Em defesa da honra
A redução da dívida pública para ligeiramente abaixo dos 100% do PIB foi trombeteada como um grande triunfo de Costa e do seu ministro das Finanças, Medina.
Que não senhor, veio dizer a Unidade Técnica de Apoio Orçamental, houve compra de dívida por empresas públicas, o que a fez artificialmente baixar segundo o critério razoavelmente cegueta que Bruxelas segue, que é aquele a que os credores prestam mais atenção. E já depois se descobriu que várias empresas públicas (Águas de Portugal, NAV e Casa da Moeda, possivelmente entre outras, que cesteiro que faz um cesto faz um cento) entregaram dividendos ao Estado, uma delas prejudicando o aumento de capital que a respectiva administração entendia dever fazer.
O ex-ministro foi ao Parlamento, indignado, chamar ignorantes aos economistas da UTAO e explicar a grande virtude do que havia sido feito, aproveitando para acusar o Governo actual de prejudicar o bom nome do país com estas aleivosias.
A mim convenceu-me a tal ponto que, iracundo, escrevi no meu mural no Facebook o seguinte:
Acredito em Medina e não naqueles tipos da UTAO. As compras de dívida pública por entidades que dependem do Governo decorreram, tudo o indica, de feliz coincidência. E estou certo de que Medina, pelo telefone, pessoalmente ou por interposta pessoa, nada teve a ver com isso. Já anteriormente Ronaldo Centeno foi objecto da mesma maledicência quando se afirmava que aumentou a punção fiscal e falsificou a execução do Orçamento via cativações. Se estas alegações fossem verdadeiras estaríamos perante dois troca-tintas, o que é impensável.
Ora aí está. Eu em vendo um servidor da coisa pública a ser objecto de injustiça sou assim: corro a defendê-lo.