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Delito de Opinião

Todo está atado y bien atado

Pedro Correia, 20.04.18

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Ah, como é cómodo "proclamar" um Presidente da República em vez de ter a maçada de eleger um. Como é sensato ter uma sucessão antecipadamente garantida durante décadas - primeiro de irmão mais velho para irmão mais novo, depois de vice-presidente para presidente, confirmando assim as virtudes do sistema monárquico, mesmo quando se intitula "republicano". Como é reconfortante verificar que o quadro político é tão aberto que permite aos jovens alcançar o poder - tanto assim que um líder de 86 anos cede o lugar a um quase adolescente de 57 anos. Como é inspirador ter uma "revolução" que petrifica as estruturas do poder em vez de transformá-las.

Ah, como é sábio autorizar a existência de um só partido "condutor da sociedade" para impedir a inaceitável bagunça dos sistemas multipartidários. E como é tranquilizador saber que à frente do partido único e das forças armadas se manterá pelo menos até 2021 o Presidente da República cessante, um general que constitui a garantia suprema de pôr travão antecipado a eventuais irresponsabillidades da juventude quinquagenária, sempre tão irrequieta e irreverente. Assim se mantém tudo "atado e bem atado", como ensinou outro general, Francisco Franco, esse visionário da grande Espanha que inspirou os seus discípulos das Caraíbas a conquistar e conservar o poder. Um caudilho tão galego como Fidel Castro.

 

3 comentários

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    Vlad 20.04.2018

    "Nenhuma ditadura subsiste sem apoio de parte da população"

    - Presumo que se refira ao Exército...

    "Fidel derrubou uma ditadura"

    - Engana-se. Fidel apenas trocou um ditador, por outro (ele mesmo)

    "A grande reinvindicação deverá ser sempre o direito de os povos escolherem o sistema de governo que querem. Ainda que a resposta seja quererem ficar na mesma. Tudo o mais é ingerência."

    - Engana-se. O voto não legitima tudo. Deverão haver Direitos mínimos Consagrados em qualquer regime politico, independentemente do Povo gostar.
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    Sarin 20.04.2018

    O Exército também, não recordo nenhum país onde pertencer ao exército ou a outra arma implique perda de estatuto de cidadão.
    Mas não apenas o Exército. Por muito poderoso que seja, nenhum exército conseguirá conter e controlar todos os aspectos-chave do quotidiano de uma nação no longo-prazo. Tem de haver aceitação e colaboração de parte da população civil. Tal como haverá, provavelmente em todos os regimes, membros das forças armadas e das forças de segurança que desejam desertar.


    Não leu o meu comentário todo, Vlad? Falo em Cuba viver em diradura.
    Falei em grande diferença entre Fidel e Franco. Não me enganei.


    Os Direitos dos Povos aos Povos pertencem. Ou acredito que cada Povo tem capacidade para assumir a responsabilidade de decidir por si mesmo, ou aceito as Ditaduras e as imposições de quem se acha mais iluminado.
    Não aceito.
    Direitos Fundamentais só são Fundamentais quando assimilados, quando incorporados. Não quando impostos.
    Usarei todas as ferramentas pacíficas ao meu alcance para dissuadir uma opinião contrária; apenas obrigarei os que de mim dependem e apenas depois de esgotada a via da explicação.
    Considerar a existência de "Direitos mínimos (...), independentemente de o Povo gostar" é passar um atestado de menoridade ao Povo. E quem define os "Direitos Mínimos"? Os mesmos que defendem ninguém poder afirmar defender liberdade de qualquer-coisa se não defender a Liberdade em si mesma? A ONU, cuja Carta foi assinada por muitos países mas não todos? O TPI, reconhecido por metade dos países-membro da ONU? Deus? Qual deus?

    São exactamente os direitos fundamentais que devem ser votados. E votados ciclicamente. Por todos sem excepção.

    Os deveres fundamentais também.
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