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Delito de Opinião

Sulfúricas

Laura Ramos, 05.07.13


«Quem tenha acompanhado minimamente a actual crise governativa nas redes e na media não pode ignorar um facto: a esquerda não faz parte de nenhuma solução. O PS pode aspirar a ser muleta de uma solução mais abrangente, com o PSD e o CDS, que reproduzirá as actuais políticas com outro ritmo. O BE e o PC continuarão a ser como a Igreja: darão voz ao descontentamento popular. Servem para os sociólogos e os gestores de imagem do poder aferirem a aceitação das políticas»

                                                                                                                                                                                                       Luís Januário, no FB

Sulfúricas

Laura Ramos, 21.12.12

Embora Portugal precise de melhor Europa, uma Europa mais solidária e mais visionária, temos de deixar de ser um problema.
Mas a Europa tem de saber encontrar soluções mais consistentes. As elites intelectuais e os políticos europeus têm de convergir. Portugal terá que contar acima de tudo com a capacidade de resistir e responder positivamente aos desafios mais difíceis.
O país nunca teve, como hoje, recursos humanos com uma qualidade tão próxima da dos países europeus de referência. Da Ciência, ao Pensamento, às Artes e à Inovação, à abertura aos outros, à racionalidade dos comportamentos individuais e colectivos, à sabedoria e bom senso do nosso povo. Por outro lado, dispomos hoje também de todas as condições para valorizar melhor os nossos recursos naturais, do mar à floresta e à agricultura e indústrias extractivas.
Assume prioridade da maior importância não dar passos em falso, não propor soluções que não estejam convenientemente estudadas, fundamentadas e testadas.
Finalmente, a mobilização de toda a sociedade passa pela bem preparada comunicação dos resultados que as políticas venham a proporcionar, a cuidada justificação dos desvios em relação ao prometido. Só assim as políticas assumidas e decididas poderão contribuir para projectar e construir um país mais livre, mais justo e mais moderno.

Artur Santos Silva

5/12/ 2012

Sulfúricas

Laura Ramos, 27.06.12


Isto que eu vou dizer vai parecer ridículo a muita gente.

Mas houve um tempo em que as pessoas se lembravam, ainda, da época da infância, da primeira caneta de tinta-permanente, da primeira bicicleta, da idade adulta, das vezes em que se comia fora, do primeiro frigorífico e do primeiro televisor, do primeiro rádio, de quando tinham ido ao estrangeiro.

Houve um tempo em que, nos lares, se aproveitava para a refeição seguinte o sobejante da refeição anterior, em que, com ovos mexidos e a carne ou peixe restante, se fazia "roupa velha".

E não era só no Portugal da mesquinhez salazarista. Na Inglaterra dos Lordes, na França dos Luíses, a regra era esta. Em 1945 passava-se fome na Europa, a guerra matara milhões e arrasara tudo quanto a selvajaria humana pode arrasar.

Houve tempos em que se produzia o que se comia e se exportava. Em que o País tinha uma frota de marinha mercante, fábricas, vinhas, searas.

Veio depois o admirável mundo novo do crédito. Os novos pais. Pais que se enforcavam por carrões de brutal cilindrada para os encravarem no lodo do trânsito e mostrarem que tinham aquela extensão motorizada da sua potência genital.

Foram anos em que o Campo se tornou num imenso resort de Turismo de Habitação, as cidades uma festa permanente, entre o coktail party e a rave.

O país que produzia o que comíamos ficou para os labregos dos pais e primos parolos, de quem os citadinos se envergonhavam.

A agiotagem financeira, essa, ululava. Viviam do tempo, exploravam o tempo, do tempo que só ao tal Deus pertencia, mas, esse, Nietzsche encontrara-o morto em Auschwitz. Aguilhoando pela publicidade enganosa os bois que somos nós todos, os Bancos instigavam à compra, ao leasing, ao renting, ao seja como for desde que tenha e já, ao cartão, ao descoberto-autorizado.

