O legado (5)
Expresso, 24 de Novembro
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Expresso, 24 de Novembro
Ainda sou do tempo em que se recorria aos jornais para saber quais os cinemas em exibição, a programação dos canais nacionais, a meteorologia, o totobola, as marés, as luas, as farmácias de serviço e o horóscopo. Tudo isto era informação útil. Tal e qual como acontecia com as marés, luas e farmácias de serviço, também o horóscopo acabava um dia por repetir as suas previsões, sempre à base do “vai conhecer uma pessoa importante para a sua vida”, “vai fazer uma viagem” ou “tenha cuidado com os fritos e com as passagens de nível”.
Antes da internet, isto era um verdadeiro serviço público.
Mas o tempo não pára e o progresso empurra-nos para diante. O Correio da Manhã passou agora a incluir nas suas páginas as Urgências Fechadas. Serviço público num país que António Costa diz deixar “preparado”.
«Se nada se alterar, Novembro vai ser o pior mês de sempre nestes 44 anos de SNS.»
Fernando Araújo, director executivo do Serviço Nacional de Saúde
Um cidadão português chega ao Hospital de Loures com uma anca fracturada e morre estendido numa maca de bombeiros num corredor das urgências, onde aguardou durante seis horas transferência para o Hospital de Santa Maria por alegada falta de ambulâncias disponíveis.
Às portas de Lisboa, neste século XXI. Sob a maravilhosa "gestão pública" que agora promete, com a habitual língua de pau dos burocratas, a «abertura de um processo de inquérito com carácter de urgência para cabal apuramento dos factos».
Quando o diagnóstico está feito pelo próprio Ricardo Leão, autarca socialista do concelho de Loures: o hospital deve regressar sem demora à gestão privada.
Leitura complementar: «Nem deixaram tratar o meu pai, morreu no corredor.»
Soubemos há dias que o Hospital de Santa Maria (HSM) enviou uma grávida de risco para o Hospital da CUF. A decisão médica que levou a que esta medida fosse tomada resultará da consciência da incapacidade do HSM em prestar os devidos cuidados, assim como da inquestionável opção em colocar o utente, e o bebé neste caso, no centro da acção médica.
Ao contrário do que fariam os mais empedernidos defensores da lógica pervertida de que uma decisão médica se deve centrar na natureza económica do prestador, o corpo clínico do HSM decidiu bem.
Muitos dos problemas que sentimos na saúde em Portugal seriam ultrapassados, ou significativamente reduzidos, se as ideologias saíssem desta equação e fosse possível combinar a capacidade instalada entre o sistema público e os recursos existentes no privado.
Ecografias, electrocardiogramas, raio-X, análises ao sangue e muitos outros diagnósticos funcionam nesta combinação de recursos. Para cada um destes serviços existe um preçário definido pelo SNS e o utilizador dirige-se ao prestador que considera mais adequado às suas necessidades. O critério de escolha pode ser a proximidade geográfica, o horário de funcionamento, a qualidade de atendimento, a rapidez na entrega dos resultados ou qualquer outro à sua escolha. A concorrência entre os operadores privados estimula-os a melhorar, com vantagens óbvias para quem recorre aos seus serviços. Tal e qual como acontece com os supermercados, bombas de combustível, restaurantes ou outros negócios, com a variedade de escolha é sempre o cliente que sai beneficiado.
Com diferentes nuances, é dentro desta lógica que funcionam sistemas públicos da saúde que são muito mais eficientes que o nosso. Pelo que já li, podemos aqui referir o exemplo alemão e o inglês.
No nosso rectângulo, o debate entre estas duas formas de gerir os cuidados médicos é habitual que a prioridade do serviço prestado ao cidadão seja atropelada por interesses corporativos, sindicais e políticos.
Do ponto de vista dos sindicatos é preferível concentrar o máximo número de trabalhadores sob a mesma entidade laboral. Se estes estiverem dispersos por vários empregadores, o sindicato perde poder.
Reformas que levem a mudanças de rotinas e que interrompam interesses instalados geram sempre fricções contra quem as decida fazer e o actual poder político é avesso a essas coisas.
O número, sempre crescente, de portugueses sem médico de família, as listas de espera por cirurgias e por outros actos médicos, envergonham o país. A estatística confirma que a mortalidade está a aumentar. Em resultado da falta de vontade governativa em fazer as reformas necessárias, hoje vive-se menos, vive-se pior e morre-se por causas que um sistema público de saúde centrado no cidadão, e não nos prestadores, conseguiria evitar.
O governo prefere apostar nos arranjos cosméticos, como é o caso das maternidades de serviço rotativo que colocam enorme pressão nas grávidas. Os casos de partos em ambulâncias que circulam de maternidade em maternidade, à procura de uma porta aberta, são tão frequentes que até criam a ilusão de que a natalidade está a aumentar, o que infelizmente não é verdade. Em Abril passado, soubemos da perda de um bebé, cuja mãe "esteve mais de duas horas dentro da ambulância sem saber para que unidade hospitalar iria".
