Curiosamente nunca tive necessidade de deus. Quer dizer, talvez a partir dos meus 13 anos deixei de a ter. Apenas por uma singela razão e não por causa de mortais e esquisitos pensamentos. E essa razão resumia-se ao seu Silêncio. Cruel, sacana.
A partir daí andei para a frente sem necessidade de um deus que me aparasse os golpes. A vida comecei a vê-la como ela é*(1). E as religiões como rebuçados que adoçam a vida amarga*(2). Umas inventadas, outras não, as vidas e as misérias. A maioria das religiões são semelhantes a contratos comerciais, em que o patrão promete ao empregado, sob coacção, que caso o trabalho seja bem feito terá um aumento, um benefício, no final do turno. Caso "não entregue" espera-o a tortura eterna.
Já li a Bíblia, a traduzida por Frederico Lourenço, e não as traduzidas por escolásticos ou outros sócios gerentes. É hedionda, cruel. deus Pai, manda matar crianças, mulheres inocentes, e por fim o seu filho (um Essénio alucinado). Manda arrasar comunidades inteiras, em seu nome e no nome do seu amor . São cometidos assassínios em massa sobre populações cujo único "pecado" era terem outros deuses, que não esse, de múltiplas personalidades, ora chamado Jave, El, Elohim, ou Jeová (estranho como numa religião monoteísta deus mude de nome tantas vezes. Quem sabe se com o propósito de esconder o que mandou fazer) E até chega a apostar com Satanás, por capricho, e nada mais, a vida de um fiel devoto, matando-lhe mulher e filhos. Porventura por causa disso, durante centenas de anos a Bíblia foi obra proibida. Não por causa de um conhecimento potente que permitisse ligação directa ao grande Arquitecto. Mas com a intenção de se esconderem todas as loucas maldades que por lá se lêem.
Não necessito de deus para encontrar o caminho ou levantar-me do chão. Basta-me uns poucos amigos, mortais e não imaginários, a minha família, um passeio pelas montanhas, uma contemplação do firmamento, uma música, um silêncio. Perante a Maldade, gratuita, do mundo, o sadismo, a saldo, do Homem, são-me esquisitas, deixam-me reticente os devotos de um deus que sendo omnisciente, omnipotente, omnipresente nunca se mostra, nunca se queixa, deixa andar. Deus morreu. Deus fede.
*(1)
https://youtu.be/vqTJMOqn5LU*(2)
Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Tem razão em muito do que diz, caro Vorph.
Eu também não simpatizo com o Velho Testamento. E tenho sérios problemas em acreditar num Deus como o descrito na Bíblia. Mas acredito na força que guiou Jesus. Não sei de onde vem, mas acredito nela.
Também quero ler a Bíblia traduzida por Frederico Lourenço. Tinha planeado comprar o Novo Testamento agora em Abril, quando devia estar em Portugal...
"Não sei de onde vem, mas acredito nela."
E se vier de si? Do que viu, sentiu, ouviu, aprendeu, leu. Dos que amou, dos que a amaram, dos que não amou , dos que a a não amaram?
O problema é que não podemos apagar o Antigo Testamento. Ele existe, foi escrito, ditado por deus e é por isso que é lido na Missa (algumas partes, apenas, que escondam outras, essas, para serem usadas em ocasiões onde o ódio traz proveitos)
«E se vier de si?»
Talvez...
É sempre interessante lê-lo, Vorph.


Obrigado
De Anónimo a 26.04.2020 às 18:16
Sobre este tema, nunca mais esqueci o magnífico livro "O Mal no Pensamento Moderno" de Susan Neiman, que no seu capítulo "O grande Arquitecto" apresenta três proposições mutuamente incompatíveis:
1. O mal existe.
2. Deus é omnipotente.
3. Deus é benevolente.
Uma delas tem forçosamente que cair. Será a primeira? Não me parece.
Penso que o mal, como entidade independente de nós, não existe. Existem acções más, pensamentos maus. Se não existirem pessoas, não existe mal.
Deus é benevolente, mas não sei se é omnipotente. Ele não impede que uma pessoa faça o mal, porque não está em condições de a impedir. Como também não pode impedir catástrofes naturais. Ele só pode agir através de uma pessoa que o sinta no seu interior.
É isto prova de que Deus não existe? Talvez. Não lhe sei dizer.
De Joca a 26.04.2020 às 20:16
"Penso que o mal, como entidade independente de nós, não existe."
Que bom pensar (acreditar) assim!
De sampy a 27.04.2020 às 11:32
Eis um pensamento terrível e extremamente perigoso. Considerar que o ser humano é a fonte do mal, que o mal é elemento constituinte e inseparável do ser humano, significa que a nossa redenção é uma impossibilidade.
