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Delito de Opinião

Uma certa morbidez

Helena Sacadura Cabral, 20.08.14
Uma malfadada intoxicação alimentar - gosto de comer e julgo, sempre, que nada me faz mal - atirou-me para chá e torradas em frente a um telejornal que eu já deveria saber, por experiência, que só agrava ou mesmo provoca qualquer mal incipiente que possamos ter. Foi o caso.
Durante dois terços do jornal de um dos canais noticiosos, assisti a todo o tipo de desgraças: um jornalista americano degolado, um homem que queimara com água fervente a filha bébé porque ela não parava de chorar, um incêndio que matara pai e filho, que já se encontravam litigados em tribunal, a guerra na Crimeia e na Síria, os bombardeamentos na faixa de Gaza, a eventualidade do Papa Francisco abdicar, enfim, até a venda do Hospital da Luz a um grupo mexicano. 
Pergunto: teremos todos de saber, ao pormenor - com fotos dramáticas -, estas notícias? Não chegará, já, a carga dos problemas nacionais para acinzentarem a nossa vida? Não haverá um editor que saiba distinguir o trigo do joio, o essencial do acessório?
Todo este apelo à violência não gerará mais violência?! Não haverá estatutos editoriais que ponham um limite a esta exploração do miserabilismo?
Só posso dizer que estamos a caminhar para uma sociedade cada vez mais alucinada e mais mórbida e que uma certa comunicação social tem grande responsabilidade nisso!

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