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Delito de Opinião

Serviço (não muito) público

Zélia Parreira, 01.06.21

Os CTT, essa bela instituição que nos últimos anos nos tem falhado em quase tudo, lança agora uma nova parceria com a CUF para a realização de teleconsultas nas suas instalações. Por partes:

1. Dispõem os CTT de um espaço  onde o paciente possa usufruir da privacidade necessária a uma consulta?

2. As consultas na CUF não são privadas e pagas? Mas esta medida destina-se às "populações mais envelhecidas, assim como a menor literacia digital" (sic), sem capacidade de mobilidade. Ou seja, aos que não têm meios - também económicos - para se dirigir a uma consulta presencial. Então, servem a quem?

3. Vamos lá à questão da menor literacia digital: os velhotes não percebem nada de computadores, por isso vamos colocá-los à frente de um para terem uma teleconsulta. Teleconsultas gerais e de todas as especialidades médicas! Quem os apoia? Os funcionários dos CTT? Com que tempo e com que respeito pela privacidade?

4. Nós já sabíamos que os CTT não levam essa coisa da privacidade muito em conta, desde que fecharam os postos nas localidades pequenas e obrigam as pessoas a deslocarem-se ao supermercado, onde o operador de caixa lhes anuncia logo à entrada: "já chegou o aviso da luz, para pagar, que está em atraso!" ou  "A sua reforma já veio, veja lá onde a gasta!"

5. Mas se fecharam os postos nas localidades pequenas, afinal aquilo das dificuldades de mobilidade para as populações mais envelhecidas... ah! Não se aplica. Até porque nas localidades onde vai ser implementado - Bragança, Mem Martins, Seixal, Beja, Funchal e Viana do Castelo - até há hospitais (Mem Martins está perto do Amadora Sintra).

6. Depois de livrarias, lojas dos 300, temos agora os CTT transformados em postos médicos. Enviar e receber correspondência é que não está no seu ADN. Por exemplo, e já que se fala em correios e saúde, este é o estado em que um exame médico me chegou às mãos, cortesia dos CTT. Reclamei, mas não tiveram tempo de me responder. Estão ocupados a planear disparates.

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A CP no seu melhor

Teresa Ribeiro, 16.10.18

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Linha do Douro. Apanho de manhã o comboio em Ferradosa para seguir até ao Pinhão e mergulho na janela para um banho de beleza inesquecível. Esta linha tem a responsabilidade imensa de revelar ao mundo um dos nossos maiores tesouros paisagísticos. Em termos de interesse turístico, está no top.

Tirei da mochila uma daquelas barritas de cereais com mel, práticas para trazer em viagem. Com o calor estava peganhenta, de modo que quando terminei o meu frugal repasto decidi passar pelos lavabos do comboio para lavar as mãos. Este é o momento em que tenho de me desculpar por não me ter lembrado de voltar para trás, tirar o telemóvel da mochila e fazer uma foto para provar que o que descrevo a seguir é em rigor o cenário que se me deparou mal abri a porta: No chão jazia a tábua da sanita. O rolo de papel higiénico parecia ter sido desenrolado por um gato. A olho diria que estavam dois metros de papel espalhados pelo chão. O cheiro era tão nauseabundo que optei por travar a porta com o pé, para não ter que snifar aquele concentrado de urina em ambiente fechado. Cereja no bolo: água? Não havia.

Note-se que fiz este passeio de manhã, estava o comboio em circulação há um par de horas, se tanto. Por isso nem o argumento da sobrecarga de utentes pode valer à CP uma boa desculpa. Simplesmente vergonhoso! 

O Multibanco é nosso

Sérgio de Almeida Correia, 01.09.15

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Nas últimas décadas, com excepção da construção da democracia e de alguns pequenos nichos na ciência, no desporto, na literatura, na música ou no cinema, onde a criatividade e o génio lusíada se manifestam, devem ser poucas, muitas poucas, as obras verdadeiramente importantes que enquanto portugueses fomos capazes de construir e dar ao mundo. Temos alguns bons gestores, meia dúzia de empresários dignos do nome, muitos anónimos, mas raras são aquelas obras em que de facto se tenha deixado uma marca de perenidade de tal forma relevante que aqueles que, sabe-se lá porquê, têm sido os nossos modelos não hesitam admirar. A criação do Multibanco é uma dessas obras. E no momento em que passam trinta anos sobre o seu lançamento gostaria de aqui deixar uma nota de apreço a quem o concebeu e aos informáticos portugueses que têm afirmado internacionalmente a qualidade da nossa inovação, em especial no campo da segurança informática e no uso das novas tecnologias. Recordo-me de alguns amigos meus serem despertados a meio da noite por causa do sistema, dos dias e noites que perdiam a procurar as melhores soluções, a garantirem que tudo funcionaria na perfeição. Ao fim de trinta anos é mais do que justo homenagear essa gente, a maior parte desconhecidos para a generalidade dos portugueses, que além-fronteiras deixa muita gente extasiada - não há outra palavra - com a qualidade do seu trabalho. Gente que percorre o mundo a dar cursos, em Londres, em Nova Iorque, em muitos outros locais, sempre apresentando novas soluções, dando a conhecer as que têm, e contribuindo com o seu know-how para o progresso e para facilitar a vida das pessoas, que é aquilo para que as máquinas e a tecnologia devem servir.