A situação que motiva este postal, um hospital que num caso complicado recorre a outro hospital, não deveria gerar qualquer espanto, mas infelizmente a notícia justifica-se.
Muitos palermas conservadores, enquistados pelo ódio ao lucro e pela inveja da não dependência do erário público, do alto do seu acesso ao ADSE, ou similar, tentam defender a situação insatisfatória em que um SNS disfuncional acaba por ser destinados apenas aos mais pobres.
Estão errados acima de tudo pela visão afunilada que têm e que os impede de tomar consciência de que quando alguém precisa de assistência médica não quer saber se quem o assiste é funcionário público ou não. Insistir numa receita que sabemos não trazer os resultados pretendidos é um sinal de burrice, de alienação da realidade e de imoralidade para com os compatriotas.
António Barreto, no Público (1 de Julho)
A novela da CPI sobre a TAP vai batendo recordes de audiência. Mesmo quem não costuma acompanhar os assuntos políticos, anda pregado ao écran. Cá em casa, até já se sugere que se encomendem os serviços da Daenerys Targaryen, e de um dos seus dragões, para tratar deste governo.
Ao mesmo tempo, António Costa observa, silencioso e incógnito, os combates de vida e de morte entre diferentes membros do seu governo. O mote do mestre dos analgésicos é “doa a quem doer”, desde que não olhem para ele.
O ruído mediático é tanto, que facilmente passará despercebido os números divulgados sobre o SNS. O número de utentes sem médico de família aumentou 29% num ano.
A IL propôs uma alternativa ao colapso do actual SNS e os beneficiários da ADSE desataram-se a rir.
Imaginemos que as banais e frequentes análises ao sangue, realizadas por privados que competem entre si pelo serviço, dependiam também de um qualquer centro de saúde, ou hospital. Alguém acredita que receberia por email os resultados, meia-dúzia de horas depois da recolha de sangue? Agora imaginemos que o mesmo se aplicava a uma normal consulta médica.
O enquistamento ideológico das forças conservadoras não lhes permite imaginação para tal. Eles, os ditos humanistas, estão bem e os outros que se amanhem. Os números confirmam que Portugal é dos países onde a as despesas com saúde privada mais pesa no bolso das famílias, o que mostra como é deficiente o Serviço Nacional de Saúde e como se banalizou a lógica de que uma assistência médica eficaz depende da capacidade financeira.
Hoje, o walking dead Galamba vai ser ouvido na CPI sobre a TAP. Continua a novela e por isso esqueçamos as centenas de dias necessários para se conseguir uma consulta no SNS.
Enquanto a máquina de propaganda do PS já começou a tentar fazer do Prof. Marcelo o mau da fita, o desestabilizador, o país continua a funcionar de acordo com as suas rotinas governativas.
Por publicação em Diário da República, o Ministério das Finanças já autorizou o Centro Hospitalar do Oeste a adquirir papel higiénico.
“No fim do ano, a nova direção executiva do SNS anunciou uma reorganização das urgências pediátricas de Lisboa, tendo em conta a notória e evidente falta de médicos para manter todas abertas. Para isso, constituiu um grupo de trabalho, incumbido de reunir com todos os envolvidos e chegar ao melhor modelo.
Pode dizer-se que o grupo não demorou a esboçar um plano. No final de fevereiro, um sindicato deu conta de que a urgência de Loures iria encerrar já em março durante a noite e aos fins de semana devido à falta de pediatras. O ministro correu a desmentir.
Mas bastou um dia mais para o mesmo ministro confirmar: “É verdade que, no caso do Hospital de Loures, o encerramento de uma parte dos serviços vai ocorrer mais cedo, apenas porque não há disponibilidade de profissionais”. Mas entretanto o autarca de Loures, socialista, protestou, reuniu-se com o ministro e este voltou atrás. E o plano que era para ser anunciado na semana seguinte foi adiado mais uns dias.
Recorde-se que foi por essa altura que o Expresso noticiou que o plano passava pelo encerramento de oito urgências pediátricas na grande Lisboa. Ao final dessa manhã, a direção executiva negava que fossem oito, garantindo que “a maioria” ficaria aberta. E na semana passada voltou a reunir-se com todos os responsáveis para negociar. Na semana passada o grupo de trabalho já propunha que só cinco encerrassem. Ontem, segunda-feira, chegou finalmente a decisão: fecharão apenas três serviços à noite - e a de Loures é uma das que fecha. Mas o plano afinal é temporário, tão temporário como o das urgências obstetrícias. E no Verão, avisou o novo organismo do SNS, fecharão mais. Provando que é impossível fechar serviços públicos sem contestação, o autarca de Loures já veio pedir a anulação da medida, um especialista fala de um “remendo confuso”, ao passo que o bastonário dos Médicos, depois de ter contestado o fecho de oito, já veio dizer isto: “Os autarcas ficam contentes, mas há meios para cumprir?”
