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Delito de Opinião

Penso rápido (102)

Pedro Correia, 06.06.23

Abstenção em política não é "vontade genuína", mas o seu oposto. É falta de vontade. Ou incapacidade total de escolha.

No limite, em casos quase patológicos, é desejo de supressão da democracia representativa.

 

Ao contrário do que alguns sustentam, seria um paradoxo imprimir em boletins de voto um quadradinho destinado àqueles que não querem ou não podem ou não sabem escolher a melhor ou a menos má das opções.

Na maioria dos casos, fazem-no por mero comodismo.

Por absoluto desinteresse pelo rumo do País.

Por demissão cívica.

 

O tal quadradinho seria precisamente incentivo ou prémio à demissão cívica. Algo inaceitável.

A democracia não deve pecar por excesso de tolerância perante aqueles que a intoleram e anseiam sempre pela chegada de um ditador que "ponha isto na ordem". Sem sequer perceberem que "isto" os inclui a eles também.

Mais uma achega para o debate

Sérgio de Almeida Correia, 11.04.22

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"Aqui valerá sim a pena sublinhar, para além da diminuição do número absoluto de votantes, o aumento da abstenção, que cresce de 79,13% para 88,10%. À abstenção juntar-se-á a diminuição significativa dos votos em branco, que passam de 2764, equivalentes a 1,43%, para 711, ou seja, 0,65%, e, mais importante, o crescimento absolutamente desconcertante dos votos nulos. De 3372 (1,74%), em Janeiro, os nulos elevam-se no final a 33.565 (30,46% dos votos totais expressos em urna).

Se em Janeiro os dois deputados a eleger por este círculo iam ser repartidos entre PSD e PS, em Março foram ambos atribuídos ao segundo. Noutras circunstâncias isto poderia ter tido consequências graves para a governabilidade."

Quem tiver disponibilidade e interesse para ler tudo terá de fazer o favor de ir até ao Público, onde terá acesso à integralidade do texto. 

O voto emigrado

jpt, 22.03.22

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Hoje de manhã, nós-povo a prepararmo-nos para contar o voto dos emigrados, esses que para alguns são menos importantes do que os dos patrícios residentes.

E assim, por nosso intermédio, se resolve a trapalhada causada pelos nossos legisladores: isto de cinco meses de governo de gestão, ainda por cima em época de tamanha agitação económica, política e militar 

Quarenta e um

Pedro Correia, 10.02.22

Fechados enfim os resultados eleitorais, com a inutilização de mais de 80% dos boletins correspondentes ao círculo eleitoral da Europa, algo absolutamente inédito: 157.205 foram parar ao lixo.

Feita a conversão definitiva de votos em mandatos, confirma-se que o PS ficou muito acima do PSD: tem agora 119 deputados (mais onze do que em 2019), enquanto os sociais-democratas elegeram 78 (menos um do que tinham).

Quarenta e um de diferença. Só em 2005, quando José Sócrates concorreu contra Santana Lopes, a diferença foi ainda maior: mais 46 assentos cor-de-rosa do que cor-de-laranja na Assembleia da República.

Este é o segundo melhor resultado socialista de sempre.

Contributo

Sérgio de Almeida Correia, 10.02.22

1666170.jpeg(foto LUSA/José Sena Goulão)

Para quem estiver interessado, fica aqui o link para o que escrevi sobre a "salgalhada" relativa aos votos dos emigrantes e foi hoje publicado na edição online do Público.

A paciência começa a ser pouca para tanto disparate, mas ainda vamos a tempo de melhorar, tanto mais que a legislatura está no início. Haja vontade e discernimento.

Ir votar

Paulo Sousa, 23.01.21

Há dias fechei um puzzle das minhas memórias de infância. Lembro-me de ser bastante pequeno e ir com os meus pais votar. Naquele dia, e este é o pormenor mais detalhado da minha memória, lembro-me da nossa sombra no chão empedrado à frente das escadas do adro viradas para a Rua da Ameixoeirinha, a caminhar em direção à escola primária. Lembro-me que os meus pais me levavam pela mão, um de cada lado e eu no meio. Talvez tenhamos andado mais vezes assim, mas só me lembro de caminhar de mão dada com os dois, nessa disposição, nesse dia.

Esta é uma memória longínqua e anterior às memórias da minha escola primária. Estava sol, deixamos o carro à frente do salão Paroquial e seguimos a pé até à escola. Íamos votar. Para mim era apenas mais um domingo em que depois de irmos visitar os meus avós, fazíamos uma paragem antes de regressar a casa. Será que é uma memória sugerida? Acho que não.

Fechei o puzzle das minhas memórias quando entendi que essas terão sido também as primeiras eleições em que os meus pais participaram. Havia ali uma excitação pela coisa de ir votar. Olhando para esses tempos é normal que essas tenham sido as eleições para à Assembleia Constituinte, que fundou a nossa democracia e o nosso regime. Sem ter consciência disso, foram também as minhas primeiras eleições.

Votar tornou-se para a minha geração algo normal. Mas se nos dermos ao trabalho de nos observarmos por fora, olhando para o que se passa em dezenas de outros países, as eleições livres e justas constituem quase um milagre. Votando, conseguimos que quem está no poder saia de lá pacificamente, e isso não é coisa pouca.

Vale a pena ir votar. Mesmo quando os nossos governantes nos falham, o que infelizmente é frequente, podemos levantar o queixo e afirmar que fizemos a nossa parte. Amanhã, não tenham medo do vírus e vão votar. É muito mais importante, e tão pouco arriscado como ir ao supermercado comprar ração para o gato.

Votem em quem entenderem, com liberdade e consciência.

Eu vou votar no Tiago Mayan, pois graças a ele temos uma alternativa decente ao socialismo.

Fevereiro de 2020: os meus votos

Pedro Correia, 02.03.20

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Figura nacional do mês

Pela primeira vez uma central sindical portuguesa passou a ter uma mulher como figura cimeira: Isabel Camarinha, de 59 anos, foi eleita secretária-geral da CGTP a 15 de Fevereiro, no 14.º congresso desta organização, realizado no Seixal. Militante do PCP, na linha dos anteriores líderes da CGTP (José Luís Judas, Manuel Carvalho da Silva e Arménio Carlos foram os mais recentes), candidatou-se a várias eleições nas listas comunistas e vinha desempenhando as funções de presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal.

 

 

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Figura internacional do mês

É muito cedo para cantar vitória, pois a corrida presidencial no campo democrata ainda mal começou nos EUA. Mas está a ser favorável a Bernie Sanders, o mais idoso dos candidatos (78 anos) e aquele que se posiciona mais à esquerda. O senador do Vermont, que há quatro anos perdeu as primárias para Hillary Clinton, recebeu mais votos populares nos três Estados que se pronunciaram em Fevereiro: Iowa (dia 3), Nem Hampshire (dia 11) e Nevada (dia 22). «Foi o primeiro candidato, democrata ou republicano», a conseguir tal proeza, assinalou a Newsweek.

