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Delito de Opinião

Terrorismo

Maria Dulce Fernandes, 02.06.20

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Li hoje na imprensa internacional disponibilizada online que as pessoas aproveitam qualquer pretexto para se amotinar, saquear e pilhar, normalmente em nome da igualdade e da justiça.

A morte de um ser humano às mãos de um seu semelhante nunca é um “qualquer pretexto". É um acto de extrema barbárie, independentemente do contexto. Não tem desculpa nem justificação. É algo deontologicamente desprezível e totalmente inaceitável na cultura ocidental.

Dito isto, pergunto-me se amotinar-se, saquear e pilhar se justificam pelo sentimento de revolta, genuíno e esmagador, em crescendo contínuo na sequência da morte violenta e sem sentido de mais um ser humano às mãos de quem o devia ajudar e proteger. Mortes, violência sem justificação nem sentido acontecem infelizmente todos os dias e a todas as horas, por esse mundo fora, e a grande maioria nunca chega ao nosso conhecimento.

O que é que esta morte por brutalidade policial tem de diferente de todas as outras? Nada. Não tem nada de diferente. É mais um crime contra a humanidade, como tantos milhares de outros crimes. Apenas o mediatismo é extrapolado: apela à revolta, à instabilidade e ao terrorismo. Apela ao medo e à justiça sumária. Apela à selvajaria. Apela ao crime.

Não é possível apagar um crime hediondo praticando milhares de outros que tais, igualmente injustificáveis e desprezíveis.

Se moralmente poderão estes levantamentos populares na sua essência,  serem considerados actos de terrorismo? Podem, sim. Este "fim" não justifica os meios. De modo nenhum.

7 comentários

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    Diogo Moreira 02.06.2020

    Não é equiparável a situação de ser um branco ou um preto. Basta estar atento às notícias dos Estados Unidos, em que polícias matam impunemente pretos - sempre com a justificação de que se sentiram ameaçados, mesmo quando são 4 polícias armados para um preto desarmado. Nos raros casos em que houve alguma penalidade para os polícias, essa foi a perda do emprego na sua esmagadora maioria.

    Se a vítima fosse um branco, estariam todos os polícias desta história presos preventivamente.

    De resto, não vejo ninguém a apelar à destruição da propriedade alheia aqui nos comentários. Nem seque a justificá-la.
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    Costa 02.06.2020

    Não, não se apela. Mas, tirando autora do post, ninguém sequer murmura uma palavra que a conteste. Como somos todos Homens, seja lá qual for a cor da pele, acho-o, digamos, triste.

    Como se sentiria você se visse bens seus desfeitos, porque, num episódio que nada tivesse a ver consigo, outros entrassem numa fúria destruidora? Dava-lhes a outra face, os bens que sobrassem? E já agora uma bebida que os reconfortasse... Não confundamos as coisas: o direito mais do que legítimo a mostrar o repúdio mais do que legítimo perante actuações evidentemente repugnantes, não justifica tudo.

    Costa

  • https://youtu.be/YgGTrO0xc8U

    https://youtu.be/OIqx3YIHntc

    https://youtu.be/DliUnTGJ9UA

    Só em cabeças desligadas se pode imaginar manifestações políticas e sociais ordeiras.

    Ridículo.

    Quanto à propriedade presumo que o seguro pague. O sistema norte americano é baseado na exploração dos mais vulneráveis, que acabam por ser sempre os mesmos. Que pena tenho eu da Apple, Burberys ou da Louis Vuitton.

    Numa de adivinhação, os pequenos lojistas estavam também eles nas manif.

    Não, Costa. Gostava que calçássemos um par de luvas e treinassemos uns jabs e uns hamerfist. Sou um tipo civilizado.
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    Costa 02.06.2020

    "Quanto à propriedade presumo que o seguro pague."

    Presumes mal, Vorph (deve-se usar de muita cautela nas presunções). Quando tiveres tempo dá uma olhada nas tuas apólices de seguro: casa, carro, etc. É bem possível - a menos que te tenhas disposto a pagar um prémio agravado (e que a seguradora vá nisso, com ou sem agravamento) que as exclusões de cobertura prevejam actos como aqueles que tanto parecem agora enlevar-te. É que as companhias de seguro, mesmo com designações muito "emocionais", são frios e objectivos negócios: não se paga um cêntimo a menos que tenha mesmo que ser. É assim, é a vida.

    Além de que o seguro não te repõe o bem perdido, como talvez saibas. Indemniza-te na melhor hipótese pelo valor de mercado do bem, à altura do sinistro (e não és tu, lamento informar-te, quem o determina). Por outro lado Vorph, uma coisa é aceitar o risco de perder um bem por causa acidental, risco que conscientemente se assume; outra perder o bem por acção premeditada, dolosa, criminosa, de terceiros.

    Como reagirias se de repente uma turba em fúria te desfizesse o consultório? Quem sabe se com animais indefesos lá internados. Vinhas aplaudir sobre os escombros, era? Não tens um pingo de bom-senso?

    Isso das luvas de que falas é boxe, não é? Nunca percebi o fascínio de dois homens a esmurrarem-se até à inconsciência. Tu pareces gostar. É contigo. Mas tu, Vorph, tão visceralmente anti-americano e a sugerir boxe... Com nomes técnicos e tudo.

    Costa
  • Roto, o boxe é inglês.
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    Costa 02.06.2020

    Ui, coisa de bifes, então! Esses europeus renegados, lacaios dos americanos. Mas fico esclarecido e agradeço-o.

    Em todo o caso, exaltadíssima no cinema americano.

    O resto, delicado vernáculo, que escreveste acima, como noutros locais e em resposta a comentários meus, define-te. Suponho que te deixa orgulhoso. É contigo.

    Costa
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