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Delito de Opinião

Uma coutada do "macho ibérico"

Pedro Correia, 20.06.18

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Curioso: em todos os órgãos de informação deparamos diariamente com copiosas e exaustivas prelecções sobre a necessidade de estabelecer mecanismos de paridade que assegurem o aumento da participação feminina na sociedade portuguesa, mas são raríssimos os media que asseguram essa participação dentro de portas.

Eis um caso evidente daquele velho princípio do São Tomás: faz o que ele diz, não faças o que ele faz.

 

Comecemos pelas televisões. Todas dirigidas por homens.

Ricardo Costa, na SIC. Sérgio Figueiredo, na TVI. Paulo Dentinho, na RTP. Octávio Ribeiro, na CMTV.

 

Nos jornais diários, vemos o mesmo Octávio Ribeiro à frente do Correio da ManhãFerreira Fernandes recém-nomeado director do Diário de NotíciasDavid Dinis encabeçando o Público,  Afonso Camões na liderança do Jornal de NotíciasMário Ramires dirigindo o i, André Veríssimo conduzindo o Jornal de Negócios.

Nos desportivos, Vítor Serpa dirige A Bola; António Magalhães, o Record; José Manuel Ribeiro, O Jogo.

Homens, apenas homens.

 

Tal como na agência Lusa, dirigida por Pedro Camacho.

 

Domínio absoluto masculino igualmente ao nível dos jornais digitais.

José Manuel Fernandes dirige o ObservadorAntónio Costa lidera o Eco, Mário Rodrigues está à frente do Notícias ao Minuto.

 

E nos semanários?

Pedro Santos Guerreiro dirige o ExpressoMário Ramires dirige o SolEduardo Dâmaso dirige a SábadoFilipe Alves dirige o Jornal EconómicoJoão Peixoto de Sousa dirige a Vida Económica.

Mas aqui encontramos a primeira excepção feminina num reduto quase apenas reservado a homens: Mafalda Anjos, directora da revista Visão.

 

Finalmente, as rádios de expansão nacional.

Quem lidera a informação radiofónica? João Paulo Baltazar na Antena 1, Arsénio Reis na TSF, Graça Franco na Rádio Renascença.

A emissora católica é assim a segunda - e última - excepção ao domínio quase absoluto do "macho ibérico" no jornalismo português.

Em 26 títulos, 24 são dirigidos por homens. Noventa e dois por cento.

 

Mas tenho a certeza de que continuaremos a ler, ver e ouvir excelentes peças em todos estes órgãos de informação denunciando inadmissíveis "discriminações de género" na sociedade portuguesa.

4 comentários

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    Sarin 20.06.2018

    Concordo que paridade nada tem com competência.

    Mas, depois de muito ler, ver e sentir, descobri que se não for pela paridade a muitas mulheres nunca será dada a hipótese de brilhar - por misoginia de alguns, mas por questões práticas da maioria: a maternidade. A sociedade ainda não conseguiu encontrar a fórmula que permita generalizar o sucesso em ambos os campos.
  • Há uns anos a esta parte, era bem capaz de concordar com a Sarin. Presentemente não é assim. Trabalho com cerca de 200 funcionários, 60% deles são homens.
    Neste momento estão cerca de 10 homens com " baixa de parto" ( licença de paternidade, claro), pelo que penso que a meternidade como impedimento para a progressão na carreira nos dias de hoje é quase um não-assunto.
  • Sem imagem de perfil

    Luís Lavoura 20.06.2018

    A maternidade não é só o parto, longe disso. São as doenças dos filhos que exigem que se falte ao trabalho, é o acompanhamento deles na escola, etc. 1001 coisas que retiram a uma pessoa a disponibilidade para o trabalho. E que recaem quase sempre maioritariamente nas mães.
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