Claro que os da política do poder, que vivem no pau de sebo perpétuo do fazer arrear, puxando-os pelos fundilhos, quantos treparam para o poder, querem a canalha contente. E o circo do consumo, a palhaçada do crédito servia-os. Com isso comprávamos os plasmas mamutes onde eles vendiam à noite propaganda governamental e, nos intervalos, imbelicidades e telefofocadas, que entre a oligofrenia e a debilidade mental a diferença é nula. Estamos nisto.

Que interessa? O Império Romano já caiu também e o mundo não acabou. Nessa altura, em Bizâncio, discutia-se o sexo dos anjos. Talvez porque Deus se tivesse distraído com a questão teológica, talvez porque o Diabo tenha ganho aos dados a alma do pobre Job na sua trapeira. O Job que somos grande parte de nós.

"A trapeira do Job" (excertos)

José António Barreiros

Academia & Endogamia

Laura Ramos, 02.05.12

 

A endogamia ainda é um problema, nas nossas universidades?

«Basta olhar para os apelidos. Quando a minha universidade fez 100 anos, fui convidada como antiga aluna. Estavam lá professores da Faculdade de Direito e perguntei se ainda existe endogamia na faculdade. “Ah, de todo!”, responderam-me. E dava vontade de rir – bastava olhar para os apelidos iguais, claramente filhos ou sobrinhos. Há endogamia. E há nepotismo.»

Maria Filomena Mónica

Sulfúricas

Laura Ramos, 28.04.12

A oposição desapareceu. O PS não existe, nem sei o que é aquilo. O líder não tem carisma, não sabe o que há-de fazer, está condicionado pelo acordo com a troika. E sucede a um delinquente político chamado Sócrates, o pior exemplo que jamais, na História de Portugal, foi dado ao país: ir para Paris tirar um curso de “sciences po”, depois daquela malograda licenciatura – à qual não dou a menor importância, pois há muitos excelentes políticos que não são licenciados.
O engenheiro Sócrates foi o pior que a política pode produzir.

Depois de tantos processos em que mentiu, aldrabou, não depôs, ninguém percebeu o que se passou com o Freeport, os portugueses perguntam-se onde foi ele buscar dinheiro para estar em Paris.
- Quem é que lhe paga as despesas e o curso?
A esquerda socialista tem ali este belo exemplar a viver no 16ème, e um sucessor que não inspira ninguém. 


Maria Filomena Mónica, 27-04-2012

Sulfúricas (ortográficas)

Laura Ramos, 06.03.12

« Tem-se falado muito do Acordo Ortográfico e da necessidade de a língua evoluir no sentido da simplificação, eliminando letras desnecessárias e acompanhando a forma como as pessoas realmente falam.  Sempre combati o dito Acordo mas, pensando bem, até começo a pensar que este peca por defeito. Acho que toda a escrita deveria ser repensada, tornando-a mais moderna, mais simples, mais fácil de aprender pelos estrangeiros.
Comecemos pelas consoantes mudas: deviam ser todas eliminadas.
É um fato que não se pronunciam. Se não se pronunciam, porque ão-de escrever-se? O que estão lá a fazer? Aliás, o qe estão lá a fazer? Defendo qe todas as letras qe não se pronunciam devem ser, pura e simplesmente, eliminadas da escrita já qe não existem na oralidade.

Outra complicação decorre da leitura igual qe se faz de letras diferentes e das leituras diferentes qe pode ter a mesma letra.
Porqe é qe “assunção” se escreve com “ç” e “ascensão” se escreve com “s”?
Seria muito mais fácil para as nossas crianças atribuír um som único a cada letra até porqe, quando aprendem o alfabeto, lhes atribuem um único nome. Além disso, os teclados portugueses deixariam de ser diferentes se eliminássemos liminarmente o “ç”.
Por isso, proponho qe o próximo acordo ortográfico elimine o “ç” e o substitua por um simples “s” o qual passaria a ter um único som.
Como consequência, também os “ss” deixariam de ser nesesários já qe um “s” se pasará a ler sempre e apenas “s”.
Esta é uma enorme simplificasão com amplas consequências económicas, designadamente ao nível da redusão do número de carateres a uzar. Claro, “uzar”, é isso mesmo, se o “s” pasar a ter sempre o som de “s” o som “z” pasará a ser sempre reprezentado por um “z”.
Simples não é? se o som é “s”, escreve-se sempre com s. Se o som é “z” escreve-se sempre com “z”.
Quanto ao “c” (que se diz “cê” mas qe, na maior parte dos casos, tem valor de “q”) pode, com vantagem, ser substituído pelo “q”. Sou patriota e defendo a língua portugueza, não qonqordo qom a introdusão de letras estrangeiras. Nada de “k”.
Não pensem qe me esqesi do som “ch”.
O som “ch” pasa a ser reprezentado pela letra “x”. Alguém dix “csix” para dezinar o “x”? Ninguém, pois não? O “x” xama-se “xis”. Poix é iso mexmo qe fiqa.

