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Delito de Opinião

Sócrates e Kaczynski, a mesma luta

João Carvalho, 08.10.09

O primeiro-ministro português e o presidente polaco são massa do mesmo pão. Na sua essência, vê-se que são homens dedicados ao trabalho e que aquilo do descanso ao sétimo dia é um luxo de gente preguiçosa. Por óbvia falta de tempo, é natural que José Sócrates se visse obrigado a estudar, fazer exames e concluir a sua licenciatura aos domingos, esforço que culminou com êxito bastante para merecer uma carta de curso com alto sentido simbólico: foi-lhe passada num domingo.

Também Lech Kaczynski é um incansável. A sua manifesta falta de tempo para dar conta das responsabilidades que tem obriga-o a marcar os despachos para os domingos, que são os únicos dias que pode gastar a assinar documentos. Por isso é que lá conseguiu arranjar um momento disponível para assinar o Tratado de Lisboa. É no próximo domingo.

Sócrates já nem pestaneja

João Carvalho, 03.10.09

Para José Sócrates, é «uma grande notícia» que os irlandeses tenham maioritariamente dito 'sim' ao tratado pró-constitucional europeu, o chamado Tratado de Lisboa, nesta insistência do segundo referendo lançado por Dublin para o efeito. Sócrates declarou sem pestanejar que foi uma resposta «clara e livre». Se pestanejou, foi por se lembrar de que nos prometera também um referendo sobre o tratado e faltou à promessa. Os portugueses não puderam igualmente pronunciar-se de forma "clara e livre", por ele ter sonegado a oportunidade. Se pestanejou, foi por isso. Mas acho que não pestanejou: faltar a promessas tornou-se corriqueiro com o tempo.