Uma questão sobre Moçambique
jpt, 28.11.24
"Homem forte de corange eestá preceguido com os inimigos" (Mitande, Mandimba, Niassa, 2002).
Esta frase, tão denotativa de uma mundividência, é por demais rica, polissémica, para ser manipulada para uma só situação. Mas ainda assim uso-a para a dedicar aos compatriotas do seu autor que clamam "este país é nosso!" e não de uma "mamã" ou de uns "papás". No fundo, apenas gente republicana, irada face a uma nobreza anquilosada.
Quanto a nós, cá de longe, não nos devemos imiscuir? Talvez sim, talvez não. Mas quando vemos, como hoje se viu com abundância, as forças militares e paramilitares a terem acções violentíssimas contra população desarmada, há algo que podemos - e devemos - perguntar.
Devemos perguntar isso ao presidente do Instituto Camões (o antigo Instituto da Cooperação), ao secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, aos ministros dos Negócios Estrangeiros, da Administração Interna e da Defesa (as tutela envolvidas), ao primeiro-ministro e até ao presidente da República.
Há um "Programa Estratégico de Cooperação Portugal-Moçambique 2022-2026" (google-se...). Nele, na sequência do que acontece há já décadas, consta um forte vector de "cooperação" incidindo na formação do oficialato policial e militar moçambicano.
Assim sendo, não têm estes nossos eleitos, nossos servidores, algo para nos dizer? Algum rescaldo do que vem sendo feito, algo sobre os frutos deste trabalho do Estado português?
Ou não temos nada a ver com isso, é assunto reservado aos dos gabinetes?