É impresionante a quantidade de ambivalênsiax e de letras inuteix qe a língua portugesa tem! Uma língua qe tem pretensõex a ser a qinta língua maix falada do planeta, qomo pode impôr-se qom tantax qompliqasõex? Qomo pode expalhar-se pelo mundo, qomo póde tornar-se realmente impurtante se não aqompanha a evolusão natural da oralidade? »

Maria Clara Assunção, 2009, texto integral aqui

Sulfúricas

Laura Ramos, 28.01.12

 

« É possível amar um projecto político? Podemos apaixonar-nos por uma moeda? A União Europeia alguma vez será, aos olhos e no espírito dos seus habitantes, mais do que uma mera construção burorática, pouco livre e, no fundo, irrelevante?
Como responder com eficácia ao vigor das críticas crescentes sobre esta singular organização política, dos que simplesmente a põem entre aspas aos que a fustigam constantemente, em blogs, artigos de jornal ou ocasiões públicas, acusando-a de tudo e do seu contrário?
É crucial apontar a dimensão do sonho, complexo mas realizável, que o projecto comporta; sublinhar a ousadia da construção, a necessidade dos objectivos; e contar, sem medo de errar nem vergonha dos termos, como surgiu e se fez força esta revolução em processo, de uma Europa sem fronteiras feita paradigma da liberdade futura, de um generoso modelo kantiano oferecido a um Mundo pouco dado às liberalidades do consenso e da paz.»
Paulo Sande

in "A Revolução Europeia", de Francisco Lucas Pires

Sulfúricas

Laura Ramos, 06.01.12


«Estamos saturados de manhosos, desconfiados de moralistas, estamos sem ídolos, sem heróis, estamos encandeados pelos faróis dos que saltam para o lado do bem para escapar à turba contra o mal. Quando apanhamos, abocanhamos. Estraçalhamos. Somos uma multidão furiosa.

Só há um antídoto contra a especulação: a informação.
É assustador ver tanta opinião instantânea sobre o que se desconhece. A sede de vingança tomou o lugar da fome de justiça. O problema não está na rua, nas redes sociais, nas esquinas dos desempregados. Está em quem tem a obrigação de saber do que fala.
A decisão da família Soares dos Santos pode ser criticada mas não pelas razões que ontem se ouviu. A Jerónimo Martins não vai pagar menos impostos. E a família que a controla também não - até porque já pagava poucos».

Pedro Santos Guerreiro

Sulfúricas

Laura Ramos, 10.12.11


«Amigos euroentusiastas gostam de brincar com o meu eurocepticismo. ‘Mas onde é que tu julgas que estás? Em Inglaterra?’ De facto, só um alienado pode defender em Portugal a existência de uma União Europeia que seja uma associação voluntária de democracias, mas onde a soberania dos estados é sagrada.

Hoje, admito que eles venceram momentaneamente o debate: a nossa ruína económica e política mostra bem onde nos levou a ‘soberania sagrada’; e, além disso, a Alemanha vai dando sinais de que aceita ‘aprofundar’ a união se os parceiros aceitarem o chicote germânico. Se o euro sobreviver, será por aniquilação das ‘soberanias sagradas’. Uma troca justa?

