Viagem ao Egipto (16).
Continuando a descer o Nilo, chegamos quase ao pôr do sol ao templo de Karnak, dedicado ao grande deus Amon. Uma vez que se iniciou a construção deste templo no ano de 2.200 a.C., mas só foi terminado no ano 360 a.C., é o equivalente egípcio às nossas obras de Santa Engrácia, ainda que com muito maior dimensão temporal.
É um templo imponente, guardado para a eternidade por duas enormes fileiras de esfinges, só que desta vez com cabeça de carneiro, que correspondia à forma tradicional de representação do deus Amon. Olhando para esta estranha série de leões com cabeça de carneiro, não pude deixar de pensar no célebre cão Cérbero da mitologia grega, que guardava o reino dos mortos, despedaçando os que tentassem de lá sair. E as estátuas quebradas no interior do templo dão-nos esta sensação de que o tempo foi inexorável para aqueles que tentaram ir-se da lei da morte libertando.
Mas lá dentro, como não podia deixar de ser, encontra-se, bem conservada, mais uma gigantesca estátua do maior faraó do Egipto, o grande Ramsés II, como sempre com a sua esposa preferida, Nefertari, aqui representado como Osíris. É claro que, no templo do grande deus Amon, teria que estar uma estátua deste grande faraó, que seguramente alcançou a eternidade, olhando desafiante para os visitantes que aqui vêm perturbar o seu sossego de milénios.