 

 

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Facto nacional do mês

A Assembleia da República deu um passo decisivo para a legalização da eutanásia em Portugal com a aprovação, em 20 de Fevereiro, de cinco projectos de lei que despenalizam o suicídio assistido, em casos muito específicos. Os projectos foram apresentados por cinco bancadas parlamentares: BE, IL, PAN, PEV e PS. CDS e PCP votaram contra, tal como a maioria dos deputados sociais-democratas e alguns socialistas. A discussão vai seguir-se na especialidade em comissão parlamentar, aguardando-se ainda a reacção do Presidente da República.

 

 

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Facto internacional do mês

Começou no interior da China, aparentemente devido à falta de controlo sanitário na caótica oferta alimentar deste país, que ambiciona ser um gigante económico mas tem carências estruturais de diversa ordem. Em pouco tempo o coronavírus - palavra que há dois meses desconhecíamos - alastrou a outros continentes. Esta epidemia já contaminou cerca de 90 mil pessoas - incluindo o escritor chileno Luis Sepúlveda - e causou mais de três mil mortos. Incluindo 34 na Itália, o país europeu mais afectado até ao momento.

Fevereiro de 2018: os meus votos

Pedro Correia, 11.03.18

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Figura nacional do mês

Rui Rio, ex-autarca do Porto, foi consagrado líder do PSD no congresso de Lisboa, entre 16  e 18 de Fevereiro.  Não tardou a reunir-se com António Costa: prometeu pactos com o Governo em áreas como a descentralização e a aplicação de fundos europeus, abrindo espaço político para o CDS como força da oposição. De caminho enfrentou fortes críticas internas na escolha do novo líder parlamentar, Fernando Negrão (eleito apenas por 39% dos deputados sociais-democratas), e da sua vice-presidente Elina Fraga, ex-bastonária da Ordem dos Advogados.

 

 

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Figura internacional do mês

Custou mas foi: após mais de quatro meses de intensas negociações de bastidores, a União Democrata-Cristã e o debilitado Partido Social Democrata celebraram a 7 de Fevereiro um acordo de legislatura que permitiu reeditar a "grande coligação" na Alemanha, maior potência económica do continente europeu. Este acordo permitiu a Angela Merkel, primeira-ministra desde 2005, formar um novo Executivo, atribuindo as cruciais pastas das Finanças e dos Negócios Estrangeiros aos seus parceiros de governo.

 

 

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Facto nacional do mês

A selecção portuguesa de futsal sagrou-se campeã da Europa, o que acontece pela primeira vez. Um triunfo alcançado em Liubliana, capital da Eslovénia, numa épica final contra Espanha por 3-2, após prolongamento. Mais um troféu desportivo para o nosso país, na sequência da vitória no Europeu de futebol em 2016. "Nós tínhamos um sonho. Ontem, tornou-se realidade. O futsal conseguiu tocar o céu", disse no dia seguinte Ricardinho, capitão da selecção portuguesa e melhor jogador de futsal do mundo, quando a selecção foi recebida no Palácio de Belém.

 

 

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Facto internacional do mês

A guerra civil na Síria, que dura há sete anos, teve um dos seus capítulos mais dramáticos entre 18 e 22 de Fevereiro, quando pelo menos 417 pessoas - incluindo 96 crianças - foram massacradas pelas forças do regime, às ordens do ditador Assad. Segundo o Observatório para os Direitos Humanos sírio, no mesmo período registaram-se ali 2100 feridos - muitos em estado grave. O bombardeamento sistemático de áreas residenciais e de todos os hospitais da zona avolumou este massacre, que o secretário-geral das Nações Unidas já compara ao de Alepo.

 

 

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Frase nacional do mês 

«Estou muito tranquila, muito feliz, por poder colocar-me ao serviço de Portugal e ao serviço do meu partido.» Declaração da nova vice-presidente do PSD escolhida por Rui Rio no âmbito da sua estratégia de renovação do partido. Ex-bastonária da Ordem dos Advogados e nessa qualidade feroz opositora à reforma do mapa judiciário concretizada pelo Executivo de Passos Coelho, Elina Fraga fez esta declaração aos jornalistas, a 18 de Fevereiro, após ter sido alvo de sonoras vaias na reunião magna do partido.

 

 

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Frase internacional do mês 

«Em Guta Oriental, 400 mil pessoas vivem o inferno na Terra.» Uma frase emocionada do secretário-geral da ONU, António Guterres, falando a 22 de Fevereiro no Conselho de Segurança. O ex-primeiro-ministro português alertou assim o mundo para a dramática situação no último bastião de resistência ainda controlado pelos insurgentes contra o ditador Assad na Síria, cujas forças armadas têm chacinado sem piedade a população.

Janeiro de 2018: os meus votos

Pedro Correia, 05.02.18

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Figura nacional do mês

À terceira foi de vez: Rui Rio, que em Outubro anunciou a candidatura à presidência do PSD que os seus apoiantes há muito lhe exigiam, venceu a eleição interna para a liderança social-democrata, preparando-se para substituir Pedro Passos Coelho. Contabilizados os votos, a 13 de Janeiro, o ex-presidente da Câmara do Porto obteve 54,37%, derrotando Pedro Santana Lopes, que obteve 45,63%

 

 

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Figura internacional do mês

Os mecanismos da justiça vão cercando Lula da Silva. O ex-Presidente brasileiro, que ambiciona regressar ao Palácio do Planalto, viu a 24 de Janeiro o Tribunal da Relação confirmar a sentença da primeira instância no âmbito dos processos Lava Jato, agravando-a - por decisão unânime - para 12 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Já tem o passaporte apreendido. Mas o PT, seu partido, continua a indicá-lo como candidato à eleição de Outubro.

 

 

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Facto nacional do mês

Dois juízes do Tribunal da Relação de Lisboa - um deles, Rui Rangel, ex-candidato à presidência do Benfica - foram constituídos arguidos, a 30 de Janeiro, no âmbito da Operação Lex, desencadeada pela Polícia Judiciária no combate aos crimes de corrupção, recebimento indevido de vantagem, branqueamento, tráfico de influências e fraude fiscal qualificada. Entre os arguidos figuram Luís Filipe Vieira e Fernando Tavares, presidente e vice-presidente benfiquistas.

