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Delito de Opinião

Votou nele próprio, longe do povo

Retrato de um tirano viciado em poder absoluto

Pedro Correia, 19.03.24

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Arranjou três fantoches como figurantes nas listas eleitorais fingindo que competiam com ele - um dos tais enfeitado com a foice e o martelo, em entusiástico apoio à anexação de parcelas da Ucrânia. Mandou silenciar todos os que se atreveram a fazer-lhe frente: estão hoje no exílio, na prisão ou no cemitério. Fez-se reeleger Czar da Santa Rússia, com fraudes maciças, sem campanha eleitoral digna desse nome, sem debates, sem imprensa livre, sem fiscalização dos cadernos eleitorais, sem observadores independentes.

Entre avisos reiterados de que está disposto a utilizar o paiol atómico de Moscovo para desencadear a III Guerra Mundial. Como quem se mostra disponível para disputar uma amena partidinha de xadrez.

 

Vladimir Putin, o mais perigoso déspota do mundo actual. Septuagenário viciado no exercício do poder, que funciona para ele como uma droga dura: é senhor absoluto do Kremlin há um quarto de século, violando normas constitucionais internas e os pactos internacionais que a Rússia assinou. Acaba de se fazer reeleger por 88% dos votos, mas para o efeito tanto faz: podia ser 98% ou até cem por cento.

Como o New York Times escreveu em 1958, a propósito da monumental fraude ocorrida esse ano na eleição presidencial portuguesa que atribuiu a vitória nominal nas urnas ao almirante Thomaz, «Salazar poderia até ter escolhido como candidato o primeiro polícia de trânsito que lhe surgisse no caminho». O triunfo estava assegurado de antemão.

 

Seis anos mais no poder: agora a meta é 2030. Mas o tirano pode permanecer até 2036, quando tiver 84 anos - se gozar de vida e saúde até lá. Num sistema totalitário em que ele próprio vive como recluso, temendo sofrer o mesmo destino a que já condenou tantos opositores.

Repare-se que nem se dignou abandonar o búnquer do Kremlin para se deslocar a um local de voto. Permaneceu encerrado no gabinete, longe do povo que diz representar, e votou em si próprio por computador.

É desde já uma das imagens de 2024. Patético retrato do antigo oficial do KGB, hoje um caudilho que controla à mercê de um botão o maior arsenal nuclear do mundo.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 19.03.24

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João André: «No fundo, ignoram as verdades que conhecem porque seguem as cartilhas mais manipuladoras da propaganda: assusta o eleitorado; faz do teu adversário um inimigo; agita as águas; mente até que a mentira seja aceite como uma verdade; usa toda a euqalquer boa notícia até à exaustão e estica-a quase até se partir. São cartilhas conhecidas de todos. Sabendo que uma boa parte dos nossos liberais são antigos marxistas, maoístas ou trotskistas, isso não surpreende. Até o último voto ser contado e reportado, ainda muito lixo vai voar.»

 

Teresa Ribeiro: «As contas são tão fáceis de fazer que qualquer eleitor percebe. Daqui até 2035 vão passar, números redondos, vinte anos. Quem tiver hoje quarenta, estará a poucos anos da reforma e um jovem de 25 anos chegará à meia idade antes que o ciclo económico mude. Mas 2035 é só a meta mais optimista. Muitos argumentam e bem que o mais provável é o fim da austeridade chegar quando estivermos quase todos mortos.»

 

Eu: «É um momento emocionante. Um momento em que dois grandes espíritos enfim convergem. Como acontece a Rick Blaine e ao capitão Renault em Casablanca, pode ser o início de uma bela amizade.»

 

Inaceitável

Pedro Correia, 18.03.24

Marcelo Rebelo de Sousa, que tanto adora falar às comunidades portuguesas no estrangeiro, marimbou-se para o voto dos nossos emigrantes - este ano superior a qualquer outro em legislativas. Prova? Decidiu receber todos os partidos em Belém sem estes votos dos círculos eleitorais da Europa e de outras partes do mundo estarem contados, queimando etapas. E desprezando assim os compatriotas que vivem lá fora, incluindo três colegas nossos, também autores do DELITO: é como se as opções eleitorais deles não contassem.

Obviamente inaceitável, este comportamento do Presidente. 

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 18.03.24

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Sérgio de Almeida Correia: «Até agora os únicos que pagaram o preço do despesismo, da generalizada incompetência dos políticos saídos dos sinistros aparelhos partidários, e da austeridade "para além da troika", são os portugueses, os que produzem algo de útil, as suas famílias e todos os que entretanto foram obrigados a sair de Portugal. Quanto aos outros, todos esses em que estão a pensar, esses safam-se sempre, seja agilizando negócios, traficando influências a troco de comissões pelos telefonemas que fazem, ou tirando partido das permanentes e corriqueiras ineficiências do sistema de justiça e de todos os outros sistemas que sobrevivem à custa deste.»

