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Delito de Opinião

Pensamento da semana

João Villalobos, 03.05.20

Não tenhamos receio de vacilar de quando em quando. Não é fácil evitar a angústia perante os mistérios do futuro. O medo, que tanto nos esforçamos por manter subterrâneo, emerge por vezes, inesperado regressa à tona, como um cachalote. Mesmo ele tem de respirar. Para o vencer, é na coragem demonstrada por tantos que podemos encontrar também a nossa. A cada um o seu arpão, é certo. Mas em comum a mesma vontade de atingir a causa das trevas no coração.   

 

Este pensamento acompanhou o DELITO durante toda a semana.

Para os amigos tudo. Para os outros, há o PS

João Villalobos, 07.09.18

Adoro a pastinha encarnada cujos segredos apenas podemos especular. A gravata fúnebre do senhor lá atrás (o qual, como diria um escritor que ninguém já hoje lê, sorri à morte com meia cara). A outra pastinha azul sobre cujos segredos apenas podemos especular, quase da cor do vestido da mesma senhora que olha quiçá para as chem trails no céu. E, principalmente, a coerência de certo PS na defesa dos seus. A bem da transparência. Nas próximas eleições, só será parvo quem quiser. A fotografia é do grande repórter fotográfico António Pedro Ferreira. O que ela retrata é de todos nós.

A notícia relacionada. E a legenda da foto, para que não haja confusões por parte de quem não segue os links: "Valdemar Alves com António Costa, em 2017, durante as homenages às vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande".

Agora cada vez menos mais só de vez em quando

João Villalobos, 09.07.18

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Fui à procura, na edição online do novo Diário de Notícias, do texto de opinião assinado por António Araújo sobre Wenceslau de Moraes. Não o encontrei e ainda bem. É um texto que vale, ele por si, os 3€ de uma edição semanal impressa e inteira. Em cada parágrafo, há informação. Escorreita e suculenta como o bife de Kobe, terra nessa estranja onde foi, ele Wenceslau, cônsul de Portugal.

Araújo diz que Wenceslau foi um “estilhaçado entre dois mundos, como sucedeu a tantos soldados do Império (que ele, António, grafa em caixa baixa, como se denominam as minúsculas nos jornais). Quiçá.

Mas o que fez e escreveu, ele Wenceslau, foi uma tentativa igual a todas as outras de procurar essa reconstituição dos estilhaços sublimada pela demanda de reunir os fragmentos da personalidade  que era a sua e a uma outra maior, através dessa busca de uma impossível taça do Graal. 

Eu sei…É um post estranho, este que acabei de escrever. As minha desculpas. É para onde me dá. Vou ler o texto do António outra vez e regresso um dia destes.

"As coisas são como são"

João Villalobos, 29.05.18

Como costuma dizer-se; "É a vida". Existiram posições públicas de parte a parte, existiu uma votação nominal escrutinável d@s deputad@s dos diferentes partidos e o resultado foi, democraticamente, o que foi. A história parlamentar ensina-nos que as causas chamadas fracturantes surgem e regressam, com resultados diferentes, ao longo do designado processo histórico. Saber respeitar as decisões e nem por isso deixar de lutar por aquilo que entendemos poder ter sido - ou possa vir a ser - uma decisão diferente, é a base do nosso modelo constitucional. Dito isto, e por enquanto, o senhor presidente da República já ficou sem mais uma razão para dor de cabeça. "As coisas são como são", escrevia em jeito de assinatura Victor Cunha Rego. Convém relê-lo, nestas como em outras alturas.

O blogue da semana

João Villalobos, 22.04.18

Iniciei-me na 'blogocoisa' creio que em 2005. Raros eram os blogues nessa altura que aliavam a qualidade do conteúdo à da forma. Esses poucos - muito poucos - capazes de encontrar uma coerência estética através de uma subtileza intrínseca no exibido e no transparecido.

Foi essa coerência - na escolha das imagens e dos textos . aquilo que sempre me fascinou desde a minha primeira visita a este blogue, um resultado de cuidadosas escolhas, por vezes mais esporádicas, outras menos espaçadas no tempo. A sua autora é poeta e editora e cada um dos poemas ou fragmentos, fotografias ou imagens, são cuidadosamente selecionadas por critérios que apenas pressentimos.

