Viagem ao Egipto (13).
Um outro templo que ficou alagado pela barragem de Assuão foi o templo de Ísis, na ilha de Philae, o qual teve por isso que ser desmontado e reconstruído na ilha vizinha de Agilka, a cerca de 300 metros de distância. Trata-se de um templo da época ptolomaica, desenvolvido depois da ocupação romana, pelo que são visíveis as influências greco-romanas.
Consta que a célebre rainha Cleópatra se dirigia a este templo para prestar adoração à deusa Ísis, tendo permanecido no templo o altar dedicado à deusa.
Mas a célebre Cleópatra, que conseguiu seduzir sucessivamente Júlio César e Marco António, transformando-os em aliados do seu Egipto, já não conseguiria seduzir Augusto, que a derrotaria, levando-a ao suicídio. O Egipto tornar-se-ia assim uma simples província romana, tendo, no entanto, este templo permanecido para os fiéis da religião egípcia, cada vez mais esmagados pelo poder romano. Ao lado foi construído um templo dedicado a Trajano, o imperador que levou o império romano à sua maior extensão.
Depois, a difusão do cristianismo foi fatal para a religião egípcia. A 27 de Fevereiro do ano 380 o imperador Teodósio I estabelece o édito de Tessalónica, que decreta o cristianismo como religião oficial do império mandando fechar todos os templos pagãos. Assim, os fiéis de Ísis foram perseguidos, e a própria escrita egípcia, anteriormente gloriosa, desapareceu. Encontra-se precisamente neste templo o último texto escrito na escrita hieroglífica, datado de 24 de Agosto de 394 d. C., numa altura em que seguramente o seu autor já estaria a ser alvo de perseguições. A roda da história é implacável para com os povos vencidos, restando-nos hoje apenas os velhos monumentos para recordar o seu passado glorioso.