Uma questão de amor
Helena Sacadura Cabral, 20.11.15
Não serei muito ortodoxa nas questões de natureza familiar. Chamo de família a uma multiplicidade de formas de vida que não assentam no tripé pai, mãe, filhos. Sempre assumi essa posição e ainda há bem poucos dias escrevi para a EGOISTA um artigo sobre o assunto.
Hoje foi aprovada na Assembleia da Republica a adopção de crianças por parte de casais do mesmo sexo. Ela já era possível para apenas um dos membros do casal, o que constituia algo de manifestamente estranho.
Se vivemos num país em que o casamento de pessoas do mesmo sexo é permitido, julgo que será muito mais importante do ponto de vista afectivo que uma criança possa estar rodeada do amor de dois pais ou de duas mães, do que viver institucionalizada sem o amor de ninguém.
Sei que esta posição não é politicamente correcta. Sei, também, que essas crianças irão, eventualmente, afrontar a maldade e a discriminação de outras crianças e, até, dos seus pais. Mas prefiro tudo isso - que um dia elas irão compreender - a uma criança reduzida a um número da Segurança Social a viver num orfanato, ou o que lhe queiram chamar, sem um beijo, um abraço, um colo que a ajudem a sentir-se amada!
Por isto tudo, posso perceber que muita gente que eu conheço possa estar muito feliz, não ignorando que muitos outros se possam sentir indignados. É a vida!