Levado às suas últimas consequências, tal implica considerar que a erradicação do mal exige o extermínio do ser humano. Soa familiar?
O mal é um conceito humano - é diferente de "o ser humano é a fonte do mal". Sendo um conceito, o mal não existe por si só, nós é que definimos certas acções como sendo más. Costuma dizer-se que a natureza é cruel, mas não é, porque a crueldade existe apenas na nossa cabeça. Criámos conceitos como "mal" e "crueldade", o que acho muito bem, porque atingimos um nível de pensamento sofisticado e tornou-se necessário regular o nosso comportamento.
Normalmente, os outros animais só exercem o "mal" e a "crueldade" por necessidade. A nossa sofisticação levou-nos a exercer o mal pelo mal, a crueldade pela crueldade. Mas não é preciso exterminar o ser humano para erradicar o mal. Nós somos maus por defeitos de educação (quer por imitação do mal que vemos os outros exercer, quer por situações e circunstâncias mal resolvidas - a agressividade recalcada, por exemplo; ou ter sido vítima de injustiças e violências). É verdade que a tendência para fazer o mal é inata, pois a nossa origem é igual à dos outros animais. Porém, é possível educar, orientando a mente da criança para praticar o bem. O problema é que pouca gente sabe como o fazer...
De sampy a 27.04.2020 às 21:11
"O mal é um conceito humano".
Deus é um conceito humano. O amor é um conceito humano. As estrelas são um conceito humano. Está a querer dizer que nada disto existe por si só? Que não são realidades objectivas, existentes de forma externa ao ser humano?
Estamos de acordo que há uma dimensão subjectiva do tema. Mas reduzi-lo ao subjectivo (ou ao subjectivo humano) é um erro.
(Sabendo que há grandes diferenças na forma como as filosofias e as religiões abordam esta magna questão.)
Imaginemos um cão afectado por um cancro ósseo. Ou um gato que morre sufocado depois de se ter enfiado num buraco donde não consegue sair. É um mal?
Nenhuma das situações foi originada pelo ser humano. Não é então um mal?
O mal existe apenas na nossa cabeça, como conceito. Se ninguém tiver consciência da existência dos dois bichanos, nada de mal lhes aconteceu?
Fora do ser humano não há mal nem há bem. Se o cão sofre de cancro, pois que sofra. Se o gato morreu, morto está. É o acaso. É o destino. São as leis da natureza, é a ordem do universo. Acata, respeita. Sobretudo, não intervenhas.
Quanto à interpretação de que a prática do mal no ser humano é inata e de que a prática do bem é aprendizagem, vou passar à frente, que isso daria para um tratado.
Caro sampy, tudo isto dava um tratado filosófico, e, em casos desses, é difícil chegar a um acordo. Mas vou explanar o meu ponto de vista, pois entendeu-me mal em alguns aspectos.
Deus, amor, estrelas - realidades objectivas
Deus e amor não são com certeza realidades objectivas. Deus não é uma realidade palpável, nem se pode provar que exista; já quanto ao amor, apesar de também não ser palpável, posso provar que amo alguém; as estrelas sim, são uma realidade objectiva, matéria e energia susceptíveis de serem descritas em fórmulas químicas. Por isso, é muito difícil de dizer se Deus e o amor existem só por si, de forma externa ao ser humano. Quanto às estrelas, sim, elas já existiam há biliões de anos, antes de surgirmos, mesmo antes de ter surgido o planeta Terra. E, depois da nossa extinção, elas existirão ainda durante biliões de anos.
«São as leis da natureza, é a ordem do universo. Acata, respeita. Sobretudo, não intervenhas» - estou longe de pensar assim. Afinal, sou humana! E, sendo humana, possuo moral e ética. Como eu disse no meu comentário anterior, os humanos desenvolveram um pensamento sofisticado e devem actuar, sempre que se trate de minorar ou evitar o sofrimento. Sou incapaz de ver um animal a sofrer, não acho que eles sejam muito diferentes de nós humanos e, em tempos que já lá vão, até fui, neste blogue, como comentadora, apelidada de "imbecil infantilizada".
Não sei se viu um post que publiquei há tempos sobre a minha cadela Lucy. Ela morreu em Outubro passado, a duas semanas de completar o 16º aniversário. Durante um ano, esteve doente, com insuficiência cardíaca. Sofria desmaios e podia morrer em qualquer um desses desmaios (e acabou por morrer de um). Os medicamentos permitiram prolongar-lhe a vida e, sempre em contacto com a veterinária, considerámos que ela tinha qualidade de vida suficiente para continuar o tratamento. A Lucy vivia de maneira normal, adorava dar os seus passeios, interessava-se por tudo o que fazíamos em casa (ela sempre viveu em casa, como se fosse um membro da família), tinha alegria, comia bem. Nunca se pôs num canto, apática, sem interesse por aquilo que a rodeava, apesar de estar surda e quase cega. A veterinária e nós éramos de opinião que, enquanto assim fosse, não devíamos desistir dela.
