de um polícia preto, o primeiro que alguma vez víramos, que nos mandou parar. Calhou logo a ter de mostrar os documentos o único que era advogado (creio que ainda estagiário) o qual, delicadamente, fez menção dessa sua condição, com a ingénua intenção de intimidar.
Nem que foras arquitecto, respondeu serenamente o agente da autoridade.