Livros de cabeceira (15) - série II
Leio não menos, mas leio menos livros, agora. Talvez volte a ler como há uns anos, veremos. De momento, ler é sobretudo não ignorar artigos conexos com o que faço, estudar o que os alunos escrevem, e acompanhar sempre que possível - ainda em papel - alguma imprensa. Estou menos permeável à ficção, não por saturação, sim por falta de vagar. Um vagar que, no meu caso, exige disponibilidade para mergulhar de cabeça numa história, como deve ser.
Assim, à minha beira tenho uma releitura, três livros de educação histórica, um livro de contos em reedição e um primeiro romance.
A releitura é uma obra de Luís Carmelo, A Expressão na Rede. Regressei a ela porque já há distância. Já é possível tentar perceber se aquilo que há uma década caracterizava "o tom dos blogues", em senso geral, persiste ou mudou. Tendo a achar que mudou.
Russel Tarr, Kate Jones e Chris Runeckles são professores. Têm idades e contextos de trabalho bastante diferentes entre si, mas em comum o facto de serem, há vários anos, generosos no seu contributo para a discussão e implementação de boas práticas educativas bem para lá da sua escola e colegas de departamento. Existe no Reino Unido uma dinâmica de reflexão pública de várias décadas sobre ensino/aprendizagem, e esta ancora-se agora nos novos media, com consequência na edição de livros valiosos para qualquer profissional que queira continuar a melhorar no seu ofício. Continuo a querer.
O primeiro romance de Bruno Vieira Amaral, As Primeiras Coisas, vai já algumas páginas adentro. Comecei há uns anos por Hoje Estarás Comigo no Paraíso, depois segui pela biografia de Cardoso Pires, daí a curiosidade por esta primeira obra. Aprecio bastante o seu modo de contar, desprovido de artimanhas.
O telefone não está ali por acaso: muitas vezes, antes de me deitar, leio em ponto luminoso e pequeno os Red Hand Files, de Nick Cave. Com espanto e proveito, sempre. Como neste último file, escrito há dias numa varanda soalheira em Lisboa.
João Guimarães Rosa, nas suas Primeiras Estórias, está por descobrir. Venha esta próxima leitura.