Despontou para a popularidade mundial - que lhe há-de trazer muitos proventos - graças a Alexis Tsipras, o líder do Syriza. Ministro das Finanças, encarou aparentemente sem um pingo de vergonha o facto de a Grécia ter entrado em incumprimento perante o FMI (o que equipara o país ao Sudão, ao Zimbábue e à Somália).
Entrou à campeão, proclamando a 30 de Janeiro: "A Grécia não reconhece a tróica como nossa interlocutora." Estava dado o tom.
Chamou "terroristas" aos credores e não conseguiu estabelecer uma relação de confiança com nenhum dos seus parceiros do Eurogrupo em sucessivas cimeiras falhadas que consumiram tempo e energias de todos. Chegou a dizer que preferia "cortar um braço" a assinar um acordo com as instituições europeias sem prévia reestruturação da dívida. Ordenou o encerramento dos bancos, impondo um drástico limite aos levantamentos: desde então têm dado volta ao mundo as imagens de milhares de gregos aguardando em longas filas junto aos multibancos para conseguir obter dinheiro, cada vez mais escasso.
Abandonou o Governo no pior momento, deixando Tsipras isolado. Marxista assumido, cedeu aos interesses da poderosa Igreja Ortodoxa, principal proprietária de bens e terrenos no país, isentos de impostos, e dos milionários armadores helénicos, que também gozam de imunidade fiscal. Foi incapaz de propor cortes drásticos ao orçamento militar no país europeu da NATO que consome maior fatia orçamental no sector da defesa. Nem sequer instituiu um organismo independente e credível para aferir as estatísticas oficiais - algo que nunca existiu na Grécia.
Quando iniciou funções, a Comissão Europeia previa para 2015 um crescimento de 2,5% da economia helénica. Quando abandonou o executivo, a mesma entidade antevia uma queda de 4% do produto grego para este ano.
A todo o momento pensou nele - e só nele. Quando surgia com o seu cachecol Burberry e a sua potente motorizada. E quando se submeteu voluntariamente a uma glamorosa sessão fotográfica para a ultra-burguesa revista Paris Match.
Durante cinco meses pavoneou-se perante as luzes da ribalta. Quando Tsipras precisou dele numa semana em que a Grécia resvalou perigosamente o abismo, desertou. Imitou Pilatos, invocando estar "de férias com a filha" para faltar à crucial votação parlamentar que mandatou o primeiro-ministro a negociar o destino das finanças gregas com as instituições europeias.
Agora, como se nunca tivesse passado pelo Governo, apressa-se a mandar bitaites. Dizendo coisas como esta: "O projecto de integração europeia foi ferido de morte." Ou esta: "O que saiu da cimeira foi uma completa anulação da soberania grega", transformando o país num "vassalo do Eurogrupo."
Facas espetadas nas costas de Tsipras. No pior momento possível.
E ainda há por aí quem seja capaz de elogiar Yanis Varoufakis...