 

Eu: «Acabo de saber que partiu. Com o mesmo desprendimento, a mesma fleuma, a mesma suavidade com que viveu e marcou as vidas de tantos de nós. Inclino-me perante a memória de José Medeiros Ferreira. Açoriano de gema, resistente à ditadura, exilado político, democrata por convicção, um espírito livre de todas as horas. Encarnando, em suma, o melhor da alma portuguesa: foi um patriota de raiz sem deixar de ser cidadão do mundo.»

Saudades de José Medeiros Ferreira

Pedro Correia, 17.03.24

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Medeiros Ferreira (1942-2014), em 1976, quando era ministro dos Negócios Estrangeiros

 

Foi um dos políticos mais inteligentes e cultos que tive o privilégio de conhecer. Era um prazer conversar com José Medeiros Ferreira, tanto na Assembleia da República (foi deputado em três ciclos diferentes, o último dos quais pelo Partido Socialista) como em sua casa, na Calçada Eng.º Miguel Pais, ao Príncipe Real. Com aquela inconfundível pronúncia micaelense e uma ironia muito própria, que costumamos associar aos britânicos. Nada a ver com o corrosivo sarcasmo lusitano.

Após ter sido dirigente associativo durante a corajosa rebelião universitária de 1962, viveu seis anos exilado na Suíça, onde se licenciou em História pela Universidade de Genebra. Regressado a Portugal com o 25 de Abril, em 1976 tornou-se o nosso mais jovem ministro dos Negócios Estrangeiros. Com apenas 34 anos.

Sempre o comparei a um xadrezista ao ouvi-lo discorrer sobre estratégia política, tema que o apaixonava. Intuiu, antes de qualquer outra personalidade da oposição ao Estado Novo, que o "levantamento nacional e popular" contra a ditadura salazarista-caetanista era um mito propalado pelo PCP. O regime, que foi implantado pelas forças armadas a 28 de Maio de 1926, só cairia por acção militar - e havia que trabalhar nesse sentido a partir da oposição. Esta tese viria a ser precursora do 25 de Abril de 1974: ele anteviu tudo com inegável lucidez.

Teve um papel determinante na aproximação institucional de Portugal à Europa como alternativa aos bloqueios pós-revolucionários. Devemos-lhe isso - e também a caução que deu a Sá Carneiro, no biénio 1979-80, num momento decisivo que culminou com a inédita ascensão ao poder da direita em Portugal por via eleitoral. 

O tempo é vertiginoso: às vezes imagino que passaram poucos meses desde a nossa última conversa sobre um dos múltiplos temas que lhe suscitavam interesse - da política ao jornalismo, passando pelo futebol. Mas a areia vai-se depositando, inexorável, no fundo da ampulheta: Medeiros Ferreira morreu aos 72 anos, cumpre-se já uma década amanhã. Sei que estou muito longe de ser o único a sentir saudades dele.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 17.03.24

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Eu: «Houve vários governos muito efémeros em Portugal. Mas nenhum teve vida tão curta como o governo mais à esquerda que até hoje vigorou entre nós: durou 42 dias -- entre 8 de Agosto e 19 de Setembro de 1975 -- e só mereceu o apoio do PCP, que havia recolhido apenas 12,5% dos votos na eleição para a Assembleia Constituinte, realizada três meses antes. PS, PPD e CDS, cujos deputados somavam quase 75% dos lugares no hemiciclo de Sao Bento, não estavam representados nem se reconheciam neste Executivo liderado pelo general Vasco Gonçalves, compagnon de route dos comunistas. Foi o tristemente célebre V Governo Provisório. Tão distante da vontade popular que começou a dissolver-se mal foi empossado. Tão extremista e tão sectário nas suas proclamações doutrinárias que cavou logo à nascença um abismo face à esmagadora maioria dos portugueses.»

Leituras

Pedro Correia, 16.03.24

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«Embora seja possível pensar tais pensamentos, do nada para o nada, a coisa não se resume a isso, há muito mais do que isso, mas que tudo o mais é esse? o céu azul, as árvores onde as folhas crescem? o verbo que era no princípio, como diz a Sagrada Escritura, que permite a uma pessoa compreender coisas profundas e coisas superficiais, que tudo o mais é esse? »

Jon Fosse, Manhã e Noite (2000), p. 14

Ed. Cavalo de Ferro, 2022 (2.ª ed). Tradução de Manuel Alberto Vieira

Reflexão do dia

Pedro Correia, 16.03.24

«A espantosa ideia do BE e do Livre de tentar unir a esquerda numa frente comum anti-AD e IL é uma espécie de associação de lesados da velha democracia. Para quê? Se não é para governar, a ideia é absurda, sobretudo para o PS, caso ainda esteja interessado em fazê-lo na próxima década.

