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Delito de Opinião

O escândalo Volkswagen.

Luís Menezes Leitão, 28.09.15

O escândalo Volkswagen constitui um exemplo típico da forma como as empresas podem usar os desenvolvimentos tecnológicos para a fraude e como tantos discursos sobre a corporate responsability afinal podem conduzir a isto.

 

O software na indústria automóvel tem contribuído para tornar os automóveis mais seguros. Um dos exemplos é o ABS que permite perceber quando o carro está em derrapagem com uma roda a deslizar sem rodar, compensando a situação travando e libertando as rodas. A empresa lembrou-se de usar o mesmo princípio para detectar se o carro estava a ser usado não em estrada, mas num banco de ensaios, recolhendo como indícios só estarem a rodar as rodas da frente (as únicas com tracção) ou o volante estar fixo, ou o carro estar numa altura maior ou sem alterações na pressão atmosférica exterior. Nesses casos, o motor reduzia a emissão de gases poluentes, permitindo bons resultados nos testes.

 

Como aqui se explica, o assunto só foi descoberto porque na América surgiu uma associação privada, o International Council on Clean Transportation, que decidiu fazer testes às emissões dos carros na estrada, descobrindo que o VW Passat tinha emissões 5 a 20 vezes superiores aos resultados anunciados. Contactada a Volkswagen, esta respondeu que tinha sido um erro de medição nos testes feitos pelo ICCT. Este não ficou, porém, satisfeito, denunciando o assunto publicamente, desencadeando a intervenção da United States Environmental Protection Agency (EPA). Esta pressionou várias vezes a Volkswagen para explicar o que se estava a passar, mas esta limitava-se a dizer que se tratava de meras falhas técnicas. Até que a EPA informou a Volkswagen de que, se o assunto não fosse esclarecido, proibiria a comercialização dos carros nos Estados Unidos. Só com essa ameaça a Volkswagen confessou a criação do software. A EPA deu então uma resposta lapidar: o assunto deixa de ser da nossa competência e passa para a esfera do Departamento de Justiça. Ao mesmo tempo, nos Estados Unidos estão a ser preparadas inúmeras class actions contra a Volkswagen, com um exército de advogados americanos a querer representar os compradores de carros enganados.

 

A Volkswagen corre o risco assim de enfrentar inúmeros processos a nível mundial, que no limite podem pôr em causa a sua própria sobrevivência. É extraordinário que uma fábrica que sobreviveu à destruição total após a II Guerra Mundial e chegou a ser um ícone da cultura pop com modelos como o Carocha e o Pão de Forma, tenha agora a sua sobrevivência ameaçada por um escândalo desta proporção. E que sucedeu ao seu CEO Martin Winterkor, responsável por este escândalo? Foi para casa com uma indemnização de 28 milhões de dólares. Há algo de muito errado em tudo isto.

Os Meus Carros (8)

João Carvalho, 20.04.12

 

Podia viver-se sem um Volkswagen? Podia, mas não era a mesma coisa. Vários foram os modelos do velho 'Beetle' ou 'Carocha' que fizeram parte da minha vida ao longo dos anos.

O primeiro foi um 1300L com tecto rectangular de abrir (em chapa da cor da carroçaria, que era cor de areia), que andou lá por casa entre um carro que tinha saído e outro que ainda estava para entrar. Na casa paterna, foi o único VW que pisou a garagem.

Mais tarde, por volta de 1970, tive eu um 1302 azul.

Depois de regressar de Macau e como segundo carro, tive um 1303S também com tecto rectangular de abrir (em chapa da cor do carro, que era branco).

Pelo meio, houve ainda um veterano de 1956, com óculo traseiro oval e setas laterais em vez de pisca-piscas. Perdi-o porque só andou na minha mão por afinidade...

Mais recentemente, não consegui alcançar a tempo um 1303 Karmann Cabriolet da última série alemã (1979), devidamente homologado pelo Clube Português de Automóveis Antigos (CPAA). Mas ainda não desisti de voltar a ter mais um Volkswagen clássico, original e reconhecido pelo CPAA, Cabrio ou não.

 

VW Huichol

João Carvalho, 10.03.12

 

Este Pulguita ou Vochito (o Beetle ou Carocha no México), assim artesanalmente vestido à huichol, é o VW tribal wixáritari mais mexicano do mundo.

Para os mais distraídos, aqui fica um apontamento: os huichóis constituem um grupo étnico indígena do México centro-ocidental que habita na Sierra Madre Occidental; devido ao isolamento e resistência à evangelização em que vivem, mantêm muitos dos seus traços culturais originais; autodenominam-se wixáritari (o povo) na sua língua nativa, a que chamam wixárika.

VW Mariscar

João Carvalho, 22.02.12

 

Este New Beetle mascarado de Old Lobster já tinha vindo aqui. Mas agora sabe-se que está registado em Boston (Massachusetts, EUA), cidade onde foi encontrado quando estava estacionado numa bela rua. Quanto à roupagem, pertence a um conhecido restaurante-marisqueira de Boston que tem fama de servir a melhor lagosta da cidade e do Estado de Massachusetts. Por cima dos guarda-lamas traseiros está o telefone para o qual podem ligar e fazer marcações.

Sabia que... (18)

João Carvalho, 18.04.10

... o Jardim Botânico de Montréal (Canadá) é um dos maiores, mais belos e mais completos do mundo? Pois é: tem 30 grandes zonas temáticas, muitas exposições permanentes e temporárias, diversas actividades associadas à terra, vegetação, plantação, cultivo e produção, espaços-habitat das espécies mais interessantes de insectos (como borboletas, joaninhas, etc.) e... um VW florido.

Não há dúvida: o velho Beetle ou Coccinelle (para usar o nome corrente nas duas línguas dominantes no Canadá), o nosso "Carocha", deixou de ter nacionalidade a tornou-se uma peça do mundo.