O novo inquérito a Constâncio.
Face a estas declarações, imagino quais sejam as questões a pôr a Constâncio no inquérito parlamentar:
— Lembra-se do seu nome?
— Sabe em que lugar está?
— Em que ano estamos?
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Face a estas declarações, imagino quais sejam as questões a pôr a Constâncio no inquérito parlamentar:
— Lembra-se do seu nome?
— Sabe em que lugar está?
— Em que ano estamos?
Só hoje vi melhor as figuras de Vítor Constâncio nas suas respostas à comissão parlamentar sobre as suas responsabilidades nos dez anos em que exerceu o cargo de presidente do Banco de Portugal. Constâncio não tem qualquer memória da sua actividade de dez anos naquela cadeira e nem tem memória dos avisos que recebeu e das pessoas com quem falou de assuntos delicados. A mesma atitude de "não me lembro de nada" e "não tenho ideia" que já tínhamos visto a Zeinal Bava e Ricardo Salgado, e já agora, ao ainda titular Carlos Costa. A conclusão a que chego é que aquelas salas têm uma propensão para a amnésia. É melhor fazerem as audições noutro lado.
É bom recordar que Constâncio, tido como "genial" e "brilhante" (se vivesse 100 anos antes seria a inspiração directa para o "talentoso Pacheco", de A Correspondência de Fradique Mendes, de Eça), era líder do PS em 1987. Cavaco Silva ganhou as legislativas desse ano com 50% dos votos. O PS, liderado pela ex-Presidente do BdP, teve 22%, e a CDU de Álvaro Cunhal, já sem o MDP-CDE, ligeiramente mais de 12%. Ramalho Eanes e Adriano Moreira, respectivamente à frente do PRD e do CDS, e hoje tidos como referências morais da política portuguesa, não chegaram em conjunto aos 10%. Antes de estarmos sempre a verberar os políticos, que não caem do céu nem surgem por magia, podíamos antes questionar as escolhas dos eleitores portugueses.