Queria muito dizer-lhe que acabou aqui. Mas enquanto eu lhe escrevia, o ministro da Saúde já prometeu trabalhar para manter aberta a urgência pediátrica de Loures.”
(…)
Deixo-lhe um breve resumo das notícias que fui anotando aqui nas últimas semanas:
Excerto de uma newsletter do Expresso assinada por David Dinis. O título é meu.
Ana Sá Lopes é uma jornalista conhecida da imprensa escrita, assim como de programas de rádio e de frequentes aparecimentos televisivos. Actualmente é redactora-principal do Público. Quem já leu o que escreve e já ouviu o que diz, sabe que é uma pessoa de esquerda, frequente defensora do poder socialista assim como de muitas propostas mais à esquerda. Nada de novo de baixo do sol.
Com esta informação como pano de fundo, confesso que fiquei surpreendido com a sua crónica de ontem no Pùblico, quando, no que respeita às suas convicções sobre a superior capacidade do estado em gerir a saúde, assume ter atirado a toalha ao chão.
Reconhece que, por experiência pessoal, pode afirmar que nos hospitais Beatriz Ângelo e das Caldas da Rainha, o fim das PPP’s correspondeu a um serviço muito pior.
Ao contrário do que certamente faria se deles não necessitasse, o que é sempre um mau motivo, reconhece que “os serviços de excelência dos tempos da PPP, que cobria uma faixa enorme de população, não necessariamente a mais favorecida, desapareceu”. Mais à frente reconhece que o SNS está à beira da implosão.
Lamento que tenha sido necessário lidar com a necessidade de assistência médica para deitar para trás das costas a ideologia, mas vergo-me à honestidade intelectual que lhe permitiu escrever esta crónica.
Do céu ao inferno, na política, vai um curto passo. Marta Temido que o diga. Foi vedeta no congresso socialista de 2021, enaltecida pelas pitonisas ligadas ao Largo do Rato como possível futura candidata a secretária-geral do PS, mas tornou-se ministra descartável, cada vez mais ignorada por António Costa e abandonada pela mesma engrenagem mediática que lhe entoava hossanas.
Acaba de anunciar a demissão do cargo. Deixando o Ministério da Saúde muito pior do que estava quando assumiu funções, há quase quatro anos.
Confirma-se: este governo socialista absoluto - o segundo, desde o de José Sócrates - transmite sinais de iniludível esgotamento.
Alguns dos seus membros parecem competir num concurso de dislates - desde a ministra da Agricultura, que se atreveu a dar um ralhete à CAP por não ter recomendado o voto no PS, ao ministro das Infraestruturas, flagelado pelo primeiro-ministro na caótica gestão do sempre adiado aeroporto de Lisboa. Passando, claro, pelo inefável titular das Finanças, envolvido na trapalhada com o amigo que lhe havia dado palco durante anos na TVI, numa escandalosa teia de favorecimentos que nenhum código de boa conduta governamental devia permitir. Ou pela secretária de Estado da Protecção Civil, que vendo Portugal devastado por incêndios, com prejuízos patrimoniais incalculáveis, congratulou-se por «apenas» ter ardido 70% do que estava previsto num suposto algoritmo que lhe serve de guião.
Parece uma nave de loucos.
Exausta, a ministra que abria telediários sem já nada ter para dizer acaba de bater com a porta. Não tão exaurida, apesar de tudo, como o SNS que tutelou até agora.
Como aqui escrevi há dois meses, «o Serviço Nacional de Saúde, peça central da narrativa propagandística do Governo, está a precisar de cuidados intensivos. Não é de agora, mas a situação agrava-se a ritmo acelerado. E o rosto desta crise, com picos caóticos que levaram ao encerramento de diversas urgências hospitalares nos últimos dias, é o da ministra da tutela. Que por vezes fala como se fosse recém-chegada ao cargo».
Primeira deserção no Executivo absoluto volvidos apenas cinco meses desde a posse. Costa, como de costume, reagirá com indiferença olímpica. Caiu uma simples peça do dominó político que deixou de lhe ser útil. A prioridade do primeiro-ministo é Bruxelas, não Portugal.
Numa das primeiras empresas onde trabalhei, contava-se esta "anedota interna": certo dia, ao fim do expediente, alguns elementos da empresa decidiram fazer uma noitada pelos bares de Lisboa. Voltaram todos para casa em vários estágios de torpor alcoólico. Depois de dormir a bebedeira, o técnico de informática acordou e viu que já passava do meio-dia. Telefonou atrapalhado para o escritório e disse a quem o atendeu que pedia imensa desculpa mas tinha bebido para lá de demasiado e deixara-se dormir. A outra pessoa respondeu-lhe que sim senhor, não havia problema, mas "isso é hoje; então e ontem, porque é que faltaste?" (Nota: ele próprio não me negou a veracidade da narrativa).
