Uma boa notícia para a Europa
Foto Carol McCabe/Daily Telegraph
Os escoceses demonstraram a sua opinião sobre a fragmentação do Reino Unido, rejeitando-a num referendo em que participaram 84,5% dos cidadãos recenseados. Fizeram-no com indiscutível maturidade democrática. O Partido Nacional, embora derrotado nas urnas, obtém no entanto mais autonomia para a Escócia, o que é positivo e adequado à realidade.
Este processo -- como já tinha sublinhado aqui -- decorreu sem rupturas constitucionais, o que merece ser enaltecido. Todas as forças políticas conservam vias de diálogo e margem de progressão para fazer evoluir as suas teses. Porque um dos aspectos positivos nesta vitória do não é a possibilidade de fazer novos referendos. A vitória do sim seria sempre de sentido único: nunca mais haveria referendo algum.
Os nacionalismos que já ferviam de júbilo perante um possível triunfo das teses independentistas na Escócia vão arrefecer ligeiramente. E, de caminho, os seus arautos devem meditar nos motivos que levaram uma clara maioria dos eleitores a optar pelo não. Aliás valeria a pena fazer tal reflexão mesmo que o sim vencesse por curta margem.
Uma declaração de independência só faz sentido se estiver apoiada na vontade largamente maioritária do povo -- como sucedeu em Timor-Leste, por exemplo, no referendo de 1999. Num mundo globalizado, nenhum país é totalmente independente -- salvo, talvez, a Coreia do Norte. Em termos políticos, ou a independência é um projecto realmente colectivo -- disposto a enfrentar todos os riscos -- ou não é nada. Dite a aritmética das urnas o que ditar.