 

 

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Facto internacional do mês

A 20 de Janeiro, completou-se um ano de presidência Trump. Um ano em que se extremaram os campos: é cada vez mais coesa a coligação que o levou à Casa Branca, são cada vez mais aguerridos os seus adversários em todas as frentes. O fracasso da reforma sanitária e o sucesso da reforma fiscal marcaram este ano político nos EUA. Donald Trump fomentou tensões na Coreia e na Palestina, enquanto a economia americana emitia sinais de prosperidade: crescimento de 3% do PIB, desemprego a cair para 4,1% e 2,1 milhões de empregos criados em 2017.

 

 

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Frase nacional do mês 

«O PSD deve vender a alma ao diabo para pôr a esquerda na rua.» Declaração de Manuela Ferreira Leite, ex-presidente do PSD e apoiante de Rui Rio, em entrevista concedida à TSF a 15 de Janeiro, no rescaldo imediato do escrutínio interno que levou à liderança o ex-autarca do Porto. A antiga ministra das Finanças procurou, com esta frase, validar a estratégia de Rio, que assume desde já ser parceiro dos socialistas num futuro Governo em alternativa à actual frente de esquerda.

 

 

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Frase internacional do mês 

«Quero que todas as meninas saibam que um novo dia está no horizonte.» Uma frase emotiva da apresentadora televisiva Oprah Winfrey, a 7 de Janeiro, na cerimónia de entrega dos Globos de Ouro, durante um discurso de nove minutos contra os "homens brutais e poderosos" que agrediram sexualmente mulheres, durante décadas, no mundo do espectáculo. Esta intervenção deu alento ao movimento Me Too [eu também] e durante dias Oprah foi mencionada como possível candidata à Casa Branca em 2020. Um cenário que ela própria desmentiu a 25 de Janeiro.

 

Facto internacional de 2017

Pedro Correia, 09.01.18

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CRISE SEPARATISTA NA CATALUNHA

Catalunha dominou grande parte do ano informativo em termos internacionais, sobretudo a partir de Setembro, quando o Parlamento autonómico catalão aprovou a "lei da desconexão", com os votos favoráveis das forças separatistas regionais, num arco ideológico que ia da direita nacionalista à extrema-esquerda anticapitalista, apenas unidas na necessidade de acelerar o corte dos laços políticos com Madrid.

O processo desembocou na convocação de um referendo ilegal para validar o processo de independência unilateral, convocado pelos separatistas à margem da Constituição e contra o parecer expresso de todas as instituições do Estado espanhol - Rei, Governo, Senado, Câmara dos Deputados, Tribunal Constitucional e tribunal comuns. Realizada a 1 de Outubro, sem campanha eleitoral, sem cadernos eleitorais credíveis e sem mecanismos independentes de verificação dos resultados, a consulta não foi reconhecida pela comunidade internacional.

As semanas que se seguiram foram alucinantes: declaração unilateral da independência em Barcelona (10 de Outubro), logo seguida da suspensão dos efeitos do acto separatista, aprovação por ampla maioria no Senado espanhol do artigo 155.º da Constituição que revogou a autonomia, convocação de eleições antecipadas na Catalunha para 21 de Dezembro, fuga para Bruxelas do presidente cessante do Governo regional, Carlos Puigdemont, acusado - tal como outros ex-membros do executivo - de rebelião, sedição e peculato pela justiça espanhola.

As eleições de Dezembro deram pela primeira vez a vitória a uma força não-nacionalista, o Cidadãos. Os separatistas, sem maioria do voto popular, mantiveram no entanto a maioria dos lugares no Parlamento autonómico. Mas nenhum dos seus dirigentes máximos tem condições para formar Governo: Puigdemont, líder do Juntos Pela Catalunha, permanece refugiado na Bélgica e Oriol Junqueras, líder da Esquerda Republica, encontra-se detido às ordens da justiça espanhola.

 

A crise catalã, muito longe de estar resolvida, foi o acontecimento do ano para o DELITO DE OPINIÃO, merecendo 11 dos 21 votos referentes ao Facto Internacional de 2017.

Em segundo lugar, com seis votos, ficou o início da presidência Trump, outro dos factos mais relevantes do ano que passou em termos internacionais.

Registaram-se ainda votos isolados na fundação do movimento #metoo, no êxodo forçado do povo roínguia na Birmânia, no puritanismo macartista travestido de "progresso" e nos sinais de esperança na luta contra a corrupção, o nepotismo e o branqueamento de capitais.

Perspectivas plurais num mundo sempre turbulento.

 

Facto internacional de 2010: revelações da Wikileaks

Facto internacional de 2011: revoltas no mundo árabe

Facto internacional de 2013: guerra civil na Síria

Facto internacional de 2014: o terror do "Estado Islâmico"

Facto internacional de 2015: a crise dos refugiados

Facto internacional de 2016: Brexit 

 

Facto nacional de 2017

Pedro Correia, 08.01.18

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PORTUGAL A ARDER DE JUNHO A OUTUBRO

 

Não há memória de um incêndio tão mortífero. Os portugueses não esquecerão a tragédia de Pedrógão Grande, com as chamas a devorarem árvores, mato, casas, carros e lamentavelmente também pessoas a 17 de Junho. O balanço deste fogo florestal - que alastrou aos concelhos de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera - foi dantesco: 66 pessoas mortas, 254 feridas (muitas em estado grave), 150  famílias desalojadas e quase 50 mil hectares de floresta reduzidos a cinzas.

Portugal continuou em chamas. Em Julho já tinham ardido 118 mil hectares de área florestal e agrícola. Em zonas tão diferentes como  Alijó e MaçãoMértola e AbrantesCoimbra e Sertã. Uma situação de calamidade nacional, entre críticas generalizadas de falhas das comunicações e da protecção civil.

Os incêndios prosseguiram a sua acção devastadora no mês seguinte, confirmando 2017 como um dos piores de sempre em matéria de fogos florestais. Registaram-se 268 fogos num só dia, a 12 de Agosto. E este máximo foi superado no dia 20, quando houve 304 incêndios simultâneos.

Ainda traumatizado pelo drama de Pedrógão, o País viu-se confrontado com outra enorme tragédia, a 15 de Outubro, quando a área florestal de dezenas de concelhos do interior e até do litoral foi total ou parcialmente destruída pelas chamas. Viseu, Coimbra, Leiria, Castelo Branco, Braga, Aveiro e Guarda foram os distritos mais afectados pelos incêndios, que provocaram a morte de 45 pessoas, arrasaram empresas, pastos e áeas de cultivo, inutilizaram aldeias, cercaram cidades, calcinaram o pinhal de Leiria e deixaram um rasto de devastação com prejuízos ainda difíceis de contabilizar. Com ecos noticiosos em toda a imprensa internacional, até às mais recônditas regiões do globo.