Lembrei-me desta história ao ler que Marta Temido se demitiu por sentir que "deixou de ter condições para exercer o cargo". Está bem, mas isso é hoje; então e na semana passada, ou há um mês, ou há três meses, porque é que ela sentia ainda ter condições para o exercer?
Estará Temido a pôr-se já ao fresco para que seja outro qualquer a apanhar a (ainda maior) confusão que há-de vir com a época alta de doenças respiratórias (gripes, covids, etc)?
Ontem, um familiar próximo, que para mais já está muito debilitado por doença grave (como chegou aqui foi o resultado de um vasto rol dos falhanços conhecidos - e alguns dos abafados - do nosso SNS, mas isto será assunto para eventual texto futuro), teve um acesso febril, com temperaturas acima dos 40º, acompanhado por fortíssimos tremores para os quais a palavra "espasmos" não é exagerada. Fizemos a chamada para o 112 às 12:32 e, após uma conversa de cinco minutos, prometeram o envio de uma ambulância para o transportar ao hospital. Eram 13:25 quando recebemos um telefonema a lamentar que... não tinham ainda encontrado uma ambulância disponível, mas que nos enviariam uma logo que fosse possível. Chegou finalmente uma da Cruz Vermelha por volta das 13:55. Uma hora e um quarto de espera: demoras que parecem estar-se a tornar cada vez menos uma excepção esporádica.
PS: o hospital Garcia de Orta exibia, colada com fita adesiva ao vidro da recepção do serviço de urgência, uma folhinha A4 a avisar quem lá chegasse para urgências de ortopedia (e outra especialidade de que não me recordo) que não havia nada p'ra ninguém e fossem chatear outro hospital. Não é a primeira vez que isto ocorre: pergunto-me se estes "constrangimentos" foram, sequer, rodapé de noticiário ou se a atenção do jornalismo se limita à obstetrícia.
PPS: é de justiça eu dizer que, quando critico o SNS, não critico os funcionários do SNS e sim as suas diversas camadas de gestão hierárquica e política. Acredito que os funcionários, na sua maioria, fazem o melhor que lhes é possível com as condições que têm.
PPPS: o termómetro da ambulância não funcionava. É só mais um detalhe em toda esta história sórdida.
O país quer mesmo salvar o SNS ou pretende apenas manter a mesma equipa de gestão?
Entramos em Julho e apetece dar graças (o trocadilho aqui funciona) por faltarem ainda 30 dias para que chegue o temível Agosto. Porque, acima de qualquer outro, esse é o mês menos recomendável para necessitar de cuidados médicos, segundo a advertência feita aos portugueses pela mais credenciada fonte: a directora-geral da Saúde.
No seu posto de incansável zeladora e cuidadora do sacrossanto Serviço Nacional de Saúde, Maria da Graça Gregório de Freitas, 64 anos, lançou o aviso: «A pior coisa que nos pode acontecer é adoecer em Agosto.»
Fala do que bem conhece, pois encontra-se desde 2018 à frente da autoridade sanitária nacional, onde aliás já antes pontificava como subdirectora. Poucos como ela podem pronunciar-se com tanta minudência sobre a manifesta incapacidade do SNS em prestar cuidados de saúde a quem cá vive. E também a quem nos visita, pois o mês que vem costuma atrair dezenas de milhares de turistas a este recanto soalheiro da Europa.
É indispensável que estes forasteiros desembarquem prevenidos com um manual de instruções para enfrentarem a precária rede sanitária pública. A menos que tenham a intenção expressa de experimentarem uma modalidade de turismo radical enquanto “utentes” (palavra agora muito na moda) da urgência de um hospital – incluindo naquelas unidades que há poucos anos eram consideradas modelos de excelência, quando estavam sob gestão privada. Como o de Braga, um dos estabelecimentos que há dias encerraram durante 24 horas o serviço de urgência de ginecologia e obstetrícia por falta de clínicos disponíveis. Cenário de terceiro mundo naquela que se orgulha de ser a cidade mais jovem do rectângulo lusitano.
Já conhecíamos a posição da ministra da tutela face ao colapso da rede hospitalar e ao contínuo êxodo de médicos para o sector privado: confrontada com críticas de todas as latitudes ao ponto de se ver forçada a interromper as férias, Marta Temido nomeou uma comissão para analisar o caso antes de voltar a banhos. Faltava ouvir Graça Freitas, também dotada de notáveis atributos oratórios. Valeu a pena esperar. A directora-geral rompeu o silêncio para nos recomendar máxima precaução contra o consumo do popular bacalhau à Brás. Porque este prato é confeccionado com ovos, que em período estival têm o risco acrescido de conterem salmonelas, fonte de intoxicações alimentares.
A salmonela – tal como os privados, que “só visam o lucro”, na perspectiva da coordenadora do Bloco de Esquerda, e os velhos “barões da medicina” diabolizados em lapidares versos do poeta Ary dos Santos – é inimiga declarada do SNS, do estado social, das “conquistas de Abril”.