Qualquer alma no PS deveria perceber isto. À sua esquerda ninguém quer que o PS alguma vez supere os 30%. Querem criar um bloco onde as ideias mais puras impeçam qualquer ponte com o PSD. Em rigor, os náufragos da esquerda querem juntar-se para tentar acelerar o abraço do PSD e do Chega. Boa sorte com a brilhante "estratégia" de ver quem vai primeiro ao fundo.»

 

Ricardo Costa, no Expresso de ontem

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 16.03.24

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Alexandre Carvalho da Silveira: «Não quero fazer aqui a comparação dos Beatles com os Rolling Stones, hão-de sempre, cada um deles, ter os seus fãs incondicionais, mas para mim Jagger &Cª são únicos, embora haja quem diga que os Rolling Stones se esgotaram em "Exile On Main Street". Eu acho que não, embora reconheça que os primeiros dez anos foram os melhores. De qualquer modo ver um grupo com uma média de idades próxima dos setenta anos fazer Rock'N'Roll como eles ainda o fazem é obra. O regresso de Mick Taylor é muito bem vindo e só peca por tardio, ele é muito melhor que o Ron Wood.»

 

José António Abreu: «Tendo a preferir escolher para blogue da semana espaços onde se abordem temas simultaneamente fundamentais e irrelevantes (literatura, cinema, música, fabrico de renda de bilros ou modos de transformar comida de cão em pratos merecedores de estrelas Michelin) em vez de temas inegavelmente importantes mas que estão longe de possuir a componente facultativa que define os maiores prazeres (política, economia, métodos de depilação ou formas de detectar doenças nas excreções corporais).»

 

José Maria Gui Pimentel: «Todos conhecemos restaurantes que têm, de uma forma persistente, longas filas (às vezes todos os dias da semana). Esse fenómeno traduz um excesso de procura face à oferta e implica, à partida, que o restaurante esteja a perder lucro, pois poderia servir o mesmo número de clientes a um preço mais alto, ou, alternativamente, servir um maior número de clientes (sem alterar o preço) se optasse por expandir. Há, no entanto, alguns restaurantes que claramente escolheram não pôr em prática nenhuma dessas opções, e que têm há vários anos longas filas. Trata-se de uma peculiaridade curiosa deste tipo de negócio. Repare-se que seria o mesmo do que termos persistentemente dificuldade em comprar um determinado bem de consumo, sem que a empresa que o produz optasse por aumentar o preço ou a quantidade produzida.»

 

Luís Menezes Leitão: «No final do dia de hoje, Putin dirá que a Crimeia já cá canta e agora seguir-se-á o resto, ou seja, o leste da Ucrânia, a Transnístria, e se calhar até territórios dos estados bálticos que lhe permitam o acesso terrestre a Kaliningrad, a antiga Königsberg. Já alguém disse que o mal da Europa era ter demasiada história para tão pouca geografia. Eu digo que neste momento o mal da Europa é ter-se transformado numa plutocracia, em que os mercados são reis e senhores e os governos estão nas mãos do poder financeiro. Foi por isso que a resposta pífia da Europa ao avanço russo passou apenas por ameaçar a Rússia com sanções económicas. Putin ri-se das sanções económicas. Não só é a maior parte da Europa que está dependente do gás russo como, ao contrário do que sucede no ocidente, Putin não se deixa influenciar pelo poder financeiro. Pelo contrário, os milionários russos sabem que só serão milionários enquanto Putin quiser. Basta ele não querer para que surja qualquer acusação criminal que lhes tirará a fortuna toda, se não forem mesmo atirados para a prisão. É por isso que a Europa nada pode contra Putin.»

Legado positivo de António Costa

Pedro Correia, 15.03.24

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Desde que se amigaram com o PS para formar a geringonça, PCP e BE perderam 25 deputados.

Em 2015 tinham 36, somados: 19 bloquistas, 17 comunistas.

Hoje restam-lhes 9 (5 do BE + 4 do PC). Quatro vezes menos.

 

Eis o mais visível legado político da geringonça: praticamente a extinção da esquerda radical.

Neste caso, um legado positivo de António Costa - sou o primeiro a reconhecer.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 15.03.24

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Bandeira: «Dia que passe à rua Direita do Dafundo e veja dois homens como que lutando no interior de uma antiga caixa de electricidade em betão, não se assarapante: é apenas o Ricardo “a levantar o americano”. O americano é o João e a caixa, excrescência no muro de uma quinta apalaçada, é a casa dele. Os velhos de Algés variaram-lhe a nacionalidade quando arranjou trabalho na linha de caminho-de-ferro que levava gente a jogar ao casino do Estoril. Viam-no correr para a estação e metiam-se com ele, “Lá vai o americano”, porque se dava ares de endinheirado e tinha andado pelo estrangeiro todo, para não falar dos mais de dois anos que teve de cumprir na guerra em África.»