No plano político, os fogos de Outubro levaram à tardia  demissão da ministra da Administração Interna e a um reajustamento no elenco governamental.

No total do ano, morreram 125 portugueses vítimas dos incêndios. Este foi, infelizmente, o Facto Nacional do Ano para o DELITO DE OPINIÃO, numa votação que congregou 22 dos 30 membros deste blogue.

 

Só três votos destoaram da linha dominante.

Um deles recaiu na Operação Marquês, enfim concluída a parte investigatória com acusações deduzidas ao ex-primeiro-ministro José Sócrates, ao antigo banqueiro Ricardo Salgado e aos gestores Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, entre vários outros arguidos.

Outro voto realçou o facto de Portugal ter conseguido em 2017 o défice mais baixo em democracia, excedendo as previsões da Comissão Europeia e do próprio Governo.

Houve, finalmente, ainda um voto isolado na degradação do regime e das suas instituições. "Notório em tudo o que aconteceu na Administração Interna, na Protecção Civil, na Saúde, na Defesa, na Assembleia da República, nos factos constantes da Operação Marquês, nas nomeações para as empresas onde o Estado tem uma palavra a dizer, nalgumas sentenças e acórdãos judiciais, no desporto."

 

Facto nacional de 2010: crise financeira

Facto nacional de 2011: chegada da troika a Portugal

Facto nacional de 2013: crise política de Julho

Facto nacional de 2014: derrocada do Grupo Espírito Santo

Facto nacional de 2015: acordos parlamentares à esquerda

Facto nacional de 2016: Portugal conquista Europeu de Futebol

 

Figura internacional de 2017

Pedro Correia, 04.01.18

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DONALD TRUMP 

É a chamada figura incontornável. Pelo segundo ano consecutivo, o magnata nova-iorquino foi eleito Figura Internacional do Ano. Em 2016, o destaque deveu-se ao facto de ter sido eleito para a Casa Branca, derrotando a favorita, Hillary Clinton, e surpreendendo a grande maioria dos analistas políticos. Desta vez justifica-se por ter iniciado o mandato, a 20 de Janeiro.

Um mandato muito polémico desde o primeiro dia, marcado por um cortejo de demissões de figuras relevantes na administração Trump. A 21 de Julho demitiu-se o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer. Dez dias depois, saía o recém-entrado director de comunicação, Anthony Scaramucci. O anterior, Mike Dubke, abandonara funções em Maio. Também em Julho, o Presidente perdeu o seu chefe de gabinete, Reince Priebus, e viu partir o director do gabinete de ética, Walter Shaub. Em Fevereiro, exonerara o conselheiro de segurança, Michael Flynn, que só esteve um mês em funções. Outro conselheiro, Ezra Cohen-Watnick, foi demitido em Agosto. O secretário da Saúde, Tom Price, viu-se forçado a resignar em Setembro. No fim do ano, anunciava-se a saída de Omarosa Manigault-Newman, directora de comunicação com o público da Casa Branca e a mais destacada afro-americana do Executivo.

Também na frente legislativa Trump encontrou dificuldades. Só em Dezembro conseguiu a primeira vitória no Congresso, apesar de contar com maioria republicana nas duas câmaras do Capitólio, ao ver aprovada a prometida reforma tributária - primeira em 30 anos. Mas enfrentou oposição firme à reversão da reforma sanitária realizada pelo antecessor, Barack Obama. Em compensação, a economia continuou na rota do crescimento: 3,2%, no terceiro trimestre de 2017, com o desemprego a registar os números mais baixos em 17 anos.

Na frente externa, Trump desencadeou coros de críticas ao anunciar o fim da vinculação dos EUA ao acordo de Paris sobre as alterações climáticas, acentuou o isolacionismo da sua administração ao retirar o país da Unesco e enfureceu o mundo árabe ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel, em flagrante colisão nesta matéria com os parceiros europeus de Washington e os restantes membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, Rússia e China.

Tudo isto num ano marcado por intensas disputas verbais entre o inquilino da Casa Branca - activíssimo no Twitter, rede social onde funciona como cabeça de cartaz à escala global - e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un. «É melhor que a Coreia do Norte não faça mais ameaças aos EUA. Vai enfrentar fogo e fúria como o mundo nunca viu», assegurou Trump, em Agosto. Agindo cada vez mais como um elefante nessa vasta loja de porcelana que é a cena política internacional.

 

O líder norte-americano recebeu dez dos 24 votos nesta eleição do DELITO. Na segunda posição, com seis votos, ficou o Presidente francês, Emmanuel Macron, que em 2017 se impôs aos candidatos da esquerda e da direita clássicas na primeira volta da corrida ao Palácio do Eliseu, esmagando na segunda volta, a 7 de Maio, a sua opositora, Marine Le Pen, representante da Frente Nacional. Recolheu dois terços dos sufrágios nas presidenciais e não tardou a fundar um movimento, a República em Marcha, que em Junho conquistou 350 dos 577 assentos parlamentares.

O terceiro lugar do pódio, com cinco votos, coube ao Presidente chinês, Xi JInping, que em 2017 reforçou consideravelmente o seu poder, consolidando a posição da China na cena mundial.

Houve ainda votos solitários no deposto ditador do Zimbábue, Robert Mugabe, no movimento feminista #metoo e na ucraniana Anna Muzychuk, que perdeu o estatuto de dupla campeã mundial de xadrez ao recusar a participação no campeonato do mundo da modalidade, disputado em 2017 na Arábia Saudita. Em nome da defesa dos direitos das mulheres, reprimidos neste país.

 

Figuras internacionais de 2010: Angela Merkel e Julian Assange

Figura internacional de 2011: Angela Merkel 

Figura internacional de 2013: Papa Francisco

Figura internacional de 2014: Papa Francisco

Figuras internacionais de 2015: Angela Merkel e Aung San Suu Kyi

Figura internacional de 2016: Donald Trump

Novembro de 2017: os meus votos

Pedro Correia, 17.12.17

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Figura nacional do mês

Foi a personalidade mais em foco no fluxo noticioso nacional de Novembro. Adalberto Campos Fernandes, titular da pasta da Saúde, esteve em destaque, mas não por bons motivos. Primeiro, pelo grave surto de legionela no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, que afectou 54 pessoas - seis das quais viriam a morrer. Depois, pelo desaire sofrido na corrida à sede da Agência Europeia do Medicamento, com a candidatura da cidade do Porto a perder para Amesterdão. Finalmente, com o atribulado processo da transferência do Infarmed para a Invicta, que desagradou a quase todos e levou o próprio ministro a confessar que esta decisão "foi muito mal comunicada". Polémica ainda, outra declaração de Campos Fernandes, a 10 de Novembro: «O País está velho, está pobre, está só e em muitas circunstâncias entregue a si próprio.» Digna de um político da oposição.