Há que dar luta à salmonela, evitando adoecer. Sobretudo em Agosto, mês de todos os perigos. E há que evitar dar à luz, genericamente, durante todo o Verão na segunda nação mais envelhecida da Europa. A menos que se queira aguardar nove horas numa “urgência hospitalar” – se por acaso estiver aberta.
Este país não é para grávidas. Bem-haja, doutora Graça Freitas, pelo clarividente alerta que nos deixou.
Texto publicado no semanário Novo
Ele é mortos inexplicáveis para nossa perplexidade e outros explicáveis para nossa indignação, crianças que morrem no parto por falta de assistência, grávidas que andam de porta em porta de hospital, uma sensação geral de desnorte e um corrupio de opiniões e medidas.
Que medidas? Na AR foi dito (suponho que pela ministra Temido, não fui conferir), num debate em que Costa não esteve presente por causa da habitual ausência no estrangeiro sempre que a argolada governamental é demasiado evidente: "Vamos criar uma Comissão para assegurar o acompanhamento ao nível estrutural dos Planos de Contingência e efectivar a coordenação da resposta a implementar no âmbito dos serviços e meios".
Nem mais: Vamos pé-ré-pé-pé efectivamente na medida em que.
Entretanto, Costa deu o mote: o SNS tem problemas estruturais. E a detestável Marta e os aguadeiros do PS na comunicação social esforçam-se por os elencar, aos bloqueios estruturais: obstetras que não há em número suficiente, pessoal médico que não quer “dar horas” por serem miseravelmente pagas, organização deficiente dos serviços, médicos que se reformam, enfermeiros que vão trabalhar para o Reino Unido, Ordem dos Médicos que escalona não sei quê assim mas devia escalonar assado, acesso à especialidade mais condicionado do que o que deveria, médicos que dão à sola para o sector privado, insuficiência de meios materiais nuns sítios e desperdício noutros... a lista é infinita e, é claro, a esquerda demente tem na manga a solução: chuva de milhões, restrições para o sector privado, no limite mobilização forçada de médicos e instalações privadas.
Milhões, parece, tem havido, é o que diz Medina (incidentalmente cravando uma saborosa adaga nos costados da camarada) e faz parte do argumentário oficial do PS. E, sem ir verificar, acredito: Mesmo aplicando a taxa de redesconto do banco da aldrabice, necessária no que toca a afirmações oriundas daquelas partes, o ponto não tem sido muito contestado.
Tem havido mas não o suficiente. Nunca aliás o dinheiro foi suficiente para a Saúde, nem nunca será. A solução imediata para o problema, não apenas o dos escândalos com parturientes nestes dias mas o, ainda mais grave, dos atrasos nas consultas e intervenções cirúrgicas (v.g. esta comovente história do meu camarada de blogue), seria o transferir sistemático dos atrasados, dentro de limites razoáveis, para o sector privado. Prática que, se passasse a ser mais volumosa do que é, rapidamente originaria uma expansão daquele sector – precisamente o que o PS em geral, e a Martinha e os seus camaradas comunistas em particular, não querem.
Mesmo que quisessem, porém, o céu não é o limite. Este está naquele módico de equilíbrio orçamental que os nossos patrões europeus impõem. Patrões benevolentes, aliás: que se o país se financiasse sem a almofada do BCE o celebrado SNS rapidamente passaria do pacífico estatuto que detém de grande conquista de Abril para o de grande equívoco do mesmo prestigiado mês, por não haver dinheiro nem para papel higiénico.
Que o SNS é uma velha gaiteira cujos melhores dias já lá vão não oferece dúvidas: o escândalo são partos sem assistência médica? Mas quê, acaso estão a nascer muitos bebés, acabou a crise demográfica? Não acabou: se nascessem tantos como na década de 50 muitos veriam (como eu) a luz do dia em casa, ou mais provavelmente dentro de um táxi, a fazer o périplo dos serviços encerrados, na hipótese de eles ou também as mães não esticarem logo ali o pernil sacrificado às ideias tolas que, com o voto, a comunidade consagrou.
Poderia o SNS aguentar-se indefinidamente como está, ainda que com as mesmas queixas crescentes que tem, por exemplo, o do Reino Unido? Poderia sim, se o país não tivesse um crescimento lânguido ou se não houvesse a nuvem da dívida. Duas realidades que nada indica venham a desaparecer até onde a vista alcança.
A ministra vai de vela, Sérgio Sousa Pinto já lhe passou uma guia que o establishment socialista, por espírito de preservação, acabará por adoptar. E com remendos daqui e dali o clamor público, de todo o modo uma fracção do que existiria se fosse um governo de direita a presidir ao descalabro, amainará.