 

Joana Nave: «Os mimos sabem sempre bem e dorme-se muito melhor depois de os receber. Mas o melhor mesmo são os mimos que damos a nós próprios quando dedicamos tempo a fazer o que gostamos.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Não gostei de ver uma fantástica vitória em White Hart Lane manchada por atitudes deste calibre. O Benfica é suficientemente grande para dispensar este tipo de atitudes. Como benfiquista e apreciador do fair-play de um Eusébio ou de um Coluna não podia deixar de manifestar o meu desagrado. Os campeões têm de saber ganhar e não podem prestar-se a equívocos manhosos.»

 

Eu: «A minha reacção perante este documento, mais do que de rejeição, é sobretudo de estupefacção. Por verificar que entre os 70 signatários figuram algumas das personalidades que permaneceram mais tempo em funções governativas nas últimas quatro décadas em Portugal. Incluindo três ex-responsáveis da pasta ministerial das Finanças. Consulto os meus arquivos. E concluo que estas três personalidades desempenharam funções governativas em 12 dos 19 executivos que se sucederam no nosso país desde o 25 de Abril de 1974. Perfazendo, no seu conjunto, 20 anos e dois meses de actividade no Executivo. É tocante vê-las dar este salto. Da permanência no Conselho de Ministros ao assento etéreo nas pantalhas televisivas, passando pela elaboração de manifestos em que desdizem hoje o que disseram ontem, com o conta-quilómetros a zero, transfiguradas em treinadoras de bancada. Como se não tivessem a mais remota responsabilidade pelo estado a que isto chegou.»

Jornalistas em greve: alerta à cidadania

Pedro Correia, 14.03.24

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Os jornalistas portugueses estão hoje em greve geral. A primeira em 42 anos. Isto é notícia, sem espécie de dúvida.

Há quem concorde, há quem discorde. Entre os que discordam, destacam-se aqueles que apontam para a escolha deste dia concreto, de óbvio vazio governativo. É sempre mais fácil - e muito menos eficaz - paralisar o trabalho em tempo de impasse, quando o Executivo ainda em funções já não manda nada e o que há-de vir ainda não está indigitado. Nem se sabe com estrito rigor qual será a sua cor política, a identidade dos seus futuros elementos ou a data da tomada de posse.

 

De qualquer modo, espero que a greve funcione como alerta para aqueles que lamentam a proliferação desenfreada de aldrabices nas redes e o enfraquecimento dos jornais e do jornalismo, mas não dão um avo para pagar aquilo que consomem de borla pelos dispositivos electrónicos. Condenando assim centenas de jornalistas à penúria e ao desemprego. E contribuindo, no limite, para o fim do jornalismo.

Podiam ajudar? Claro que sim. Numa espécie de militância cívica. Cada vez mais premente, cada vez mais inadiável.

Basta assinar um jornal ou uma revista informativa. Um só, entre tantos títulos disponíveis. Em papel ou digital. E recusar receber versões pirateadas desses títulos que abundam por aí, em clippings organizados - às vezes até oriundos de chancelas oficiais - que vão contribuindo para conduzir tantas empresas jornalísticas à falência. Começando pelas empresas de âmbito local ou regional.

 

Mais de metade do País vive hoje num deserto informativo, sem jornais ou rádios ali localizados. Dos 308 concelhos, 166 estão nessa lamentável situação.

O salário médio dos 5300 jornalistas oficialmente credenciados - 80% dos quais com formação superior - não ultrapassa 1225 euros mensais. Abundam  jovens em início de carreira a receber menos do que o salário mínimo. Muitos profissionais veteranos e conceituados levam para casa menos de 1500 euros ao fim do mês.

Todos trabalham muito mais horas do que a lei estipula e do que as mais elementares normas de prevenção de saúde física e mental recomendam.

 

O trabalho dos jornalistas deve ser recompensado, o esforço financeiro dos investidores deve ter retorno.

Se cada um de nós subscrever um periódico à nossa escolha já faz muita diferença. Para melhor.

É o que faço. Sou incapaz de recomendar aos outros aquilo que não pratico.

 

Quando deixar de haver jornais, quando o jornalismo chegar ao fim, esses mesmos que em nada contribuem para a qualidade da informação, pagando-a, passarão a receber apenas memes idiotas, muitos vídeos com gatinhos e uma brutal enxurrada de lixo desinformativo através dos mesmos dispositivos electrónicos.

Então protestarão: vão querer de volta o rigor informativo.

Mas aí já será demasiado tarde.

Não há almoços grátis. E o que é barato sai caro. A qualidade paga-se. Ou desaparece de vez.