 

 

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Figura internacional do mês

Virar de página no Zimbábue: a antiga colónia britânica da Rodésia do Sul viu-se finalmente livre do jugo do ditador Robert Mugabe, que dirigia o país com mão de ferro desde a independência, em 1980. O novo chefe do Estado é o antigo número 2 do regime zimbabuano, Emmerson Mnangagwa, que no discurso de posse, a 24 de Novembro, apelou à reconciliação nacional e prometeu "eleições livres e justas" no próximo ano. Mugabe, de 93 anos, era o segundo dirigente africano há mais tempo no poder, apenas ultrapassado pelo ditador da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang.

 

 

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Facto nacional do mês

Cerca de 80% do País permaneceu todo o mês em situação de seca severa ou extrema, com rios e albufeiras revelando níveis de água historicamente baixos. Concelhos do interior, como no distrito de Viseu, tiveram de ser abastecidos com camiões cisterna, enquanto o gado era alimentado a rações por absoluta falta de pasto, perante o desespero dos criadores. O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, admitou a 22 de Novembro que a situação demorará muito tempo a resolver mesmo que a chuva se torne mais regular nos próximos meses.

 

 

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Facto internacional do mês

A Catalunha, intervencionada pelo Governo central em Outubro, entrou em campanha para eleger o próximo Parlamento regional, a 21 de Dezembro, com o anterior presidente do Executivo, Carles Puigdemont, ainda refugiado em Bruxelas e o ex-vice-presidente Oriol Junqueras detido às ordens da justiça, em Madrid, por alegado crime de sedição. O primeiro, do seu exílio belga, continuou a exigir a "libertação dos presos políticos" em Espanha. Apesar disso, e arrefecidos já os ânimos independentistas como as sondagens têm reflectido, confirmou-se o isolamento internacional de Puigdemont: nenhum país reconheceu a independência unilateral da Catalunha.

 

 

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Frase nacional do mês 

«Sou heterossexual, infelizmente.» Frase proferida por António Lobo Antunes, em entrevista à RTP, a 9 de Novembro. Frase sonante, uma entre tantas que o escritor foi proferindo ao longo de um mês inesperadamente fértil em declarações aos jornalistas - ele que nem sempre costuma estar receptivo para encontros com os órgãos de informação. Promovendo o seu mais recente romance, intitulado Até que as pedras se tornem mais leves que a água, o autor de Auto dos Danados declarou sem falsas modéstias a 10 de Novembro, em entrevista ao Público: «É claro que é um grande romance. Fui eu que o escrevi.»

 

 

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Frase internacional do mês 

«Porque é que Kim Jong-un me insulta, chamando-me "velho", se eu nunca lhe chamaria "baixo" e "gordo"?» A frase pode soar a brincadeira, mas foi escrita a sério. Pelo suspeito do costume: o actual inquilino da Casa Branca. Donald Trump recorreu ao seu instrumento de comunicação favorito, a rede social Twitter, para exprimir este desabafo à laia de resposta ao ditador de Pyongyang. Numa escalada verbal que faz antever problemas sérios com epicentro na península coreana, que se encontra desde 1950 oficialmente em estado de guerra.

Outubro de 2017: os meus votos

Pedro Correia, 05.11.17

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Figura nacional do mês

É o português com mais projecção internacional: Cristiano Ronaldo recebeu pela quinta vez o troféu de melhor jogador do mundo que lhe foi entregue pela FIFA - organismo máximo do futebol - numa gala realizada em Londres, a 23 de Outubro. Justa distinção ao capitão da selecção nacional pelo seu desempenho na época desportiva anterior, em que contribuiu para a conquista da Liga dos Campeões, do campeonato espanhol e do Mundial de clubes (com a camisola do Real Madrid) e para o terceiro lugar da equipa das quinas na Taça das Confederações, em que Portugal participou pela primeira vez.

 

 

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Figura internacional do mês

O mês começou com uma vitória de Pirro do presidente do Executivo da Catalunha, Carles Puigdemont, num referendo sobre a independência da Catalunha que violou a Constituição de 1978 e o Estatuto Autónomico da região. Nem o Estado espanhol nem a comunidade internacional validaram esta consulta, nem a declaração unilateral da independência que logo se seguiu, forçando o Governo de Mariano Rajoy a accionar a cláusula da lei fundamental que suspende as instituições autonómicas. Destituído do cargo e convocado pela justiça, Puigdemont fugiu a 30 de Outubro para a Bélgica, onde promete liderar a "resistência" a Madrid.

 

 

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Facto nacional do mês

Ainda traumatizado pelo drama de Pedrógão Grande, o País viu-se confrontado com uma tragédia de proporções ainda mais vastas, na fatídica data de 15 de Outubro, em que a área florestal de dezenas de concelhos do interior e até do litoral foi total ou parcialmente destruída pelas chamas. Viseu, Coimbra, Leiria, Castelo Branco, Braga, Aveiro e Guarda foram os distritos mais afectados pelos incêndios, que provocaram a morte de 45 pessoas, arrasaram empresas, pastos e áeas de cultivo, inutilizaram aldeias, cercaram cidades, calcinaram o pinhal de Leiria e deixaram um rasto de devastação com prejuízos ainda difíceis de contabilizar. No plano político, a tragédia levou à  demissão da ministra da Administração Interna e a um reajustamento no elenco governamental.

 

 

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Facto internacional do mês

Turbulência total na Catalunha, com uma sucessão de acontecimentos alucinantes ao longo do mês: referendo ilegal no dia 1, declaração unilateral da independência em Barcelona (dia 10), logo seguida da  suspensão dos efeitos do acto separatista, aprovação no Senado espanhol do artigo 155.º da Constituição que  revoga a autonomia (dia 27), convocação de eleições antecipadas na Catalunha para 21 de Dezembro, fuga para Bruxelas do presidente cessante do Governo regional, acusado - tal como outros ex-membros do executivo - de rebelião, sedição e peculato pela justiça espanhola. O processo tem vindo a causar sérios danos à economia catalã: cerca de duas mil empresas regionais já transferiram a sede social para outras zonas de Espanha, o turismo baixa e o desemprego aumenta.

 

 

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Frase nacional do mês 

«Temos um país devastado. O Estado falhou e temos um Governo fragilizado. Só aceitaria este cargo estando motivado. Por isso claro que estou motivado.» Palavras francas e desassombradas, pronunciadas pelo novo ministro adjunto Pedro Siza Vieira a 19 de Outubro, ainda antes de tomar posse, em declarações ao jornal digital Eco, que assim conseguiu ultrapassar a concorrência. Siza Vieira, um advogado muito próximo de António Costa, exprimiu sem rodeios aquilo que a esmagadora maioria dos portugueses pensa após duas sucessivas tragédias que deixaram o País mais pobre, mais ferido, mais desolado e mais triste.

