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Delito de Opinião

Em revista com vampiros

Maria Dulce Fernandes, 01.02.23

 

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Deixem que vos conte dos vampiros.

Contrariamente ao que reza o populário, os vampiros não são seres mitológicos que deambulam pelas sombras, alimentando-se da energia dos vivos, lambuzando-se abundantemente em hemoglobina, até saciarem a fome e exaurirem a vítima. À primeira vista, nem são criaturas aterradoras como o Nosferatu, apesar de partilharem toda a sua essência destrutiva e parasitária.

O conceito de vampiro existe desde tempos imemoriais. Em quase todas as culturas clássicas e pré-clássicas existem lendas de demónios e monstros, antepassados de outros mais contemporâneos que assolaram o Leste da Europa nos primórdios do século XVIII, e cujas hediondas carnificinas deram origem ao actual vampiro e a famosos romances de terror nele fundamentados, desde Varney the Vampire de James Malcolm Rymer ou Carmilla de Sheridan Le Fanu, passando pelo Drácula de Bram Stoker e chegando ao presente, onde pontuam coisas engraçadas como Vampire Chronicles, de Anne Rice ou The Southern Vampire Mysteries de Charlaine Harris, e claro, a inenarrável saga Twilight de Stephenie Meyer, cujos nauseantes best sellers em quatro tomos foram adaptados ao cinema, quatro filmes considerados também blockbusters e criando toda uma subcultura vampírica  a nível global.

Em Portugal, desde meados do século XIX, o termo vampiro é politicamente co-relacionado.

Actualmente, o Vampiro Português é outro. É uma mutação, uma aberração mais desvairada do que o próprio monstro. Não é bonito, não é charmoso, nem sequer muito inteligente. É um estrige espertalhão.

É entediante, arrogante, relapso e contumaz, descendente de uma cultura que vem assolando há anos o extremo ocidente da Europa, numa onda corrupta de promiscuidade por demais evidente e comprovada.

Não faz muito tempo em que, e segundo a tradição, conseguiu encantar o incauto e imprudente plebeu, que o convidou a entrar em sua casa, onde se banqueteou até esgotar toda a sua essência vital. Desfigurou e transmudou tudo o que era legítimo numa amálgama acachapante que corta a respiração, tolda a visão e embota a razão.

Sugou-nos o sangue, deixou-nos os ossos, porque  o suor e as lágrimas ainda estarão para vir, mas acredito que vai chegar um dia em que o sol brilhará, ou então precisamos urgentemente dum Van Helsing, mas uma pessoa de carne e osso e com capacidades comprovadas e não uma figura de (pouca) acção de fabrico em série e made in China.

(Imagens Google)