Os meus amigos pensam que sim. E nem lhes ocorre que esta ‘solução final’ é na verdade um desastre anunciado: o berço de nacionalismos ferozes que farão desta ‘crise do euro’ uma brincadeira de crianças.

Só espero que, quando esse dia chegar, eu possa assistir ao espectáculo de longe. A Inglaterra sempre foi um bom camarote.»


João Pereira Coutinho

Sulfúricas

Laura Ramos, 03.12.11


«O perigo da liberdade moderna está em que, absorvidos pelo gozo da independência privada e na busca de interesses particulares, renunciemos demasiado facilmente ao nosso direito de participar do poder político.

Os depositários da autoridade não deixam de exortar-nos a isso. Estão sempre dispostos a poupar-nos a toda espécie de cuidados, excepto os de obedecer e de pagar! Eles nos dirão; "Qual é, no fundo, o objectivo de todos os vossos esforços, o motivo de vosso trabalho, objecto de vossas esperanças? Não é a felicidade? Pois bem, essa felicidade, aceitai e nós nos encarregaremos dela." Não, Senhores, não aceitemos. Por mais tocante que seja um interesse tão delicado, rogai à autoridade de permanecer em seus limites. Que ela se limite a ser justa; nós nos encarregaremos de ser felizes. Poderíamos ser felizes através de regalias, se essas regalias fossem separadas das garantias? Ou encontraríamos essas garantias se renunciássemos à liberdade política? Renunciar a ela, Senhores, seria uma loucura semelhante à do homem que, sob pretexto de habitar no primeiro andar, pretendesse construir sobre a areia um edifício sem fundações.

De resto, Senhores, será mesmo verdade que a felicidade, de qualquer espécie que ela possa ser, seja o único objectivo do género humano? Nesse caso, a nossa meta seria muito estreita e o nosso destino muito pouco nobre. Não haveria nenhum de nós que - se quisesse rebaixar-se, restringir suas faculdades morais, aviltar seus desejos, renunciar à actividade, à glória, às emoções generosas profundas - não conseguisse embrutecer-se e ser feliz.»

Benjamin Constant

Sulfúricas

Laura Ramos, 26.11.11

«Le désespoir est une forme supérieure de la critique. Pour le moment, nous l'appellerons "bonheur".
Les mots que vous employez n'étant plus " les mots" mais une sorte de conduit à travers lequel les analphabètes se font bonne conscience».

 


Sulfúricas

Laura Ramos, 19.11.11

«Como se sabe, a receita da troika revelou-se um desastre na Grécia. Como sabemos que o mesmo não se repetirá por cá? É que, segundo a lógica, a mesma medida aplicada duas vezes terá o mesmo resultado. A não ser, claro, que a realidade a que se aplica seja diferente. E é nisso mesmo que Jürgen Kröger, representante da Comissão Europeia na troika, acredita. É sensato. Qual é então a diferença? "Portugal não é a Grécia: há estabilidade e as pessoas são boas".

A primeira premissa seria aceitável. (…) Mas o segundo argumento é que resume bem a crença desta gente. O nosso povo é bom. (...) Temos portanto uma nova variável a ter em conta na teoria económica: a "bondade dos povos". Aconselho mesmo que as agências de rating passem a dar, como fazem com as dívidas soberanas, notas ao carácter das Nações. Os gregos são lixo. Os portugueses são A-. E os alemães, como o senhor Kröger, serão AAA. Diria que o senhor Kröger é racista. Mas não é preciso tanto. É apenas mais um burocrata idiota que, subitamente, decide do futuro de dez milhões de almas. O problema é que de idiotas como este que o nosso futuro depende. Assustador, não é? Pode dar-se o caso deste senhor estar a falar do mito dos nossos "brandos costumes. (...) Temos dias, senhor Kröger, temos dias.»

Daniel Oliveira

Sulfúricas

Laura Ramos, 30.10.11

 

Encontrei uma solução que gostaria de apresentar.
Em vez de me cortarem um quarto no vencimento, bastaria despedir nove de entre os meus colegas que, ao longo dos anos, não escreveram dez linhas aproveitáveis. Já agora, talvez não fosse má ideia pôr na rua os docentes que não preparam aulas, os que faltam aos compromissos académicos, os que promovem os amigos e os que andam a "salvar" o mundo com propaganda que introduzem na sala de aula.

