Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Delito de Opinião

Setembro ou September que desceu dois lugares no podium

Maria Dulce Fernandes, 01.09.24

Chronography_of_354_Mensis_September.png

Setembro (do latim septem, "sete") ou mensis Septembro era originalmente o sétimo dos dez meses do antigo calendário romano que começava com Março. Após as reformas que resultaram num ano com 12 meses, Setembro passou a ser o nono mês, mas manteve o nome. Setembro seguiu o que era originalmente Sextilis, o "sexto" mês, renomeado Augusto em homenagem ao  imperador romano com o mesmo nome, e precedeu Outubro, o "oitavo" mês que, como Setembro, manteve seu nome numérico não obstante a posição no calendário. Setembro não tem nenhum festival arcaico marcado em letras grandes para os outros meses nos fasti romanos existentes. Em vez disso, cerca de metade do mês é dedicado aos Ludi Romani, "Jogos Romanos", que se desenvolveram como jogos votivos para Júpiter Optimus Maximus ("Os Melhores e Maiores de Júpiter"). Os Ludi Romani são os jogos mais antigos instituídos pelos romanos, datados de 509 aC. Nos idos de Setembro (13), Júpiter foi homenageado com um banquete público, o Epulum Jovis. Um ritual de cravação de pregos no templo marcou a passagem do ano político durante a era republicana e, no período mais antigo, os cônsules tomavam posse nos idos de Setembro. O mês era frequentemente representado na arte pela colheita da uva.

Em Setembro nasceram quatro grandes imperadores romanos, incluindo Augusto. O imperador Cómodo renomeou o mês em homenagem a si mesmo ou a Hércules - inovação revogada após o seu assassinato, em 192. Nas províncias orientais do Império Romano, o ano começava com Setembro em alguns calendários e era o início do ano fiscal imperial.

Os almanaques dos antigos agricultores  anotam o equinócio de Outono em 24 de Setembro e o número igual de horas diurnas e noturnas. É descrito que o mês começou com o sol no signo astrológico de Virgem e estava sob a tutela de Vulcano. Numa data não especificada, um Epulum Minervae (Banquete de Minerva) seria realizado, provavelmente como parte do epulum geral nos Idos.

O agricultor é instruído a revestir recipientes de vinho com pez, colher maçãs e soltar o solo compactado ao redor das árvores.  No seu tratado agrícola, Varro atribui tarefas adicionais aos agricultores no período que vai da ascensão de Sirius ao equinócio.

A palha deve ser cortada, palheiros montados, terras aráveis aradas, forragem recolhida e prados bem irrigados e ceifados uma segunda vez. Columela especifica que o terreno inclinado deve ser arado entre as Calendas (1ª) e os Idos (13).

A imagem, com cachos ou cestos de uvas, predomina nas alegorias verbais e visuais de Setembro, principalmente nos mosaicos que representam os meses. Nos manuscritos que preservam o Calendário de Filocalus (354 DC), Setembro é representado por um homem nu usando apenas um longo e leve lenço sobre um ombro. O cacho de uvas convencional aparece sob sua mão esquerda, estendida para segurar uma cesta. Sobre o seu ombro direito é colocada outra cesta contendo duas pirâmides de seis figos. Um recipiente, provavelmente para receber o vinho novo, é afundado no solo, um de cada lado. À sua direita,  pendura um lagarto numa corda, um motivo recorrente em imagens associadas a Dionísio, o deus do vinho.

Nos mosaicos de calendário de Hellín na Espanha romana e Tréveris na Gália Belga, Setembro é representado pelo deus Vulcano, a divindade tutelar do mês na menologia rústica, retratado como um velho segurando uma pinça. O mosaico de Hellín (séculos II a III) retrata cada mês como uma personificação com ou representando um signo do zodíaco.

Setembro é mostrado segurando uma balança e auxiliado por Vulcano. A Balança representa o signo astrológico que começa no final do mês.

Num antigo mosaico cristão de Gerasa, província da actual Jordânia, Setembro tem os atributos típicos de um vinicultor na arte romana - um jovem vestindo uma túnica, segura um cacho de uvas na mão direita e tem uma cesta no ombro.

 

Há imensas flores no Verão,

Muitas mais  do que me lembro.

Mas nenhuma tem o púrpura, dourado e vermelho

Que tingem as flores de Setembro!

(M.H.)

His master's voice de Setembro

Pedro Correia, 30.09.19

41GAHAmpYcL._SX425_[1].jpg

 

«Ontem, no debate a seis, houve tudo menos um arrufo. Não foi bonito de se ver a interpelação de Catarina Martins a Costa. E ele respondeu-lhe à letra. António Costa foi obrigado a descer a terreiro pq [porque] eram seis contra um. Já chega de debates.»