 

 

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Frase internacional do mês 

«São momentos muito complexos, mas seguiremos adiante. Porque acreditamos no nosso país, sentimo-nos orgulhosos do que somos. Porque os nossos princípios democráticos são fortes, são sólidos. E são-no porque assentam no desejo de milhões e milhões de espanhóis de conviver em paz e em liberdade.» Palavras do Rei de Espanha, Filipe VI, no mais difícil momento do seu reinado, iniciado em Junho de 2014. Palavras proferidas a 3 de Outubro num discurso de seis minutos, na sequência imediata do referendo ilegal na Catalunha, algo que - segundo o monarca - configurou uma "inadmissível deslealdade perante os poderes do Estado" e de quem os representa em solo catalão.

Setembro de 2017: os meus votos

Pedro Correia, 21.10.17

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Figura nacional do mês

Um dos cantores mais populares do chamado "país profundo", que também se assume como autor das canções que interpreta, viu-se em xeque quando a 13 de Setembro se soube que era de alvo de queixas judiciais por plágio de diversos temas estrangeiros, nomeadamente em língua francesa e língua espanhola. Tony Carreira, que enfrenta já uma acusação formal do Ministério Público, admite ter "errado", embora se diga vítima de uma vingança.

 

 

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Figura internacional do mês

Angela Merkel conduziu a sua União Democrata Cristã ao quarto triunfo eleitoral consecutivo a nível nacional, vencendo as legislativas de 23 de Setembro, com 33%. Embora esta tenha sido a percentagem mais baixa da CDU desde 1949, o Partido Social Democrata - principal rival da CDU - ficou bastante atrás, com apenas 20,5%. A maior progressão coube à Alternativa para a Alemanha, da direita nacionalista, em terceiro nas urnas, com 12,6%. A chanceler alemã, em funções desde 2005, prepara-se para formar nova coligação, desta vez com liberais e verdes.

 

 

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Facto nacional do mês

A 15 de Setembro, a agência de notação de risco de crédito Standard & Poor's elevou a classificação da dívida pública portuguesa de especulativa para investimento, retirando Portugal de qualquer referência associada a "lixo" financeiro. Boa notícia para o País, que estava desde Janeiro de 2012 sob avaliação negativa desta influente agência internacional. E também para o Governo, a duas semanas das autárquicas, já com as caravanas eleitorais embaladas na campanha.

 

 

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Facto internacional do mês

Catalunha viveu um mês de enorme turbulência, num processo destinado a culminar a 1 de Outubro num referendo convocado pelo Governo de Barcelona para validar a independência do território - desígnio conjunto da direita nacionalista e da extrema-esquerda anticapitalista. A "lei da desconexão", aprovada após dois dias de efervescente sessão parlamentar na madrugada de 8 de Setembro na capital catalã, é contestada pelas forças políticas constitucionalistas (PP, PSOE e Cidadãos) e não tardou a ser travada pelo Tribunal Constitucional.

 

 

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Frase nacional do mês 

«No limite, pode não ter havido furto nenhum [em Tancos]. Porquê? Como não temos prova visual, como não temos prova testemunhal, como não temos confissão, por absurdo, podemos admitir que o material já não existisse.» A declaração, sem dúvida bizarra, não partiu de nenhum comediante. Foi proferida pelo ministro da Defesa Nacional, em entrevista difundida a 10 de Setembro pelo Diário de Notícias e pela TSF. Deixando o País ainda mais perplexo do que já estava. E outro mês chegou ao fim sem se saber nada sobre Tancos.

  

 

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Frase internacional do mês 

«A igreja não é uma alfândega. Não podemos ser cristãos sempre prontos a levantar o estandarte da proibição. A Igreja não é nossa, é de Deus e nela todos cabem.» Palavras do Papa Francisco, proferidas a 9 de Setembro, na homilia da missa campal que celebrou em Medellín - momento culminante da visita do líder da Igreja Católica à Colômbia. A chuva, copiosa, não afugentou os fiéis: Francisco contou com um milhão de pessoas em seu redor.

Agosto de 2017: os meus votos

Pedro Correia, 17.09.17

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Figura nacional do mês

Numa prova inédita nas competições desportivas internacionais ao mais alto nível, os 50 km marcha, Inês Henriques subiu ao pódio a 13 de Agosto ao conquistar a medalha de ouro no Campeonato do Mundo disputado em Londres, estabelecendo também um recorde mundial da modalidade. Justo momento de glória para esta atleta de 37 anos, oriunda de Rio Maior. Por uma vez o atletismo superou o futebol nas capas dos jornais.

 

 

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Figura internacional do mês

Virar de página em Angola: José Eduardo dos Santos abandonou enfim a chefia do Estado, após 38 anos em funções. Mas o poder continua a pertencer à cúpula do MPLA, agora confiado ao ministro da Defesa, o general na reserva João Lourenço, vencedor da eleição presidencial de 23 de Agosto, com 61% dos votos. Apesar dos protestos da oposição, que alegou fraude eleitoral, os observadores internacionais avalizaram o escrutínio. Lourenço, de 63 anos, é diplomado em História e aprecia xadrez e equitação.

 

 

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Facto nacional do mês

Os incêndios prosseguiram a sua acção devastadora ao longo do mês de Agosto, confirmando 2018 como um dos piores de sempre em matéria de fogos florestais. Registaram-se 268 fogos num só dia, a 12 de Agosto, mas este máximo foi superado no dia 20, quando houve 304 incêndios simultâneos. O mês chegou ao fim com mais 23,4% de área ardida do que a média dos dez anos anteriores. Até 31 de Agosto tinham ardido 214 mil hectares nas matas, florestas e pomares portugueses.

 

 

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Facto internacional do mês

O terrorismo voltou a fazer vítimas numa grande cidade. Desta vez em Barcelona, a 17 de Agosto, quando um veículo a grande velocidade investiu contra os transeuntes que passeavam numa zona pedonal das Ramblas - o coração turístico e comercial da segunda maior cidade espanhola. Balanço trágico: 16 mortos - incluindo duas portuguesas, avó e neta - e mais de 130 feridos. Os responsáveis foram abatidos horas depois em Cambrils, também na Catalunha, onde preparavam novo atentado, reivindicado pelo Daesh.