 

Maria Filomena Mónica

Expresso 29.10.2011

Sulfúricas

Laura Ramos, 25.10.11


Um homem nunca diz tão mal das mulheres como uma mulher.

Um homem tem medo das mulheres.

Corre atrás delas quando elas não o querem para nada e foge delas caso alguma delas o queira.

Mas aprendeu a respeitar as mulheres. Isto é, a não compreendê-las e a levar no coco.

Repetidamente.

 

Miguel Esteves Cardoso

Sulfúricas

Laura Ramos, 16.10.11

 

Basta um esforço mínimo da memória, basta um plim pequenino de gratidão para nos apercebermos do quanto devemos aos professores. Devemos-lhes muito daquilo que somos, devemos-lhes muito de tudo. Há algo de definitivo e eterno nessa missão, nesse verbo que é transmitido de geração em geração, ensinado. Com as suas pastas de professores, os seus blazers, os seus Ford Fiesta com cadeirinha para os filhos no banco de trás, os professores de hoje são iguais de ontem. O acto que praticam é igual ao que foi exercido por outros professores, com outros penteados, que existiram há séculos ou há décadas. O conhecimento que enche as páginas dos manuais aumentou e mudou, mas a essência daquilo que os professores fazem mantém-se. Essência, essa palavra que os professores recordam ciclicamente, essa mesma palavra que tendemos a esquecer.

Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança. Vemo-los a dar forma e sentido à esperança de crianças e de jovens, aceitamos essa evidência, mas falhamos perceber que são também eles que mantêm viva a esperança de que todos necessitamos para existir, para respirar, para estarmos vivos. Ai da sociedade que perdeu a esperança. Quem não tem esperança não está vivo. Mesmo que ainda respire, já morreu.

 

José Luís Peixoto

Sulfúricas

Laura Ramos, 05.10.11

«….. De aí a nada, arregaçados, os homens iam esmagando os cachos, num movimento onde havia qualquer coisa de coito, de quente e sensual violação. Doirados, negros, roxos, amarelos, azuis, os bagos eram acenos de olhos lascivos numa cama de amor. E como falos gigantescos, as pernas dos pisadores rasgavam mácula e carinhosamente a virgindade túmida e feminina das uvas. A princípio, a pele branca das coxas, lisa e morna, deixava escorrer os salpicos de mosto sem se tingir. Mas com a continuação ia tomando a cor roxa, cada vez mais carregada, do moreto, do sousão, da tinta carvalha, da touriga e do bastardo.
A primeira violação tirava apenas a cada cacho a flor de uma integridade fechada. Era o corte. Depois, os êmbolos iam mais fundo, rasgavam mais, esmagavam com redobrada sensualidade, e o mosto ensanguentava-se e cobria-se de uma espuma leve de volúpia. À tona, a roçá-los como talismãs, passeavam então volumosos e verdadeiros sexos dos pisadores, repousados mas vivos dentro das ceroulas de tomentos…..»

Sulfúricas

Laura Ramos, 12.09.11

A pobreza está muito mais ligada à falta de transparência, de regras e instituições endógenas, de organizações fortes, de um sistema claro de recompensas e castigos, do que propriamente à ausência de políticas forçadas de distribuição de rendimentos como forma de resolução das desigualdades. A solução para a criação de riqueza não passa, assim, por “distribuição de sacrifícios”, imposição de impostos, ou limitação da meritocracia, mas sim pela exigência de regras de jogo claras, de incentivos correctos, e da promoção de mecanismos de recompensa que correspondam ao esforço desenvolvido por cada um dos agentes.

 

Uma economia cresce se for capaz de libertar as suas melhores energias, de explorar a fibra dos seus cidadãos, tornando-os mais resilientes, autónomos e criativos. Fora deste quadro de valores, vamos definhar nas mãos dos credores.

 

Rodrigo Adão da Fonseca

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