Luísa Meireles, directora de Informação da Lusa, comentando o debate na RTP entre os líderes dos seis principais partidos

Twitter, 24 de Setembro

Setembro de 2017: os meus votos

Pedro Correia, 21.10.17

nova-gente-57274-noticia-tony-carreira-ja-conhece-

 

Figura nacional do mês

Um dos cantores mais populares do chamado "país profundo", que também se assume como autor das canções que interpreta, viu-se em xeque quando a 13 de Setembro se soube que era de alvo de queixas judiciais por plágio de diversos temas estrangeiros, nomeadamente em língua francesa e língua espanhola. Tony Carreira, que enfrenta já uma acusação formal do Ministério Público, admite ter "errado", embora se diga vítima de uma vingança.

 

 

angelamerkel-599404[1].jpg

 

Figura internacional do mês

Angela Merkel conduziu a sua União Democrata Cristã ao quarto triunfo eleitoral consecutivo a nível nacional, vencendo as legislativas de 23 de Setembro, com 33%. Embora esta tenha sido a percentagem mais baixa da CDU desde 1949, o Partido Social Democrata - principal rival da CDU - ficou bastante atrás, com apenas 20,5%. A maior progressão coube à Alternativa para a Alemanha, da direita nacionalista, em terceiro nas urnas, com 12,6%. A chanceler alemã, em funções desde 2005, prepara-se para formar nova coligação, desta vez com liberais e verdes.

 

 

Standard-and-Poors-Ratings-Headquarters[1].jpg

 

Facto nacional do mês

A 15 de Setembro, a agência de notação de risco de crédito Standard & Poor's elevou a classificação da dívida pública portuguesa de especulativa para investimento, retirando Portugal de qualquer referência associada a "lixo" financeiro. Boa notícia para o País, que estava desde Janeiro de 2012 sob avaliação negativa desta influente agência internacional. E também para o Governo, a duas semanas das autárquicas, já com as caravanas eleitorais embaladas na campanha.

 

 

1347386809006[1].jpg

 

Facto internacional do mês

Catalunha viveu um mês de enorme turbulência, num processo destinado a culminar a 1 de Outubro num referendo convocado pelo Governo de Barcelona para validar a independência do território - desígnio conjunto da direita nacionalista e da extrema-esquerda anticapitalista. A "lei da desconexão", aprovada após dois dias de efervescente sessão parlamentar na madrugada de 8 de Setembro na capital catalã, é contestada pelas forças políticas constitucionalistas (PP, PSOE e Cidadãos) e não tardou a ser travada pelo Tribunal Constitucional.

 

 

azeredo_lopes_foto_tiago_petinga_lusa61076f05[1].j

 

Frase nacional do mês 

«No limite, pode não ter havido furto nenhum [em Tancos]. Porquê? Como não temos prova visual, como não temos prova testemunhal, como não temos confissão, por absurdo, podemos admitir que o material já não existisse.» A declaração, sem dúvida bizarra, não partiu de nenhum comediante. Foi proferida pelo ministro da Defesa Nacional, em entrevista difundida a 10 de Setembro pelo Diário de Notícias e pela TSF. Deixando o País ainda mais perplexo do que já estava. E outro mês chegou ao fim sem se saber nada sobre Tancos.

  

 

Papa-Francesco[1].jpg

 

Frase internacional do mês 

«A igreja não é uma alfândega. Não podemos ser cristãos sempre prontos a levantar o estandarte da proibição. A Igreja não é nossa, é de Deus e nela todos cabem.» Palavras do Papa Francisco, proferidas a 9 de Setembro, na homilia da missa campal que celebrou em Medellín - momento culminante da visita do líder da Igreja Católica à Colômbia. A chuva, copiosa, não afugentou os fiéis: Francisco contou com um milhão de pessoas em seu redor.

Setembro de 2015: os meus votos

Pedro Correia, 06.10.15

Figura nacional do mês

Em mês dominado pela campanha às legislativas, a figura individual que mais deu nas vistas - literalmente - foi a candidata Joana Amaral Dias, cabeça de lista de um partido que mesmo quase sem surgir nos telediários deu um forte impulso à transparência na política.

 

Figura internacional do mês

Jeremy Corbyn, deputado de 66 anos, tornou-se líder do Partido Trabalhista a 12 de Setembro em eleições directas abertas a qualquer britânico que pagasse três libras. Apoiado só por 10% dos seus deputados, é uma espécie de Tsipras do Reino Unido.

 

Facto nacional do mês

Após mais de nove meses detido no estabelecimento prisional de Évora, José Sócrates - o ex-recluso nº 44 - foi transferido em regime de detenção domiciliária para um dos endereços que se tornaram mais célebres do País: o nº 33 da Rua Abade Faria, em Lisboa.

 

Facto internacional do mês

A imagem correu mundo: um menino de três anos afogado numa praia turca. Aylan Kurdi era um curdo sírio em fuga à guerra, como centenas de milhares de compatriotas que chegaram à Europa neste mês. A mãe e um irmão também morreram na trágica travessia.