E há também espelhos, evidentemente. Muitos espelhos, no presente e no passado deste blogue. Que nos permitem vislumbrar esse 'outro lado' para onde atravessou Alice, nele se reencontrando. Parafraseando Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido como Lewis Carroll: "What is the use of a blog, without pictures and conversations?". 

Por estas e outras razões, agradeço a oportunidade de escolher o THERE'S ONLY 1 ALICE como blogue da semana. 

Sobre a "peça", suspensórios e a História

João Villalobos, 23.03.18

É óbvio que Adolfo Mesquita Nunes só poderia responder com a ironia e o savoir-faire que se lhe conhece à inanidade proferida por Fernando Rosas. Rosas é um cromo perigoso. À medida em que outros melhores do que ele foram falecendo, tornou-se - através de um caminho das pedras mediático - porta-voz de uma pseudo-realidade passada que nunca aconteceu. O PC despreza-o. Perdeu inúmeros compagnons de route pelo caminho que o abandonaram, em particular entre os anos 70 e 80, e tornou-se um divulgador de fake news sobre o que passou quando era novo e já poucos se recordam. Agora, decidiu falar de modernidade e criticar um político que assumiu a sua opção sexual. Ele - Fernando - lá saberá o que faz, porque o faz e etc. Quanto a mim, o Adolfo tem toda a razão. Não fazendo subir o senhor Rosas até ao palanque do debate inteligente, foquemo-nos nos suspensórios. E, já agora, também no título que acompanha este cartaz; "As peças que acompanham a História". A peça já é conhecida. Se ele a acompanha, à História? Tenho sérias dúvidas. Quanto a que contributos deu, dará ou tira a essa "História", isso, um dia, ainda será objecto de tese. 

 

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Política de Mentira

João Villalobos, 09.03.18

Título da Newsletter do PSD emitida no dia 8 de Março de 2018:

Reunião com o Grupo Parlamentar: Rui Rio conta com os 89 deputados

Texto da 'notícia' associado ao referido título; "Continuo a contar com os 89 deputados, esclareceu Rui Rio à saída da reunião com o Grupo Parlamentar do PSD. Em declarações aos jornalistas, nesta quinta-feira, salientou que não demorará que estejam todos “completamente alinhados”. #AmericaFirst #PrimeiroPortugal. 

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Angola; Ralações e Relações

João Villalobos, 03.03.18

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Angola é o grande tema em comum nos jornais deste sábado. Temos Álvaro Sobrinho no Expresso com os desvios de centenas de milhões do BES em Angola e os problemas nas Ilhas Maurícias (manchete no 1º Caderno e uma biografia na revista E), a fortuna de 420 milhões em Portugal do General 'Kopelipa' como principal título do Correio da Manhã e os desenvolvimentos positivos - no âmbito do Processo Fizz - para a defesa de Manuel Vicente na capa do semanário SOL. Tudo isto, como também noticia o Expresso, quase na véspera da cimeira “Portugal/Angola — Uma aposta de futuro”, organizada pela Câmara de Comércio Portugal-Angola mas com os presidentes e governos dos dois países nos bastidores, numa manobra de diplomacia económica agendada para dia 27, em Lisboa. Marcelo será, aliás, o autor do discurso de encerramento.

 

(Imagem retirada do SOL, crónica de Ana Sá Lopes; 'Angola-Portugal. E se a ameaça de corte de relações se concretizar mesmo?')

A sorte protege os que a gente sabe

João Villalobos, 19.02.18

Se todas estas pessoas que se chegaram à frente quisessem mesmo contribuir para o PSD, não se anunciariam como "soldados do Rui Rio" e sim como sargentos ou furriéis. Esses é dão o corpo (e a mente) ao manifesto. Já eu, que visitei e comi em várias messes, não daria um passo em frente por menos do que Alferes. São opções.

 

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É o que me apraz dizer

João Villalobos, 10.02.18

Há coisas muito sérias a acontecer no mundo. Por exemplo e  a despropósito deste post da Patrícia Reis e de acordo com esta notícia, "O corpo de um homem foi encontrado em Hamburgo coberto de queijo e vestido com uma série de collants, um fato de mergulho e uma gabardina. O homem estava em frente a um aquecedor: quereria que o queijo derretesse no seu corpo enquanto tentava chegar ao orgasmo".
Vestir, em simultâneo, e nestas circunstâncias, um fato de mergulho e uma gabardina, é estar mesmo a pedi-las. 

