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Delito de Opinião

Um ano com D. Dinis (14)

O fim dos Templários

Cristina Torrão, 18.03.25
 

Jacques de Molay.jpg

A 18 de Março de 1314, Jacques de Molay, Mestre dos Templários franceses, assim como outros grandes dignitários da Ordem, foram queimados em Paris, por ordem de Filipe IV. Foi o culminar da grande campanha de difamação, levada a cabo pelo monarca francês.

Ao ser queimado, Jacques de Molay fez uma profecia: ainda antes do fim desse ano de 1314, os dois maiores responsáveis pela destruição dos Templários morreriam.

A profecia cumpriu-se. O papa Clemente V morreu passado cerca de um mês, a 20 de Abril, com cinquenta anos. E o rei francês Filipe IV acabaria por sucumbir a um acidente de caça, a 29 de Novembro, com apenas quarenta e seis.

 

Clemente e Filipe.jpg

 

Nota: os links das imagens, que copiei nove anos atrás, deixaram de funcionar. Fiquei assim sem referência, pelo que peço compreensão aos visados.

Um ano com D. Dinis (13)

Ordem de Cristo

Cristina Torrão, 14.03.25

Ordem de Cristo.jpg

Faz hoje 706 anos que foi instituída, no reino de Portugal, a Ordem de Cavalaria de Nosso Senhor Jesus Cristo, através da bula Ad ea ex quibus de João XXII. O papa determinava que a nova Ordem se destinava a manter a cruzada religiosa contra os sarracenos. Atribuiu-lhe a regra de Calatrava, sujeitou-a à jurisdição do abade de Alcobaça e colocou a sua sede em Castro Marim.

A Ordem de Cristo veio substituir a dos Templários, suprimida pelo papa Clemente V, influenciado pelo rei francês, Filipe IV, que tudo fez para difamar os cavaleiros do Templo.

Na Península Ibérica, porém, a campanha de difamação não encontrou grande eco, devido à fama dos Templários, criada nas lutas da Reconquista. À semelhança dos outros reis hispânicos, D. Dinis protegeu a Ordem e promoveu diligências para que uma outra fosse criada, entregando à Ordem de Cristo todos os bens que tinham pertencido aos Templários. Teve, no entanto, de enfrentar alguma oposição interna:

Em Março, quando se deu início à construção de um claustro no mosteiro de Alcobaça, Dinis recebeu notícias da Santa Sé confirmando os receios do Mestre. Numa bula de 22 de Novembro, intitulada Pastoralis praeeminentiae, Clemente V recomendava a todos os príncipes da Cristandade a prisão dos Templários e a confiscação dos seus bens. Dinis entrou em contacto com o genro Fernando IV e o cunhado Jaime II e resolveu-se não se tomarem medidas, enquanto se aguardava pelo resultado do inquérito do clero hispânico.

Em Abril, quando Dinis chegou à Beira, constatou tal resolução estar longe de agradar a toda a gente. O bispo da Guarda D. Vasco Martins de Alvelos advogava o cumprimento das recomendações do pontífice:

- Ignorais uma bula papal? E olvidais que Jacques de Molay confessou os pecados mais terríveis? Heresia, usura, sodomia! Se os franceses se davam a essas práticas repugnantes, os hispânicos não serão mui diferentes…

- Credes realmente que os freires do Templo fomentavam tais costumes? - contrapôs Dinis. - Sob tortura, qualquer um é levado a confessar, principalmente, o que não fez. Além disso, o Mestre francês desmentiu a sua confissão dois meses mais tarde.

- O que prova a sua falta de carácter.

- Ou constatar o não cumprimento de certas promessas?

O bispo olhou o seu monarca desconfiado:

- Que quereis dizer?

- Frei Vasco Fernandes é de opinião que Jacques de Molay terá confessado os crimes, acima de tudo, perante a promessa de que, se o fizesse, os restantes irmãos seriam poupados aos suplícios por ele próprio já experimentados. Mais tarde, ao verificar tal não passar de um artifício, desmentiu a sua confissão.

- Ora, Alteza, é claro que eles se protegem uns aos outros. A opinião de Frei Vasco Fernandes, neste caso, é mais do que suspeita.

- Tenho Frei Vasco Fernandes em grande estima e confio no seu juízo. Como aliás em todos os membros portugueses da Ordem. Bem sabeis como eles sempre lutaram com bravura contra a ameaça sarracena e como a sua presença é preciosa em muitos pontos da fronteira, garantindo a defesa e o povoamento.

In "Dom Dinis - a quem chamaram o Lavrador"

 

Nota: o link que utilizei, há nove anos, para identificar a imagem que ilustra este postal, já não existe. Fiquei assim sem qualquer tipo de referência, pelo que peço a compreensão dos visados.