Vergonha
Por sete milhões de euros, ou de petrodólares, os responsáveis máximos do futebol italiano acederam em deslocar do seu país para a Arábia Saudita o jogo da Supertaça que vai disputar-se entre as equipas da Juventus (onde pontifica Cristiano Ronaldo) e do AC Milan. O desafio decorrerá no próximo dia 16, no estádio Cidade Desportiva Rei Abdullah.
Tudo bem? Não: tudo mal. Assim preparam-se para caucionar a chocante discriminação existente nos estádios sauditas, onde as mulheres só em 2018 foram autorizadas a assistir pela primeira vez a jogos de futebol, mas sem se misturarem com homens, permanecendo confinadas aos lugares mais recuados das bancadas. Assim acontecerá novamente nesta Supertaça. Tapadinhas, caladinhas - e lá para trás.
«O desporto precisa de plateias globais para crescer», alega o dono da bola italiana. Está profundamente equivocado: destas plateias não precisa mesmo. Até porque são a antítese do espírito desportivo. Como fervoroso adepto de futebol, sinto vergonha destes dirigentes desportivos europeus que se põem de cócoras e chegam mesmo a rastejar mal atravessam o Mar Vermelho, convivendo alegremente com as mais inaceitáveis segregações em terras de Maomé.