Até à próxima crise ou à consagração na prática do padrão que se começa a afirmar: quem tem dinheiro (ou um sistema inteligente como a ADSE, cujos méritos nunca foram, mas deveriam ser, ponderados como alternativa ao sistema cediço que tem a generalidade da população) vai ao privado; e o SNS é para acidentes, se for a Urgência que estiver mais perto, ou para os pobres e para quem tiver cunhas.
A ideia da gratuitidade sempre foi um logro porque induz procura nem sempre necessária, exames nem sempre indispensáveis e gestão enviesada por não fazer análises de custo/benefício, num ambiente em que o sucesso depende não da satisfação do cliente mas da aprovação da tutela; a transformação do médico em funcionário muta-o num burocrata da saúde, e ao paciente/cliente num utente; a absurda importância e o vozear incomodativo dos sindicatos de médicos traz para o espaço público a confusão entre a defesa de interesses corporativos e os dos doentes; e a ideia de que um serviço público essencial é poluído pelo lucro e pela concorrência não é mais do que a concepção anómala de que uma ilha socialista pode funcionar bem quando nenhuma sociedade integralmente socialista jamais o conseguiu.
É certo que há uma lenda, cara a pessoas de esquerda, segundo a qual a qualidade da gestão é independente da propriedade pública ou privada, o que se prova pelos numerosos casos de empresas privadas que, por erros de gestão, fecham. Mas não é concebível mercado sem concorrência, concorrência sem falências e eficiência na afectação de recursos sem lucro, propriedade e a pele em jogo – tudo o que não existe no SNS.
De modo que levantem alto o santinho com a imagem de Arnault, e, quando faltarem como já vão faltando os milhões crescentemente necessários para não regredirem os números que provam as brilhantes conquistas da engenharia daquele falecido pai da pátria agradecida, rezem muitas orações – a fé é que nos salva quando falta o antibiótico, o bisturi e os profissionais que os receitam e manejam enquanto sobra o atravancamento de pessoas atarantadas e esgotadas nos sítios onde se trata destas coisas.
A situação dos serviços públicos de Saúde é complicada. E tendendo para o deficitário face às expectativas sociais. Nos últimos dias, para além dos consabidos problemas estruturais e das reclamações dos sectores profissionais, aconteceram mortes em instalações públicas que convocaram a atenção. Há uma década alguns lamentáveis incidentes similares convocaram uma chuva de reclamações na imprensa - na redução de maternidades proposta sob Correia de Campos e, depois, durante o governo de Passos Coelho. Mas agora a reacção da imprensa (jornalistas e colunistas) é muito mais pacífica. O poder de Costa é-lhes mais atractivo, mais sexy.
Nos últimos 27 anos o PS esteve no poder, a solo, durante 21. É assim absolutamente inaceitável a continuidade do discurso que responsabiliza a "direita" e os seus "interesses privados" (os "barões da medicina", como alguns ainda adornam) pelo estado actual dos serviços de saúde públicos. É um aldrabismo, puro e simples.
A governação da ministra Temido exerce-se há sete anos, ela tem o posto há quatro e é o seu terceiro governo consecutivo. E sobre o seu desempenho é relevante percebermos a influência de uma imprensa - a institucional e a dita de "cidadania", a dos apparatchiki, avulsos nas redes sociais - que cria "boa imagem", ao governo e a alguns dos seus membros. E a esta ministra, muito em particular.
Recordo que durante o longo período sob a Covid-19, muito se falou, bem e mal, fundamentado e infundamentado. Mas nada vi tão baixo como este episódio: no início de 2021 Portugal tornou-se, por algum tempo, um dos piores países do mundo, talvez mesmo o pior, no controlo da pandemia. É evidente que o rumo desta era algo inesperado e que os seus efeitos seriam sempre duríssimos. Mas tal descontrolo nacional muito se deveu à atrapalhação governativa (executiva e comunicacional) durante o Outono-Inverno de 2020. Nesse nosso pico pandémico - com o sistema de saúde em sobreesforço - vingou o "negacionismo" informativo: passados alguns meses foi notícia constante a "catástrofe indiana", pois naquele país de infraestruturas sanitárias bem mais escassas do que as nossas, morriam diariamente cerca de 11 vezes mais pessoas do que naquele nosso Janeiro. Mas os indianos são 140 vezes mais do que nós!... E aqui o que se afirmara não fora a "catástrofe lusa" mas sim, ao invés, a excelência de Temido. Esse trabalho propagandístico foi eficiente, por mais baixo que o possamos considerar: lembro que no rescaldo de uma entrevista de Temido à RTP, onde ela se escapou às críticas respondendo de modo abrasivo, tornou-se "viral" (como se deixou de dizer...) um apoio partidário que a tratava como "Super Marta". Quando éramos, repito, um dos piores ou mesmo o pior país do mundo nos efeitos da Covid-19.
