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Delito de Opinião

Em defesa da honra

José Meireles Graça, 15.05.24

A redução da dívida pública para ligeiramente abaixo dos 100% do PIB foi trombeteada como um grande triunfo de Costa e do seu ministro das Finanças, Medina.

Que não senhor, veio dizer a Unidade Técnica de Apoio Orçamental, houve compra de dívida por empresas públicas, o que a fez artificialmente baixar segundo o critério razoavelmente cegueta que Bruxelas segue, que é aquele a que os credores prestam mais atenção. E já depois se descobriu que várias empresas públicas (Águas de Portugal, NAV e Casa da Moeda, possivelmente entre outras, que cesteiro que faz um cesto faz um cento) entregaram dividendos ao Estado, uma delas prejudicando o aumento de capital que a respectiva administração entendia dever fazer.

O ex-ministro foi ao Parlamento, indignado, chamar ignorantes aos economistas da UTAO e explicar a grande virtude do que havia sido feito, aproveitando para acusar o Governo actual de prejudicar o bom nome do país com estas aleivosias.

A mim convenceu-me a tal ponto que, iracundo, escrevi no meu mural no Facebook o seguinte:

Acredito em Medina e não naqueles tipos da UTAO. As compras de dívida pública por entidades que dependem do Governo decorreram, tudo o indica, de feliz coincidência. E estou certo de que Medina, pelo telefone, pessoalmente ou por interposta pessoa, nada teve a ver com isso. Já anteriormente Ronaldo Centeno foi objecto da mesma maledicência quando se afirmava que aumentou a punção fiscal e falsificou a execução do Orçamento via cativações. Se estas alegações fossem verdadeiras estaríamos perante dois troca-tintas, o que é impensável.

Ora aí está. Eu em vendo um servidor da coisa pública a ser objecto de injustiça sou assim: corro a defendê-lo.

Costa, a UTAO e o sms do tau tau

Rui Rocha, 02.05.15

Demos então um passo atrás e voltemos à proposta de avaliação do cenário macro-económico do PS pela UTAO. Certo. Eu sei que a coisa não era para levar a sério. Se fosse, jamais poderia ter sido apresentada por alguém com os índices de credibilidade de Marco António Costa. E sim. Sei também que a utilidade dessa avaliação seria sempre bastante discutível (é ver o que aqui escreve, a esse propósito, o José Meireles Graça). Mas depois do sms enviado por Costa a João Vieira Pereira, a pergunta que se impõe é esta: que legitimidade tem António Costa para recusar tal avaliação técnica de um documento a partir do qual será desenhado o seu programa de governo quando se arroga ele próprio o direito de sindicar, com inusitada violência, em tom ameaçador e com evidente despropósito, o conteúdo de um artigo de opinião? Isto é, UTAO não, mas tau tau por sms sim?