Urro racista agora é «cântico»
É sempre assim: alguém desprovido de neurónios escreve um vocábulo sem lhe conhecer o significado e logo vai tudo atrás, reproduzindo o dislate. Quando o erro se torna norma, imprime-se o erro.
Eis mais um exemplo: o substantivo masculino cântico significa «ode religiosa cantada nas igrejas» em honra e louvor de uma divindade ou - fora do original contexto bíblico - «poema ou hino» entoado com o propósito de louvar, adorar, algo ou alguém. Qualque banal dicionário o confirma.
Mas os imbecis adoram exibir ignorância. Daí confundirem sem sobressaltos de consciência cântico com qualquer ruído grupal zurrado em estádios de futebol. Como ainda ontem ocorreu durante o jogo V. Guimarães-FC Porto: a imitação de sons de chimpanzé, em declarada provocação racista a um jogador da equipa visitante, não tardou a ser elevada à condição de «cântico» por vários escribas de turno.
Incapazes de dominar o suposto idioma materno. Incapazes, portanto, de perceber que ao equipararem aqueles urros a odes poéticas ou hinos religiosos estão afinal a branquear o racismo.
Haverá ainda alguém lá nas redacções onde juntam palavras capaz de lhes explicar isto?
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Alguns exemplos:
RTP: Marega abandona jogo após cânticos racistas em Guimarães
TSF: Marega critica árbitros por cartão amarelo após cânticos racistas
Notícias ao Minuto: Marega abandona o relvado do Vitória SC por culpa de cânticos racistas
DN Madeira: Marega (ex-Marítimo) foi substituído por alegados cânticos racistas dos adeptos do Guimarães
Negócios: Marega critica árbitros por cartão amarelo após cânticos racistas
Esquerda: Marega, jogador do Porto abandonou o campo por ser vítima de cânticos racistas