Os portugueses que estão habituados a viajar e os que vivem fora do país não podem deixar de ter registado o avanço das nossas máquinas e a quantidade de operações que nelas se pode fazer em pouquíssimo tempo e com a máxima segurança por comparação com os equipamentos que prestam um serviço parecido noutros países. Parecido, digo eu, porque os nossos equipamentos são mais modernos, mais seguros e realizam mais tarefas. De levantamento de fundos a transferências e emissão de cheques, permitindo a realização de pagamentos da mais variada espécie, da electricidade a custas judiciais e impostos, sem esquecer a venda de bilhetes de comboio e para espectáculos musicais, quase que diria que ao Multibanco nem falar falta porque até há gravações a recordarem-nos o que temos de fazer para o cartão ou o dinheiro não ficarem esquecidos na máquina. Centros financeiros como Tóquio ou Hong Kong não têm máquinas ATM que proporcionem serviços com a qualidade dos nossos.

O Multibanco não é a panaceia para os nossos males, mas devia ser um exemplo de como em Portugal se podem fazer coisas bem feitas e úteis que a todos servem. Ganham as empresas, ganham os bancos, ganham os cidadãos. No dia em que Portugal, a sua administração pública, o seu governo, as suas instituições, funcionarem como o Multibanco e as nossas obrigações colectivas forem cumpridas com a mesma limpeza, economia, discrição e eficiência, poderemos dizer que o país funciona bem. Não sei se algum dia esse momento chegará, nem quando, porque também não sei ler nas estrelas e não acredito em novos messias. Menos ainda naqueles que temos por aí com a cara nos cartazes. De qualquer modo, entretanto, espero que não dêem cabo do Multibanco e que alguns banqueiros, para poderem continuar a circular em topos de gama alemães e a usar o cartão de crédito nos restaurantes do Guincho, não o queiram transformar em mais uma fonte de conflito à custa dos portugueses, novos e  velhos, estudantes ou reformados, trabalhadores ou desempregados, que nos centros urbanos e rurais, no litoral e no interior, dependem do Multibanco para o seu dia-a-dia e das máquinas milagrosas para tornarem os seus dias menos penosos e mais longos. 

Os "colaboradores" do Estado

Teresa Ribeiro, 21.10.14

Enquanto consumidores já todos percebemos que a idade da inocência passou e que aos balcões de atendimento público das mais variadas organizações o que encontramos são "colaboradores" cujo rendimento varia conforme as metas atingidas - nomeadamente ao nível de vendas - e que são pagos para defender os interesses da empresa que representam e não os dos clientes. Hoje em dia confiar num mediador de seguros ou num gestor de conta é tão arriscado como ir na conversa de um vendedor de pacotes de telecomunicações.

Podemos não gostar desta cultura que se instalou, mas reconhecemos que às empresas privadas lhes assiste o direito de operarem no mercado segundo as suas próprias regras, desde que não excedam limites legais. 

O que surpreende é verificar que o l'air du temps também foi impregnando os serviços do Estado, à medida que nos balcões de atendimento público foram substituindo funcionários por pessoal precário formado à pressão, sem conhecimentos adequados para prestar um bom serviço à comunidade. Nestes centros de atendimento ainda não há gente a vender por objectivos, mas quem sabe ainda lá chegaremos. O resto, ou seja a preocupação em cumprir níveis de "eficiência" como o tempo dispensado a cada utente e a incapacidade para resolver algo que ultrapasse meras questões formais, configura a nóvel cultura do "não estou aqui para te ajudar, estou aqui a zelar pelos meus níveis de produtividade".

Se em sectores mais sensíveis como a banca e os seguros faz sentido discutir os efeitos da agressividade comercial na degradação da relação de confiança com os clientes, nos serviços do Estado, onde supostamente o lema é "servir", tal discussão nem deveria ter razão de ser. Mas onde no sector privado é a concorrência feroz que dita as regras, no público a "racionalização de serviços" deve ser o que está por detrás desta "mudança de paradigma". Não se entende é porque em nome da racionalização não se pode apostar na eficiência, trazendo dos gabinetes para os balcões pessoal qualificado em vez de pescar nos centros de emprego gente impreparada cuja principal função é alindar as estatísticas do trabalho.