Em verdade vos digo

João Villalobos, 29.01.18

Esta é uma posição politicamente legítima. Qualquer pessoa é inocente até provado o contrário em julgamento. Poderia ter sido tomada antes de uma série de membros do Governo serem obrigados a sair, lá isso podia. Não o foi. Há pelos vistos governantes de primeira e governantes de segunda. Ou alguns que contam com "toda a confiança" do PM e outros que não. Ou então mais vale mudar a postura discursiva, antes que este Governo atinja números nunca vistos de demissionários por razões processuais. Desde que as agências de rating se estejam nas tintas, eu também estou. As verdades são para serem ditas.

Relato de um jantar imperialista em modo autista

João Villalobos, 26.01.18

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Fui injustamente nomeado relator do jantar do Delito, que ainda decorre no Café Império, nesta altura em que escrevo do meu leito, qual Mark Twain. A minha saída logo após a sobremesa deveu-se ao facto de estar afónico, por um lado, e ao Alexandre Guerra ter pronunciado a frase "Houve uma coisa que há alguns anos ouvi o Pacheco Pereira dizer e tinha razão...", por outro. Nessa altura a mão tremeu-me, a mim que juro pela saúde do meu gato Beltrão que só bebi água o jantar inteiro. Falava-se de cultura, embora sem uma única menção à Supernanny. Temi ter dado um passo errado na carreira blogosférica ao imiscuir-me neste grupo de convivas.

Estavam onze homens e quatro mulheres, numa perigosa ameaça à paridade nos tempos que correm e entre as quatro constava a Ana Vidal, que levou um exemplar do seu mais recente livro, o qual se encontra à venda nas melhores livrarias (comprem-no!). Também se falou muito do livro do próprio Delito, que ainda não está à venda em livraria alguma (mas irá estar, depois de o comprarem também em modo crowdfunding). Consegui, a custo, perceber que terá um prefaciador e um pósfaciador e pouco mais, uma vez que o Luís Naves ao meu lado não parava de gritar que ele é que era o chefe da oposição neste blogue e iria tomar e assumir o poder, numa deriva alucinada em que incorporava o General Alcazar do Tintim em 'O Ídolo Roubado', enquanto o Alexandre Guerra e o José Navarro discutiam os limites da crítica literária nos jornais que nem um par de perigosos intelectuais bolcheviques.

Nessa altura, o Luís Menezes Leitão já tinha bazado para apanhar o seu avião até à Índia, mas não sem antes discutirmos o inevitável tema do alojamento local, contando com a participação bem informada do Adolfo que tentava debalde convencer-nos de que não escreve mais aqui porque não tem tempo.

Do outro lado da mesa, passaram-se igualmente diversas coisas dignas de menção e apreço mas que ignoro de todo, dado que, além de afónico, como nunca fui picado por uma aranha radioactiva não ouvi pevide.

O bife do lombo à Império estava tão macio quanto as minhas cordas vocais enervadas. As batatas deviam ser melhores. Os anónimos comentadores deste blogue idem. Bem feita não terem ido ao jantar, é para aprenderem. Se comprarem o livro do Delito...quem sabe, um dia...coiso e tal. 

Verdadeira homenajem a um pulitico estraordiriamente honesto

João Villalobos, 26.01.18

 

Amanhã, membros da Nova Ordem Social homenageiam António de Oliveira Salazar. Bandeiras e tochas desfilarão até à campa do senhor e o hino nacional será cantado porque, como eles próprios afirmam, nacionalistas sem o hino nacional não faria sentido algum. Aqui vos deixo uma amostra dos comentários na página de facebook da N.O.S., compilada para divertimento de uns e preocupação de outros:

 

"Sou criticado aqui na minha zona por apoiar o tempo do Estado Novo e gostar do Dr. Oliveira Salazar . Mas nas minhas ideias e no meu corpo ninguém manda e agora até deixei o Bigode à Hitler . VIVA Salazar"

 

"Não gosto que tragam o Hitler á baila. Esse era um ser humano desprezível por favor. Se quer ter bigodinho a Hitler vai parecer um palhaço."

