Tiro à letra
Há livros que são editados com os pés, para usar uma expressão da gíria jornalística. Abrimos um exemplar e logo na contracapa ou numa badana deparamos com um erro grosseiro, gerado por ignorância ou incompetência - daqueles que nos levam de imediato a pôr aquilo de parte.
Por vezes o disparate surge não na casca, mas já no miolo, no espaço reservado à apresentação ou prefácio. Aconteceu-me há dias, com um exemplar de uma destas editoras que pretendem difundir "coisas giras" e "fora da caixa". Bastou-me ir à primeira página impressa para deparar com isto: como se não bastasse o impiedoso extermínio das impropriamente chamadas "consoantes mudas", o tiro à letra é tão obsessivo que leva estes mabecos a mutilarem até palavras como "actual", aqui mascarada de "acual". Deve ser idioma de pato: língua portuguesa não é, seguramente.
Fechei o livro e ele lá ficou, a gozar um merecido repouso. Faço votos para que seja perpétuo.