Esta doença da Lucy condicionou muito a nossa vida. Estivemos um ano em casa, mesmo nas férias, recusámos todos os compromissos que implicassem estarmos mais de 4 ou 5 horas fora de casa e não fomos passar um único fim-de-semana fora. Qualquer canseira, ou stress, podia ser fatal para ela, ou seja, não podíamos viajar sem ela, nem com ela. Depois de ela morrer, em Outubro, apesar de muito tristes, ficámos naturalmente um pouco aliviados. Vivo na Alemanha, a última vez que estive em Portugal foi em Setembro de 2018. Comecei logo a fazer planos para finalmente ir aí, neste Abril. Mas veio a crise da Covid-19... Apesar da desilusão, não me arrependo de um único segundo que passei ao lado da Lucy. Eu sabia que ela morreria, se eu a deixasse com alguém, mesmo que fosse bem tratada. O stress de não nos ver, nem saber quando nos veria, matá-la-ia, tenho a certeza. E, num caso desses, eu viveria arrependida para o resto da minha vida. Assim, apesar de triste, enquanto não puder viajar, vivo de consciência tranquila, pois fiz aquilo que devia ser feito, aquilo que Deus (ou a minha consciência) me disse para fazer. E tudo isto, porque eu amava a Lucy. E amava-a, porque sou humana.
Como vê, quando eu digo que a natureza não é cruel, porque a crueldade é um conceito humano, não estou a dizer que devamos ficar indiferentes ao sofrimento animal. Sendo humanos, sabendo o que é sofrimento, mal e crueldade, possuindo moral e ética, não podemos ficar indiferentes e devemos actuar, sim, é obrigatório actuar, perante casos, como, por exemplo, o daquele toureiro Moura e dos seus galgos. Casos desses, aos olhos humanos, são crimes. E os criminosos devem ser castigados.
Continuação (não coube no comentário anterior):
Quanto à prática do mal no ser humano ser inata e a prática do bem ser aprendizagem, é verdade que, das minhas palavras, se pode depreender isso. Mas não foi isso que quis dizer, admito que, neste caso, me expressei mal. Estávamos a falar do mal e referi apenas o aspecto de a tendência para fazer o mal ser inata. Na verdade, o que eu penso é que, tanto a tendência para fazer o bem, como para fazer o mal, são inatas. Fazemos o bem, ou o mal, ainda antes de conhecermos esses conceitos ou sabermos o seu significado. A arte de bem educar está em orientar para cada vez mais bem e cada vez menos mal. Mas isso torna-se quase impossível, se os próprios pais mentem, enganam, são invejosos, corruptos e resolvem conflitos através da violência. Mesmo que digam o contrário e, ainda pior, castiguem as crianças por actos que eles próprios se fartam de cometer, não se podem queixar, se os filhos lhes seguem os exemplos maus.
De o cunhado do acutilante a 26.04.2020 às 12:21
Sendo eu profundamente crente em Deus, ou no mistério denominado Deus, a palavra bíblica não me diz nada e nem uma vírgula me merece a menor das reflexões.
A Bíblia foi escrita pelos homens e desde que a palavra foi inventada sempre serviu para realizar uma vontade ou um desejo. Passada da oralidade à escrita, o propósito foi a maneira mais conveniente da propagação da vontade de uns sobre os outros.
Traduzindo melhor, quero dizer que cada um escreve aquilo que entende ser para si o mais conveniente.
De muito novo e numa situação deveras dramática, ouvi da minha mãe, isto:
- Meu filho; Deus disse, bota mão que eu te ajudarei.
Foi o que fiz. Com Deus na cabeça, botei mão, e fui.
Caro familiar do acutilante,
Os seus dois últimos parágrafos, sublinham, reforçam, validam aquilo que Cristina escreveu:
"Eu dou o meu melhor, o resto é com Deus".
Partilho aqui uma história com quase 50 anos, teria eu 4 ou 5 anos de idade.
Diz-me a minha tia Amélia: "até amanhã, se Deus quiser"
"E se Deus não quiser, tia?'"
"Deus quer sempre, filho, basta nós querermozio muito"
(escrevi a última frase com uma marca de oralidade, na aldeia onde cresci, era e é assim que falamos).
De Anónimo a 27.04.2020 às 02:13
Até amanhã se Deus quiser.
Para quem é religioso esta frase não faz sentido: o que acontecer amanhã, bom ou mau, ou seja viver ou morrer, será sempre por que Deus assim quis.
Há quem diga que estes: até amanhã se Deus quiser, ou se Deus quiser isto ou aquilo, pouco ou muito, tudo ou nada, falhar ou concretizar, são resquícios do oxalá muçulmano.
