Um bem precioso mas muito frágil
Devemos ter sempre a noção muito clara de que a democracia é um bem precioso mas extremamente frágil. Há quem se aproveite dela para tentar exterminá-la, menosprezando o princípio liberal do Estado de Direito com todas as garantias que lhe são associadas. O populismo, a demagogia, os nacionalismos, a xenofobia ou o radicalismo identitário são instrumentos políticos de que se usa e abusa - à esquerda e à direita - para estrangular a democracia.
Não devemos perder de vista as lições da História. Em 1900, na chegada ao século XX, muitos pensadores e um número incontável de políticos embriagados de "optimismo" e "modernidade" vaticinaram um mundo de imparável progresso. Ninguém imaginava a partida que esse seria o século dos maiores morticínios e das mais tenebrosas ditaduras. Ninguém supunha que nesse século então emergente seria inventada a mais terrível das palavras: totalitarismo.
Nada tão ilusório como o optimismo antropológico, nada mais enganador do que a noção de que existe necessariamente um "final feliz" e redentor na sucessão dos ciclos históricos. Patranhas destinadas a iludir incautos, hoje como ontem.