Viagem ao Egipto (1).
Há imenso tempo que andava a planear uma viagem ao Egipto, que fui sucessivamente adiando devido às confusões em que infelizmente se conseguiu colocar o mundo árabe. Mas este ano jurei que seria a altura e nem um atentado no Cairo nas vésperas da viagem, a que se somou outro atentado em Istambul, cidade onde fiz escala por duas vezes, me fez dissuadir desse objectivo. Os terroristas não podem matar toda a gente, e a melhor atitude a tomar é não deixarmos que os atentados influenciem o nosso comportamento. A aposta foi ganha, uma vez que a viagem foi extremamente tranquila.
O Egipto é um autêntico museu a céu aberto, e quando julgamos que já vimos tudo o que nos poderia deslumbrar, somos surpreendidos com algo ainda mais grandioso. Na verdade, não há no mundo mediterrânico civilização mais perene do que a civilização egípcia. O Império Romano durou cerca de quinhentos anos, a Grécia Antiga cerca de mil anos, mas o antigo Egipto perdurou por mais de três mil anos. No Egipto o passado e o presente estão profundamente ligados, sendo impressionante a quantidade de testemunhos históricos que ainda hoje se continuam a descobrir.
Curiosamente, a porta de entrada neste mundo mágico é uma cidade perfeitamente banal, o Cairo. Com uma população de cerca de oito milhões de habitantes, e uma área urbana de 23 milhões de pessoas, o Cairo é a maior cidade de África. Especialmente caótica em termos de trânsito, uma vez que nos explicaram que a regra ali é a de que quem tem pressa tem prioridade. Como resultado, os sinais vermelhos são considerados simples decorações de mau gosto. Por pouco não nos ocorreram vários acidentes, mas a perícia dos condutores, que encaram cada viagem como um rally urbano, evita consequências piores.
Em qualquer caso é irresistível o pitoresco do Cairo velho, especialmente um passeio nos seus mercados, com inúmeros comerciantes, que vendem exactamente as mesmas coisas, a tentar apanhar qualquer turista desprevenido.