Domingo de sol
Uma tinha uns óculos grandes que lhe ficavam bem, o cabelo comprido e solto, uma sainha preta; a outra um rabo de cavalo, uns leggings. Ambas esfusiantes de boa disposição. Nem Lolitas eram, nenhuma tinha ainda peito – deviam andar pelos onze, doze anos.
Afastavam-se e a mãe (suponho que era a mãe) chamou e a do rabo de cavalo, virando-se, disse, terminante, mostrando a palma da mão como quem está a mandar parar: Agora não, temos uma missão a cumprir!
Chamou então a outra, a dos óculos, que disse concentradamente: Definitivamente não é altura!
E ambas desceram para o campo de jogos da freguesia onde uns miúdos da mesma idade ou por aí jogavam a bola.
E eu fiquei a pensar: Juventude perdida que nada, exprimem-se bem e tão novinhas já têm uma noção nítida da hierarquia dos interesses.