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Delito de Opinião

Tudo do avesso

Sérgio de Almeida Correia, 24.11.23

konstantin-2-696x793.png(Konstantin Bessmertny)

É natural que a Procuradora-Geral da República possa dizer com toda a naturalidade "Não me sinto responsável por coisa nenhuma", o que aliás parece não ser coisa nova lá para os lados do rectângulo.

E estou em crer que é uma visão partilhada, comungada e subscrita por todos os que por ali tudo cumprem escrupulosamente sem que ninguém seja responsável por coisa nenhuma.

Veja-se, por exemplo, o Conselho de Estado de onde sai tudo, ninguém confirma, todos se desmentem, sem que ninguém viole as suas obrigações de sigilo.

E deve ser tudo tão natural que até é um juiz, titular de órgão de soberania e sindicalista, quem vem publicamente fazer de defensor oficioso da actuação do Ministério Público, não obstante as minhas dúvidas sobre se isso será compatível com o dever de reserva que sobre ele impende e decorre do respectivo estatuto.

Mas depois de ver magistrados jubilados, um deles conselheiro, a exercerem funções pouco compatíveis com o seu estatuto e, pelo menos num caso, sem o conhecimento do CSM, em Macau, presumo que tudo isso devam ser apenas consequências menores de frases infelizes, minudências, bizarrias e disfuncionalidades sistémicas da alegre vida das corporações e dos partidos que cuidam de nós.

 

P.S. Então e o Sócrates publica as memórias antes ou depois de ser julgado? Temo que, entretanto, ao tempo que as coisas duram, também fiquem todos afectados pelo Alzheimer, como o outro. 

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