Tinha escrito aqui que a solução encontrada para o BES era um desastre, devido aos inúmeros litígios judiciais que iria causar, podendo estender o colapso a toda a Banca, e que no fim, tal como no BPN, seriam os contribuintes a pagar a factura. Na altura, a minha posição foi criticada por inúmeros comentadores, que louvavam esta medida. Agora o desastre da solução encontrada está à vista com a administração do Novo Banco em debandada. É evidente que o Novo Banco não vale o dinheiro que o Estado lá colocou e que, por muita publicidade que todos os dias faça, a sua marca não tem qualquer valor num sector altamente competitivo. Por isso, ninguém sabe o que fazer. Se o mesmo fosse vendido hoje, será por tuta e meia, ficando o Estado a arder com a maior parte do dinheiro que lá colocou. Se for vendido mais tarde, corre o risco de ainda valer menos, saltando o Estado de administração em administração, deixando arrastar as coisas numa penosa decadência. Em qualquer dos casos serão sempre os contribuintes a pagar a factura. Na verdade, a solução Banco Bom-Banco Mau vale tanto como a história do Lobo Mau e do Capuchinho Vermelho, só servindo para adormecer as criancinhas. O problema é que os investidores não são criancinhas para acreditar piamente na pureza do Bom, agora que o que era Mau foi expulso. Por isso os resultados estão à vista. Pena é que haja tanta gente que prefere continuar a acreditar em contos de fadas, em lugar de ver a dura realidade à sua frente.