 

"Não quero entrar em pormenores com o senhor (...) mas tenho uma resposta . Gosto de andar como eu quero isto é andar vestido ou manivestar- me à minha maneira sempre fui Patriótica e continuarei a ser. De andar com o Bigode à Hitler claro que nada tem de mal . . Hitler e Dr. Oliveira Salazar eram Patriotas . Enquanto que todos mas todos os nossos politicos governantes são uns corruptos e traidores à Pátria tenho dito"

 

"Afinal Salazar não foi ditador mas um dos melhores economistas português onde viveu com Hitler guerra colonial e nossos economias transformou em barras de ouros e um Estado forte ! Hoje estes que se dizem democratas rebentaram com tudo !"

 

"Uma coisa é certa já faltou mais para aparecer um novo Salazar"

 

"Nao posso mas apoio esta verdadeira homenajem pois um pulitico estraordiriamente honesto nao como estes puliticos de agora. pois aquele ou aquela que aperecesse com riqueza. extra ia de imediato saber de honde vinha e nos povo deixavamos a porta da casa aberta e ninguem tirava nada havia respeito aonde esta hoje esse respeito preferia esse. tempo que o de agora. LADROES"

Blogue da Semana

João Villalobos, 21.01.18

Quase de certeza já aqui foi alvo de escolha, mas a repetição justifica-se; Na passada segunda-feira, o Mesa Marcada voltou a atribuir os seus prémios anuais para ‘Os 10 restaurantes e os 10 chefes preferidos’ e o espaço que antes era o 'Alcântara Café' e agora ignoro como se chama esteve a abarrotar de convidados, tão cheio tão cheio quanto eu fiquei, depois de me alambazar com as travessas de hors d'oeuvre a cargo do catering da Penha Longa. (Sim, esta escolha é fruto de um suborno involuntário com cilindros de Thunnus envoltos em alga e mais cenas que desconheço mas que explodiam nas papilas gustativas como granadas defensivas).  

O Duarte Calvão e o Miguel Pires são a dupla dinâmica do Mesa Marcada e não têm pejo nenhum em chocar os puristas quando necessário, algo que se pode comprovar pela leitura deste mais recente post, escrito a propósito da morte do celebérrimo chefe Paul Bocuse. Ide ler. E boa digestão.

Onde param os queques?

João Villalobos, 20.01.18

 

Como parece que tirando o Pedro Correia ninguém aqui trabalha ao sábado - e não acredito que seja por razões religiosas - venho aqui dar prova de vida e falar de um assunto que interessa a poucos; Caminha para extinção o termo "queque", fagocitado que foi pelo "beto". Ora sucede que, como Miguel Esteves Cardoso há algum tempo demonstrou q.e.d., há entre o queque e o beto uma diferença, se não abissal, pelo menos fundamental do ponto de vista não apenas comportamental mas quiçá mesmo epistemológico. Parece-me muito mal que a distinção se esbata, que digo eu, se desvaneça por completo. Vamos lá a recuperá-la. Quem for queque escreve nos comentários uma frase que o demonstre e quem for beto basta escrever "você não seja parvo" e para mim servirá perfeitamente. Quanto aos fidalgos, também referenciados no texto do MEC, peçam ao criado que escreva qualquer coisa se quiserem mas não sois vós que me preocupais. Porfiai. 

 

P.S. Com uma piscadela à esquerda mas apenas para garantir mais visitas, cliques, comentários e o que for, fica também aqui a referência a um post relacionado escrito pelo Renato Teixeira no Cinco Dias em 2009, para leitura pelos menos avisados.

Tempos interessantes

João Villalobos, 08.01.18

Uma pessoa acorda, lê as notícias e isto parece um país de avariados da pinha. O mesmo governante que trata de equilibrar as contas da Nação é acusado de trocar favores para o filho por bilhetes para o futebol, um candidato à presidência do PSD diz que viabilizaria um governo minoritário do PS, um antigo primeiro-ministro afirma num interrogatório em que é acusado de receber milhões que sempre viveu com dificuldades financeiras, o SNS proíbe croquetes mas acumula doentes em macas pelos corredores, o Fundo de Resolução dá como perdidos 4,9 mil milhões injectados no Novo Banco em 2014, o Primeiro-Ministro diz que a EDP é "hostil" e a antiga ministra da Administração Interna diz que Portugal é um "país de treinadores de bancada", sendo que poderia continuar por aqui fora. Noutra vida fui jornalista e acredito que sejam tempos interessantes para quem exerce a profissão, mas caramba. Ou então, e recordando Astérix, já não são os romanos que são doidos, somos nós.