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Delito de Opinião

Treinador de bancada que não passa disso

Pedro Correia, 25.06.25

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Augusto Santos Silva, em recente entrevista à SIC Notícias, exibiu o seu maior desdém pelas candidaturas à Presidência da República já anunciadas. Em particular a de António José Seguro, antigo secretário-geral do PS.

Seguro, em vez de se refugiar em profundos cálculos afundado no sofá, como António Vitorino, ou fazer de conta que avança sem nunca dar um passo em frente, como vários outros socialistas, apresentou-se como candidato a Belém numa concorrida sessão pública nas Caldas da Rainha - cidade onde reside - em que faltaram lugares sentados para tantos que lá compareceram para lhe manifestar apoio.

 

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Vale a pena recapitular algumas frases que pronunciou nesta sessão, a 15 de Junho:

 

«Não preciso de aprender no cargo: chego preparado.»

«O País precisa de um Presidente que seja referência moral e não ruído mediático.»

«Agirei como Presidente que escuta antes de falar.»

«Precisamos de governos de projecto e não de governos de turno.»

«Governos a prazo conduzem Portugal a prazo.»

«Só a criação de riqueza pode trazer progresso, melhores salários e melhores pensões.»

«Consultarei o Conselho de Estado mas não me dispensarei de escutar o conselho do povo.»

«Não saio do meu conforto para fazer mais do mesmo: venho para mudar. Se fosse para ser mais do mesmo, haveria outros melhores do que eu.»

«Liderei [como deputado] a reforma que permitiu ao Parlamento exercer verdadeiro controlo político sobre os governos, designadamente com a realização de debates quinzenais com a presença do primeiro-ministro.»

«Sozinho, no plenário da Assembleia da República, levantei-me para votar contra a lei de financiamento dos partidos políticos que reduziu o controlo da entrada de dinheiro.»

«Quero ser um Presidente da República respeitado pelo exemplo.»

 

Questiono-me quais destas declarações terão provocado um esgar de repulsa a Santos Silva, levando-o a debitar a seguinte frase quase bombástica na mais recente das suas entrevistas: «Nenhum dos três candidatos que estão no terreno cumpre os requisitos mínimos que um Presidente da República de um país como Portugal deve ter.»

Notem bem: requisitos mínimos. Visando, em particular, o seu camarada de partido. Que, ao contrário dele, não fez parte do séquito de José Sócrates.

Caso para perguntar porque espera então o enfastiado Augusto para deixar de ser treinador de bancada e apresentar-se enfim a jogo. Noção de que é incapaz de mobilizar apoios ou simples receio de ir a votos?

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