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Delito de Opinião

Upskirting

Cristina Torrão, 14.11.19

Upskirting.jpg

Imagem daqui

Os telemóveis transformaram o acto de fotografar, outrora reservado para ocasiões especiais, num gesto banalíssimo. E também iniciaram modas, como a das “selfies”, que enervam muita gente. Comparado, porém, com outras práticas fotográficas, a do auto-retrato é inofensiva. Venho hoje falar do upskirting: fotografar por baixo da saia, ou do vestido, de uma mulher, a maior parte das vezes, sem que esta o note. A maioria das vítimas são jovens, algumas ainda menores.

Duas jovens alemãs, vítimas de upskirting (uma delas tinha apenas treze anos, quando assim foi fotografada pela primeira vez), iniciaram, há meses, uma campanha, acompanhada de petição, com o objectivo de criminalizar esta prática. Não sendo o upskirting considerado assédio sexual, já que não há qualquer contacto físico, não é crime e as suas vítimas nem sequer podem apresentar queixa à polícia. É assim visto com condescendência por muita gente, como outras práticas que, alegadamente, apenas servem para que os rapazes se divirtam. Um argumento muito usado pelos defensores do upskirting é: «não queres ser fotografada por baixo da saia? Veste calças!» Machismo? Que ideia! As duas activistas é que são umas feministas radicais, que querem impor mais censuras aos coitados dos homens, que, qualquer dia, nem sequer podem olhar para uma mulher, blá, blá, blá…

Na verdade, além de representar uma violação não consentida da intimidade, o upskirting está longe de ser um mero divertimento. As fotografias são partilhadas em chats e, muitas vezes, comercializadas e/ou publicadas em sites pornográficos. Tudo isto sem o consentimento das visadas que, muitas vezes, ignoram a existência das imagens. Noutros casos, porém, as vítimas são identificáveis, o que em nada diminui a sua gravidade.

As duas jovens activistas estão de parabéns. Ontem, o governo alemão decidiu criminalizar a prática do upskirting (incluindo fotografias tiradas a decotes, sem o consentimento da visada) com penas que vão da multa a dois anos de prisão, à semelhança do que já tinham feito outros países como a Finlândia, a Austrália e a Grã-Bretanha.

Além do upskirting, foi criminalizado, com penas semelhantes, o péssimo hábito de fotografar vítimas, mortais ou não, de acidentes de viação.

8 comentários

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    Cristina Torrão 14.11.2019

    Não é olhar de forma gulosa que está aqui em causa.

    Mais "tapadas"? Bem, há as burkas e as saias até aos pés. Queria ver um homem a fotografar as cuecas de uma mulher assim vestida, sem ela notar... Conclusão: adoptar os hábitos muçulmanos é a melhor solução.

    As mulheres gostam de mostrar os seus atributos, sim, mas não gostam que os homens façam algo que elas não desejam, ou que devassem a sua privacidade. Uma regra básica que todos os homens deviam aprender de vez!
    É assim tão difícil?
    É tão difícil de perceber que uma mulher goste de agradar, mas que só permite certas coisas, com quem quer e quando quer?
    É tão difícil de perceber que uma mulher que ande de mini-saia e decote não pretenda oferecer-se a qualquer um?

    Metam lá isso na cabeça!

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    Teresa Ribeiro 14.11.2019

    Pelos vistos é muito difícil, Cristina. As descendentes de Eva, a maléfica, é que têm a culpa de todo o mal que inspiram nos homens. Porque os atiçam e depois eles, coitados, não se conseguem controlar. No fundo é isto. Sempre :(
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    Cristina Torrão 15.11.2019

    De facto, Teresa, até agora tem sido o contrário do que o Lavoura diz: os homens têm 100% de liberdade, as mulheres 100% de responsabilidade.
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    Joca 15.11.2019

    "homens têm 100% de liberdade, as mulheres 100% de responsabilidade."
    Sobretudo na guerra.
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    Cristina Torrão 15.11.2019

    Referia-me à vida social, entre homens e mulheres.
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    Joca 16.11.2019

    "Referia-me à vida social"
    Eu referia-me à vida.
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    Cristina Torrão 17.11.2019

    A guerra está longe de poupar as mulheres.
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