 

Frase nacional do mês

«Morte aos traidores!» Palavra de ordem inscrita em grande parte dos cartazes e painéis eleitorais do MRPP que desencadeou polémica dentro do próprio partido durante a campanha, ao ponto de o líder Garcia Pereira ter anunciado que passariam a viver sem ela.

 

Frase internacional do mês

«Não somos gays! Não nos imponham valores!»  Assim falou, a 29 de Setembro, o velho ditador do Zimbábue, na Assembleia Geral da ONU, pronunciando-se pela enésima vez contra a "má influência" ocidental no seu país, um dos mais miseráveis do mundo.

balanço

Patrícia Reis, 03.09.15

Querido trimestre, sendo certo que és o último, é igualmente verdade que não espero muito de ti. Não tarda estamos no desastre do natal, compras, laços e múltiplas incompreensões, a saga do bacalhau que me persegue e que não consigo apreciar em nenhuma das mil e uma versões existentes. Não tens, como podes ver, muita importância, o Setembro é o regresso às coisas da vida, trabalhos e escolas, Outubro escolhe correr à nossa frente, Novembro traz à memória coisas que se apressam a esfumar na neblina fria de Dezembro e eu cá ando com esta ideia de que podíamos ir directos para Janeiro, poupava-me imenso em esforço e em horas. A sorte, a tal que favorece os audazes, não está do meu lado, já se sabe. Pouca importa, este ano dou-te a volta, querido tempo, vou ali para terras de África falar de escritores e literatura, da importância dos livros e da potencial salvação do mundo em cada volume que pego desde criança. Estás surpreendido? É assim: habitua-te. Tenho que dizer que o verão foi estranho, no mínimo estranho, com demasiadas tarefas e exigências e demasiadas pessoas a pedirem que eu dê, dê e dê, mesmo que eu só dê e pouco mais faça além disso: dar. Dar é maravilhoso, dirás e com razão. Já o cobrar é imperativo dos que nada mais fazem além de viver intensamente os episódios da sua telenovela, na presunção de que todos - ou eu, especificamente - temos de acompanhar frame a frame o bom e o mal. Por vezes, confesso, faltam-me as legendas. Não posso, apesar de tudo, lamentar o trimestre que morreu num sun set na praia. Tivemos direito a miúdos à solta, a música, a risos, jogos e cinema ao ar livre. Passou demasiado depressa. Contabilizando os sucessos - afinal, o que importa - vivemos com alegria os 15 anos da revista Egoísta, os diferentes trabalhos, livros e exposições, reuniões com princípio, meio e fim, produtivas e conclusivas. Li menos livros do que gostaria e vi menos filmes do que seria desejável, mas vi o pôr do sol com calma e silêncio, ri e dancei e o resto? Que importa o resto se já estamos quase no Natal?

As canções de Setembro

Pedro Correia, 31.08.15

Em Setembro - mês de mudança de estação e de intensos debates políticos - passarão por cá vários clássicos da canção em doses diárias: Leonard Cohen, Ella Fitzgerald, Yves Montand, Nina Simone, Frank Sinatra, Aretha Franklin, James Brown, Joan Armatrading, Tony Bennett, Gal Costa e Patxi Andion, entre vários outros.

Como sempre acontece quando muda a folha do calendário, agradeço desde já as vossas sugestões para as semanas que vão seguir-se em que diremos "até sempre" ao Verão e "olá de novo" ao Outono.

Setembro

Helena Sacadura Cabral, 01.09.14

 

 

O mês de Setembro é, para mim, aquele que, dos doze, eu prefiro. Quase tudo o que a vida me trouxe de agradável aconteceu nos seus dias. Em sentido inverso tudo o que me foi doloroso passou-se em Abril, mês que detesto. Não é carne nem peixe, não é frio nem é quente, já não habita o inverno e ainda não pertence ao Verão. É, convenhamos, incaracterístico, o que diz tudo do que eu não gosto.

Neste primeiro dia, com os útimos textos revistos e entregues à editora, resolvi sair e passear. A intenção era mesmo sentar-me numa esplanada, munida de um livro em que provavelmente não pegaria, e ver as gentes passarem. O que eu chamo de "flanar", palavra que vem do francês flâner e muito possivelmente até não existe no nosso idioma. Engano meu e má fortuna, já que amor ardente não estava nos meus planos...

Mal pus o pé na rua, o bafo quente foi tão intenso que julguei estar no Brasil. Hesitei e ponderei se o café forte de que sentia necessidade valeria o sacrifício. Não valia! 

Assim, fiz marcha atrás, voltei para o meu quarto, liguei o ar condicionado, bebi um café suave, escolhi a música, peguei no livro e fiquei a gozar as delícias de um clima temperado, neste primeiro dia de Setembro!