 

 

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Frase nacional do mês 

«O Governo fez a maior reforma que a floresta conheceu desde os tempos de D. Dinis.» A 13 de Agosto, enquanto o País ardia e a Assembleia da República permanecia de portas fechadas devido às férias estivais, o ministro da Agricultura achou por bem proferir esta fogosa declaração - elogio em boca própria - numa entrevista à Lusa. D. Dinis, por vários motivos, passou à história. É duvidoso que o mesmo venha a acontecer com Capoulas Santos.

  

 

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Frase internacional do mês 

«É melhor que a Coreia do Norte não faça mais ameaças aos EUA. Vai enfrentar fogo e fúria como o mundo nunca viu.» Estávamos a 8 de Agosto quando o Presidente norte-americano, numa das suas habituais bravatas, falou desta maneira, procurando pôr em sentido o seu homólogo de Pyongyang. Com isto parece ter acirrado ainda mais o regime totalitário de Kim jong-il, agora dotado de armamento nuclear. A península coreana é por estes dias o local mais perigoso do planeta.

Julho de 2017: os meus votos

Pedro Correia, 26.08.17

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Figura nacional do mês

Obscuro comentador futebolístico num canal de televisão, o candidato do PSD à Câmara de Loures transformou-se em figura nacional com a ajuda do Bloco de Esquerda. «Não compreendo que haja pessoas à espera de reabilitação nas suas habitações quando algumas famílias, por serem de etnia cigana, têm sempre a casa arranjada», declarou a 12 de Julho André Ventura ao jornal digital Notícias ao Minuto. O Bloco apressou-se a apresentar  queixa-crime por difamação e discriminação. O CDS, que apoiava o candidato, retirou-lhe apoio. O benfiquista Ventura conseguiu o que queria: hoje todos falam dele.

 

 

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Figura internacional do mês

Luisa Ortega, procuradora-geral da Venezuela e hoje a principal adversária do ditador Nicolás Maduro. Oriunda das fileiras do regime socialista instaurado pelo falecido Hugo Chávez, foi-se distanciando de Maduro, opondo-se em Abril à tentativa de dissolução da Assembleia Nacional, única estrutura de poder que o Presidente não controla, denunciando a "ruptura da ordem constitucional" posta em marcha no país. Mandou investigar casos de corrupção protagonizados pelas mais altas figuras do regime e a brutal repressão que causou mais de 120 mortos em três meses. Autêntica mulher-coragem: ainda ouviremos falar muito dela.

 

 

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Facto nacional do mês

Depois da tragédia de Pedrógão Grande, que comoveu o País e impressionou o mundo, Portugal continuou em chamas. No final do mês de Julho já tinham ardido 118 mil hectares de área florestal e agrícola. Em zonas tão diferentes como  Alijó e MaçãoMértola e AbrantesCoimbra e Sertã. Uma situação de calamidade nacional, entre críticas generalizadas de falhas das comunicações e da protecção civil.

 

 

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Facto internacional do mês

A Casa Branca, com Donald Trump, continua a assemelhar-se a uma porta giratória, surgindo aos olhos do mundo como um foco permanente de instabilidade. Na própria equipa presidencial vão-se sucedendo as demissões. Em menos de duas semanas, Trump perdeu dois colaboradores muito próximos: a 21 de Julho demitiu-se o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer; dez dias depois, saía o recém-entrado director de comunicação, Anthony Scaramucci. O anterior, Mike Dubke, abandonara funções em Maio. Também em Julho, o Presidente perdeu o seu chefe de gabinete, Reince Priebus, e viu partir o director do gabinete de ética, Walter Shaub. Em Fevereiro, exonerara o conselheiro de segurança, Michael Flynn, que só esteve um mês em funções.

 

 

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Frase nacional do mês 

«Depois de termos levado um soco no estômago, os chefes militares levantaram logo a cabeça.» A insólita declaração foi proferida a 11 de Julho no Palácio de São Bento, após uma reunião entre o primeiro-ministro e comandos militares, pelo chefe máximo das Forças Armadas, general Artur Pina Monteiro. A propósito do assalto aos paióis de Tancos, ainda por esclarecer. O caso não tardou a entrar no anedotário nacional. «Conheço galinheiros mais bem guardados do que o paiol de Tancos», ironizou Miguel Sousa Tavares.

  

 

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Frase internacional do mês 

«Pode saber que eu 'tou no jogo».» Foi assim, ensaiando uma fuga para a frente, que o ex-presidente brasileiro Lula da Silva reagiu em 13 de Julho à notícia de que fora condenado a 9 anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no âmbito do processo "Lava Jato". Lula, que ocupou o Palácio da Alvorada entre 2003 e 2011, anunciou recurso desta sentença condenatória e, em simultâneo, revelou que será candidato à eleição presidencial de 2018.

Junho de 2017: os meus votos

Pedro Correia, 15.07.17

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Figuras nacionais do mês

Dois governantes em foco por péssimos motivos: Constança de Sousa, titular da pasta da Administração Interna, surgiu chorosa frente às câmaras da televisão mas incapaz de esclarecer a descoordenação dos serviços sob a sua tutela que originaram o colapso da protecção civil em Pedrógão Grande; Azeredo Lopes, detentor da pasta da Defesa, disse assumir responsabilidades perante o maior roubo de armamento bélico alguma vez ocorrido em Portugal, nos paióis de Tancos, mantendo-se no entanto em funções. Continuam ministros, resta ver até quando.

 

 

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Figura internacional do mês

Surdo aos avisos dos cientistas sobre os riscos do aquecimento global provocados pelos gases poluentes, Donald Trump anunciou a 1 de Junho que os EUA deixariam de estar vinculados ao Acordo do Clima, isolando-se dos aliados europeus de Washington e juntando-se à Síria e à Nicarágua, únicos países que recusaram assinar o documento. Esta decisão, concretizando uma promessa eleitoral do actual inquilino da Casa Branca, valeu duras críticas a Trump - tanto mais que os EUA são, logo após a China, o segundo país mais poluidor do planeta.

 

 

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Facto nacional do mês

Não há memória de um incêndio tão mortífero assim. Os portugueses não esquecerão a tragédia de Pedrógão Grande, com as chamas a devorarem árvores, mato, casas, carros e lamentavelmente também pessoas. O balanço deste fogo florestal - que alastrou aos concelhos de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera - foi dantesco: 64 pessoas mortas, 254 feridas (muitas em estado grave), 150  famílias desalojadas e quase 50 mil hectares de floresta reduzidos a cinzas.

 

 

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Facto internacional do mês

Quase todos os observadores e a esmagadora maioria dos politólogos abriram a boca de espanto: em 14 meses, Emmanuel Macron virou a política francesa do avesso. Criou um partido novo, chamado República em Marcha. Venceu as presidenciais, fez implodir os socialistas e a direita clássica, e conseguiu uma vitória esmagadora nas eleições parlamentares desenroladas em duas voltas, a 11 e 18 de Junho, com 314 dos 577 deputados da Assembleia Nacional. Há um ano ninguém era capaz de lhe antever tal sucesso. 