Numa crónica de um viajante inglês de visita a Lisboa e arredores, em 1749, aparecem vários registos interessantes entre os quais são as ruas imundas, as mulheres de baixa estatura e raramente vistas fora de casa, em cada dez homens dois ou três são padres, as pessoas dizem se Deu quiser frequentemente e os homens bebem muita água.(parece o vinho era intragável)
Também se diz que o até amanhã se Deus quiser, o sinal da cruz quando o bebé abre a boca e o santinho quando se espirra foram modos que ficaram ao longo dos tempos quando se morria como tordos com as epidemias ao longo dos anos.
De Luís Lavoura a 27.04.2020 às 15:52
A expressão "se Deus quiser" diz-se em português e não em inglês ou em alemão porque, muito simplesmente, é uma expressão herdada dos árabes. Eles estão sempre a dizer "inch'alá", que quer precisamente dizer "se Deus quiser". Nós herdámos a expressão dos árabes, que como se sabe ocuparam Portugal durante vários séculos
Há uma expressão alemã equivalente: "so Gott will" - "assim Deus queira". Significa sensivelmente o mesmo. Talvez não se diga tão frequentemente como em Portugal, mas não tenho a certeza. A Baviera, por exemplo, é profundamente católica. Lá ainda se cumprimentam as pessoas com "Gruß Gott" - "Deus te saúde". Talvez ainda se use muito o "so Gott will", não sei. Vivo no Norte luterano.
Herdámos o "oxalá" dos mouros, sim. E também a saudade.
De Anónimo a 28.04.2020 às 02:37
Não o 'inch'alá' mas sim 'ua xá illáh', que deu o castelhano ojalá e o nosso oxalá.
Oxalá significa: e queira Deus que algo aconteça.
Por isso dizemos frequentemente oxalá que Deus queira.
De o cunhado do acutilante a 27.04.2020 às 17:10
Com certeza, Pedro Oliveira. Nem laivos de contestação me preencheram o pensamento.
Só pretendi dizer que a fé não é o remédio para a resolução da desventura. Se queremos mudar a situação desfavorável, temos de ser nós a trabalhar por ela.
Porque fé, o que é, afinal?
Nada mais é do que a esperança alicerçada numa hipotética probabilidade à concretização dos nossos desejos.
Sua tia, minha mãe, outras tias e outras mães. Gerações sábias. Já não se fazem iguais.
Cumprimentos e votos de excelente saúde.
De sampy a 26.04.2020 às 22:57
Estou condenado a espantar-me com isto: ver gente crescida e vacinada, que cumpriu a escolaridade obrigatória e até cursou sem andar a comprar pacotes de farinha Amparo, e que permanece prisioneira de uma visão infantilista acerca de uma obra que é património universal da Humanidade.
Pretendendo (pasmo duplamente), a partir dessa mesma posição, criticar eficazmente e desmontar as convicções infantis de um bom número de crentes (ou que se assume como tal).
É como observar duas crianças a discutirem sobre se existe ou não o coelho da Páscoa que põe ovos de chocolate. E no fim, vão ambas caçar pokémons.
Caramba, não estudaram História? Literatura? Filosofia? Psicologia? Antropologia?...
Como compreender metade da arte produzida nestes dois milénios sem ter uma Bíblia nas mãos?
Não leram os mitos? Referem Frederico Lourenço e a sua tradução da Bíblia. Não vos soa uma campaínha na cabeça? Sim, é também o tradutor da Odisseia. E da Ilídia. Apenas um acaso?
Um crente e um descrente sensatos estarão sempre de acordo: 99% da Bíblia é criação humana, é humanidade (e desumanidade também). Apenas divergem no 1%. Assim como um crente esclarecido tem plena consciência de dever ser muitas vezes um ateu, quando reconhece que a maioria das imagens de Deus veiculadas são apenas ídolos, fabricação humana, fantasmas ou projecções do seu inconsciente.
Seria pedir demais que experimentassem ler René Girard, Régis Debray, Geza Vermes, Thomas Römer?...
De Luís Lavoura a 27.04.2020 às 15:57
uma obra que é património universal da Humanidade
Não é bem uma obra. São várias obras, com diversos autores e que expõem pontos de vista frequentemente distintos. O Antigo Testamento é extremamente diferente do Novo, e dentro de ambos há também grandes diferenças entre os diferentes livros.
Há ou houve, ademais, polémicas sobre quais as obras que devem fazer parte da "obra". Em particular, os quatro evangelhos canónicos foram uma escolha polémica. Alguns evangelhos foram excluídos, outros incluídos, na "obra".
De sampy a 27.04.2020 às 19:43
Obrigado, Lavoura, por nos explicares que não sabes que a "obra" se pode usar como substantivo colectivo.