De facto, Temido era má ministra antes da Covid-19. Não foi uma boa ministra durante a Covid-19. E não é a ministra necessária para o pós-Covid-19. Tem uma "boa imagem", pois não é um decano façanhudo e porque teve a imprensa (a institucional e os tais avençados) a cuidar de si. Entretanto, o SNS está numa crise estrutural profunda. E anunciada. E ela nada tem para responder.
Mas nada ganharemos se apenas a tornarem numa "cabra expiatória", enviando-a para um qualquer posto internacional. Pois, de facto, o problema ultrapassa-a. E o cerne é este, repito-me: nos últimos 27 anos o PS esteve no poder, a solo, durante 21. Com vários governos, primeiros-ministros e ministros da Saúde. E o SNS está como está. É esse o busílis. Necessário para reflectir antes da próxima e necessária demissão de Temido. Que não é "Super" nem nunca o foi. A não ser nas palavras avençadas. E nos aplausos inconscientes. Até suicidários.
Comecei há dois dias com uma tosse seca, persistente e irritante, tal e qual aquela que me chega com os pólens e os pós e é a grande mentora das minhas alergias.
Ontem à tarde, o meu marido começou a tossir também. Ele, que não tem alergias, deixou-me de pé atrás. Fiz autoteste e os dois risquinhos não se fizeram esperar.
Fiquei a olhar para aquela coisa branca como um burro para um palácio, com a minha bazófia da invulnerabilidade nas lonas.
Passado o choque e depois de informar a família e os colegas com quem estive em contacto, sentei-me, respirei fundo e comecei com os procedimentos indicados, ligando o número da Saúde 24, que estranhamente respondeu de imediato. Depois de todas as perguntas de despiste, resolveu a simpática menina que eu tinha que ser avaliada por um médico, remetendo-me para o Centro de Saúde da minha área de residência durante o dia de hoje.
Eram 7:50h, porque a minha noção de pontualidade é um relógio suíço, estava à porta do dito centro. Munida do SMS da Saúde 24, dirigi-me ao segurança que me pediu o CC e me desterrou para uma cadeira longe de toda a acção, como manda a lei.
Passada cerca de hora e meia, chega uma senhora ao meio do corredor e pergunta alto e bom som, sem se aproximar sequer ao alcance de 2 metros, se eu era a senhora infectada. Anuí. Deu uns passos em frente, estendeu-me um papel e, depois de me informar que os médicos do centro não avaliam utentes infectados, informou que iria ser contactada durante o dia para uma video-consulta. Então e a pieira, a falta de ar e a auscultação? Pois, não pode ser. Se me sentir mal, devo dirigir-me ao hospital mais próximo.
E eu, que andava tão necessitada de uma boa gargalhada, precisei de ficar infectada com Covid19 para a conseguir.
Conto, não conto? Conto:
As pessoas que estão na terceira idade, hoje, fazem análises periodicamente e no caso de algum desarranjo o clínico geral endossa o problemático para o especialista, o qual prescreve outros exames.
Convém navegar no meio da classe médica com alguma prudência, que o cidadão desprevenido não tem. Fácil é uns exames originarem outros e todos os males se tratarem com comprimidos. Tanto que hoje nas mesas dos restaurantes onde se senta gente que já teve muito cabelo, ou que ainda o tem mas branco, figura, ao lado do telemóvel, a inevitável caixa das pílulas – para o colesterol, a tensão alta, o ácido úrico, a ureia e mais dezassete não sei quês.
Não pouco conviva enuncia com gosto os seus valores do colesterol bom, e da creatinina, da ferritina, da ureia e outros igualmente obscuros; o PSA, então, é um must. E daqui decorrem as diversas propriedades benfazejas de algumas abominações que as pessoas comem porque fazem bem a qualquer coisa, como a detestável alcachofra, cujo principal função é servir de desculpa para as quantidades pantagruélicas de bacalhau, vitela, orelheira e fígado de que as mesmas pessoas consoladamente se atocham.
Os abusos, desde que não excedam demasiado os limites do apetite para entrar com descaramento nos da gula, têm a minha bênção porque a seguir os ditames médicos toda a gente viveria num imenso hospital com um grande recreio para exercício físico, excepto os próprios facultativos, que bem os vejo a entupirem-se de dobrada, empurrada a copadas de tinto. E seria uma positiva evolução social se toda a gente cessasse de ler estudos que provam, sem margem para dúvidas, que em fazendo isto e aquilo, sobretudo exercício, e comendo ou nada ou verduras dessoradas, se garante a vida eterna ou, vá lá, um depósito numa instituição da terceira idade, para efeito dos abusos do pessoal, prepotência dos donos do estabelecimento e esquecimento das autoridades e dos familiares.
De modo que gente sensata, isto é, que tem bom senso mais do que senso comum, trata os médicos como os consultores que eles julgam que não são, e dá-lhes apropriado desconto. Boa parte do que dizem não é a mesma coisa que, para os mesmos achaques, diriam há 20 anos, ou dirão daqui a outros 20. E, então e agora, quando não sabem resolver um problema atribuem-no a vícios ou desvios de comportamento, os grandes maganões.