 

 

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Frase nacional do mês 

«Que venha a chuva. Bom dia.» Foi assim que a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, se exprimiu na sua conta do Twitter a 19 de Junho, reforçando implicitamente a tese governamental de que a tragédia de Pedrógão se deveu em exclusivo a "causas naturais". Vão distantes os tempos em que o BE, noutro ciclo governativo e perante incêndios muito menos mortíferos, bradava: «A incompetência do Governo não pode encontrar justificação na meteorologia.»

  

 

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Frase internacional do mês 

«Não sou mulher, portanto não tenho dias maus.» A elegante frase foi proferida pelo Presidente russo Vladimir Putin numa longa entrevista de quatro horas conduzida pelo cineasta Oliver Stone, dividida em quatro blocos e estreada a 12 de Junho na CBS norte-americana. The Putin Interviews terá escandalizado algumas feministas, mas deste lado do Atlântico não houve notícia de grandes protestos.

Maio de 2017: os meus votos

Pedro Correia, 17.06.17

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Figura nacional do mês

Primeiro português a sagrar-se vencedor do Festival da Eurovisão. Cinquenta e três anos depois da primeira participação de um representante nacional (António Calvário, com Oração) neste certame, acompanhado por cerca de 200 milhões de pessoas em dezenas de países. De quase desconhecido até 13 de Maio, Salvador Sobral passou a andar nas bocas do mundo - e não apenas em Portugal.

 

 

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Figura internacional do mês

Emmanuel Macron, um centrista liberal que durante dois anos foi ministro da Economia do Executivo socialista tutelado por François Hollande, emergiu como o grande vencedor das presidenciais francesas, derrotando por larga margem a sua oponente na segunda volta, Marine Le Pen. O mais jovem inquilino do Palácio do Eliseu saiu vencedor do escrutínio, a 7 de Maio, com 66% dos votos expressos.

 

 

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Facto nacional do mês

O Executivo laico e socialista de António Costa concedeu tolerância de ponto aos funcionários públicos que quiseram ver o Papa. E muitos assim o fizeram, juntando-se à multidão que a 12 e 13 de Maio acompanhou a visita de Francisco a Fátima, onde presidiu à cerimónia de canonização dos videntes Jacinta e Francisco, um século após as aparições na Cova da Iria.

 

 

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Facto internacional do mês

O Reino Unido voltou a ser sobressaltado por um atentado terrorista, desta vez em Manchester. Ocorreu a 22 de Maio, no exterior de uma sala de espectáculos, durante um concerto da cantora Ariana Grande. Balanço trágico: 22 mortos - incluindo várias crianças - e 199 feridos, 23 dos quais em estado muito grave. Foi o pior ataque terrorista em Inglaterra desde os atentados bombistas de Londres no Verão de 2005

 

 

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 Frase nacional do mês 

«A nossa economia está a virar. Já tínhamos essa intuição há seis meses e mais claramente há quatro meses. Mas hoje temos a certeza de que está a virar.» Declaração do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, proferida a 16 de Maio, perante empresários no 14.º Encontro Anual de Inovação da Cotec-Portugal, em Matosinhos. Palavras optimistas que agradaram certamente ao primeiro-ministro.

  

 

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Frase internacional do mês 

«Este partido socialista está morto.» Assim falou, sem papas na língua, o ex-primeiro-ministro Manuel Valls, um socialista que liderou o Executivo francês entre Março de 2014 e Dezembro de 2016. A frase foi proferida a 9 de Maio, na sequência imediata da segunda volta das presidenciais. Na primeira, o candidato do PS francês, Benoit Hamon, foi arrasado nas urnas, com apenas 6,3% dos votos.

Abril de 2017: os meus votos

Pedro Correia, 02.05.17

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Figura nacional do mês

Completado o primeiro mês integral do segundo ano de mandato, o Presidente da República continua com uma popularidade estratosférica: 60% de opiniões positivas, segundo o barómetro mensal do Expresso. Quase duplicando a do primeiro-ministro, com quem continua a manter um impecável entendimento institucional, muito apreciado pelos portugueses.

 

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Figura internacional do mês

O centrista Emmanuel Macron, que durante dois anos foi ministro da Economia do Executivo socialista tutelado por François Hollande, venceu a 23 de Abril a primeira volta da eleição presidencial francesa, impondo-se ao conservador François Fillon, ao pró-comunista Jean-Luc Mélenchon e ao socialista Benoit Hamon. Com 24% dos votos, este banqueiro de 39 anos é o favorito ao triunfo na segunda volta, que disputará a 7 de Maio com Marine Le Pen (21,3%). 

 

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Facto nacional do mês

Há oito anos que não acontecia: a taxa oficial do desemprego deixou enfim de ter dois dígitos, cifrando-se agora em 9,9%, segundo dados divulgados a 28 de Abril pelo Instituto Nacional de Estatística, com as estimativas provisórias referentes ao mês de Março a situar-se em 9,8%. Esta é a percentagem mais baixa de desempregados em Portugal desde Fevereiro de 2009, quando se cifrou em 9,7%.

 

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Facto internacional do mês

Durante todo o mês de Abril, a crise política e social aprofundou-se na Venezuela. Com dezenas de mortos em protestos de rua reprimidos pela força militar convocada pelo Presidente Nicolás Maduro, saques de lojas, carência absoluta de víveres e medicamentos, perseguição a jornalistas e uma situação de caos económico no país, que apesar de exportar petróleo tem um PIB negativo de 18% e a mais alta taxa de inflação do mundo, avaliada em 1660%.

 

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 Frase nacional do mês 

«A electricidade não é cara. As casas é que estão mal construídas.» Esta frase vem de um suspeito na matéria: o presidente da EDP, António Mexia, em entrevista concedida a 7 de Abril à TSF. Proferida talvez com involuntário sentido de humor no país da União Europeia que continua a praticar os  preços mais elevados de luz e gás destinados ao consumo doméstico.

 

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Frase internacional do mês 

«Pensava que seria mais fácil. Tenho saudades da minha antiga vida.» Desabafo inesperado do novo inquilino da Casa Branca ao cumprirem-se os primeiros cem dias de mandato, a 28 de Abril. A frase surgiu numa entrevista à Reuters destinada a fazer um balanço do curto e já tão polémico trajecto presidencial do magnata que é hoje o homem mais poderoso do planeta mas suspira pela "vida antiga" que levava, afastado dos holofotes globais.