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Delito de Opinião

Um retrato do País oficial

Pedro Correia, 02.10.21

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O ministro da Defesa desautoriza o Presidente da República, anunciando a intenção de exonerar o chefe do Estado Maior da Armada, à revelia de Belém, o que mereceu pronta reacção de repúdio da parte de Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto comandante supremo da instituição militar.

ministro das Infraestruturas desafia a autoridade do titular das Finanças, seu colega no Conselho de Ministros, com críticas destemperadas.

Demite-se o director financeiro da TAP após escassos três meses em funções.

Demite-se o director clínico do Hospital de Setúbal em protesto contra a situação de rotura nas urgências. 

Um banqueiro condenado a dez anos de pena de prisão já sem recurso - por crimes de fraude fiscal qualificada, abuso de confiança e branqueamento de capitais - foge para o estrangeiro, perante a passividade da juíza titular do processo. Enquanto a inócua ministra da Justiça, fiel à sua imagem de marca, fala em «desconforto» .

Três magistradas, alegando pretextos vários, recusam julgar um perigoso gangue denominado Hells Angels.

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras reteve mais de 3 milhões e meio de euros de fundos comunitários para acolher refugiados em Portugal, entre Janeiro e Setembro.

O Governo que tanto apregoa a «transição digital» remete o País para a cauda dos Estados comunitários em redes móveis de quinta geração: na União Europeia, só Portugal e Lituânia ainda não dispõem de serviços comerciais 5G. O ministro da Economia limita-se a exprimir «preocupação», como faria qualquer de nós.

Cento e cinco dias depois, continuamos sem saber a que velocidade seguia a viatura do ministro da Administração Interna que atropelou mortalmente o trabalhador Nuno Santos na A6, perto de Évora.

 

Eis, em poucas linhas, um retrato do País oficial.

Nada lisonjeiro. Mesmo nada.

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