Trinta anos de "Público"
Faz hoje trinta anos, surgia a primeira edição do Público. De todos os projectos em que estive envolvido na minha vida profissional, este foi um dos mais gratificantes. Um projecto nascido cerca de um ano antes, em que andámos a escrever "para o boneco", como na altura ironizavam colegas de outros jornais, mal disfarçando o nervosismo com que o novo diário era encarado pela concorrência. Havia bons motivos para isso, como depressa se viu. O Público não foi apenas mais um título da nossa imprensa: foi um periódico que marcou, logo ao nascer, o jornalismo português - pela sua independência editorial, pela qualidade da sua redacção e pela abordagem séria, clara e completa dos temas, segundo os melhores padrões europeus.
Fui - durante três anos - o primeiro correspondente em Macau do jornal. E logo nos primeiros meses assinei várias manchetes, dada a situação agitadíssima que então se vivia no território, nessa recta final da administração do governador Carlos Melancia. Guardo as melhores recordações dessa etapa profissional tão intensa e estimulante, sob a direcção do Vicente Jorge Silva, um dos melhores jornalistas com quem tive o privilégio de trabalhar. O meu percurso profissional conduziu-me depois a outras paragens, mas continuo a sentir particular orgulho por ter integrado essa equipa de pioneiros. E ainda hoje, apesar de todas as vicissitudes do seu percurso, sinto um carinho muito especial pelo Público. A todos quantos lá trabalham, muitos dos quais são meus amigos, envio daqui um caloroso abraço de felicitações.