Alguma coisa porém fica de cuidados. E foi o caso que a mim me recomendaram uma ressonância a uma determinada víscera que dá mostras de ter tomado o freio nos dentes, e que por isso tem sido objecto de uma vigilância verdadeiramente pidesca.
Vamos lá, então. Marcado o exame, em Braga, numa clínica prestigiada, foi-me dito pela funcionária que deveria pôr um microlax – era naquele quarto-de-banhozinho mesmo ao lado. Examinado o cubículo, não vi nem chuveiro nem bidé, pelo que pedi um que tivesse uma coisa ou outra. Sem entrar em excessivos detalhes, digamos que o papel higiénico tem o grave defeito, a meu ver, de não merecer o adjectivo, que apenas adquiriu por ser herdeiro dos antigos recortes de papel de jornal, em relação aos quais foi efectivamente um progresso, tendo todavia entretanto intervindo outro maior, que foi a água corrente, a utilização liberal do sabonete e a invenção do bidé por algum ignoto empreendedor de génio.
A moça encarou-me surpresa – aparentemente os pacientes são-no também adjectivamente, sujeitando-se a toda a sorte de pequenos deslizes, mesmo em estabelecimentos caros – informando que ia chamar uma técnica, “para me explicar”.
Fui dizendo que não carecia de uma técnica para me explicar como me lavar, e entretanto a especialista chegou, tendo de lhe cortar os detalhes ominosos sobre a forma como funcionava o minúsculo microlax para esclarecer os reais contornos do problema.
Fitaram-me espantadas. E como não vissem maneira de resolver o problema dei-lhes parte, com recomendação de que a fizessem chegar à gerência, da minha opinião segundo a qual só os ingleses, os franceses, os venezuelanos e os porcos é que não usam aquelas louças sanitárias. Após o que saí, furibundo, porta fora.
Há uma história e sempre, comigo, uma moral, a primeira verídica e a segunda discutível. Esta última é, para mim, que o elevador social é uma coisa óptima e que ainda bem que médicos há muitos e boa parte deles tem a educação que os pais não puderam ter. Mas não seria mau se esquecessem alguns hábitos contraídos na juventude, exercitando o raciocínio crítico que lhes permitisse concluir que a higiene íntima não pode consistir apenas na lavagem das mãos.
Para o diabo que carregue a clínica e as meninas – são com certeza da geração mais bem formada de sempre, que tende a diferenciar-se das anteriores sobretudo por ter internet e arranhar inglês. Vou a outro sítio, certificando-me antecipadamente que não vou tropeçar em chiqueiros.
O meu companheiro do passeio da tarde é pessoa melhor de assoar, mas também tinha uma história para a troca: tinha uma consulta (de dermatologia) marcada num hospital privado da terra, lá foi, e puseram-no de seca por três quartos de hora, sem explicações. Foi à recepção, exigiu a devolução do dinheiro da consulta, paga antecipadamente, e deu à sola. Indignado, perguntou: Que achas?
Eu tenho por hábito achar coisas e inventei para a ocasião uma tese, que passo a expor: O SNS é hoje o serviço dos pobres e dos acidentados – quem pode vai ao privado. Daí o sucesso deste: as pessoas não podem esperar meses (ou anos) em assuntos de saúde, querem ser atendidas com a urgência que a medida das suas aflições requer, mesmo que isso implique sacrifícios.
Mas aqui intervém o factor cultural: o pessoal e os dirigentes, quando o seu passadio e a sua sobrevivência profissional estão garantidos, comportam-se como funcionários públicos. A garantia de um bom serviço é a concorrência e o aguilhão da necessidade, ou então uma consciência profissional que não está na nossa tradição. Queres ser atendido a tempo e horas? Só se houver hospitais que corram o risco de falir.
Quando tiver feito o exame, e constatando que está tudo bem, direi coisas boazinhas. Se da visita do banana Guterres a Moscovo tiver resultado algum bem, talvez diga bem do homem.
O SNS está a rebentar. É comum explicar-se a sobrecarga das urgências, pelo mau hábito dos utentes em não ir primeiro ao seu Centro de Saúde.
Dos cinco médicos habituais no Centro de Saúde de Porto de Mós, resta um. A população que não tem ADSE nem Seguros de Saúde, tem de esperar. Olhando para este cenário que se repete por todo o país, é inegável que o SNS chegou a um ponto em que só não precisa de esperar, quem pode pagar. Esta é a incoerência maior de quem se diz defensor da igualdade.
António Costa garante tudo o que lhe vem à cabeça e mesmo as mais descabidas mentiras são-lhe perdoadas e até aplaudidas.
O dia 30 está quase aí. Segundo os inquéritos à intenção de voto, os portugueses estão satisfeitos e não desejam mudanças. Ou é isso, ou estamos perante mais um dos insondáveis mistérios das sondagens.