Há dias no Instituto de Seguros de Portugal quem me atendeu não foi capaz de me ajudar numa questão que depois um amigo, que é profissional de seguros, esclareceu em poucos minutos. Das "entrevistas personalizadas" na Segurança Social - e já fui a várias - nunca saio com os assuntos tratados, servindo as meninas que me atendem apenas como receptáculo de documentos, que depois seguem os trâmites burocráticos normais. 

Mais grave foi o que aconteceu a um pensionista meu conhecido. Ao balcão da Segurança Social de Entre-Campos uma "colaboradora" informou-o de que "é impossível requerer a reavaliação do grau de incapacidade nas reformas por invalidez". Dias depois, noutro balcão, disseram-lhe que tal não só é possível, como implica benefícios importantes nas taxas de juro de crédito bancário e em despesas várias.

Qual das informações está certa? Vai ter de investigar, com tempo e paciência, pois trata-se de um "detalhe" que tem reflexos importantes no seu orçamento familiar. Pode admitir-se este nível de incompetência  num serviço tão sensível como a Segurança Social? Não devia esta gente, que põe o atendimento nas mãos de pessoal estranho ao serviço e o vende como uma mais valia para o cidadão, ser responsabilizada pelo embuste?

RTP requalificada

Teresa Ribeiro, 09.09.13

Ontem no "magazine de actualidades" Só Visto, um programa da RTP, assisti a uma "reportagem" com Luís Esparteiro e família a fazer compras no supermercado Continente para o regresso às aulas. Enquanto ouvia a repórter perguntar à filha mais velha do actor qual era o material escolar que mais a empolgava na hora das compras, lembrei-me que os defensores do Estado mínimo já não discutem o fecho do segundo canal, mas a abertura de um terceiro.

À discussão não deve ser alheia esta requalificação do conceito de serviço público.

mistificações

José Navarro de Andrade, 20.07.12

Pouquíssimos o viam, tendo o programa prosseguido anos a fio com audiências pouco mais do que residuais, preguiçosamente encostado ao estatuto adquirido. Raríssimas vezes o citavam, quer na rua, quer no âmbito dos estudos historiográficos. Considerado um “grande comunicador”, dele não terá ficado um epigrama, um aforismo, uma imagem vincada e vinculativa, que perdure além de um repetitivo “storytelling” devedor sobretudo do estilo vetusto de um Pinheiro Chagas. Em vida, das escassas vezes que lhe pediam opinião e ele a dava sem constrangimentos, mesmo quando poderia ter sido polémico, nem assim era escutado com mais do que a deferência devida a um ancião inócuo.

Querendo lamentar na morte do Professor Hermano Saraiva, não o merecido ser humano, respeitável e estimável, ou o Homem público, com os seus defeitos e virtudes; mas a figura exemplar de serviço público de televisão, será decerto desmerecer ambas as coisas: a figura e o serviço público de televisão. Há lugares comuns piores do que a morte.

Serviço Público - Consultas gratuitas de clínica geral

Ana Vidal, 19.03.12

Pela grande utilidade e interesse público, divulgo aqui na íntegra esta comunicação da União Humanitária dos Doentes com Cancro a quem possa interessar. No site encontrará todos os contactos e informações suplementares.

 

Consultas gratuitas de clínica geral

 

A União Humanitária dos Doentes com Cancro presta consultas de clínica geral gratuitas e abertas a toda a população, todas as quartas-feiras, no Núcleo de Apoio ao Doente Oncológico, em Lisboa.
 
Conscientes de que o êxito desta valência depende unicamente da sua divulgação, de modo a que todos os doentes tenham conhecimento e assim oportunidade de beneficiar deste apoio, face aos nossos escassos meios (pois todos os apoios que a União presta são inteiramente gratuitos), vimos pelo presente apelar à sua solidariedade e desde já muito agradecer:
. A divulgação desta notícia por todas as pessoas do seu conhecimento, familiares e amigos.
. O reenvio deste e-mail para todos os seus contactos pessoais, com o objectivo de que, mediante uma grande rede de solidariedade na Internet, esta notícia chegue ao conhecimento de toda a população.
 
Para um completo conhecimento da União Humanitária dos Doentes com Cancro, muito agradecemos a visita ao nosso site, em www.doentescomcancro.org / http://www.doentescomcancro.org/, um site completo e interactivo, com toda a informação sobre os apoios gratuitos a doentes com cancro e seus familiares, o cancro, a legislação, o tabagismo e as últimas notícias de âmbito oncológico.
 
O cancro, pela sua dimensão - a segunda causa de morte no nosso país e a primeira no grupo etário entre os 35 e os 64 anos - é uma doença e uma problemática que a todos diz respeito e que só poderá ser vencido com a mobilização de toda a sociedade. Colabore com a União nesta nobre causa.
 
Gratos pela sua solidariedade
 
Luís Filipe Soares
Presidente da Direcção
Tel.: 213940302

O serviço público

João Campos, 16.10.11

Há duas noites, a RTP mandou uma jornalista encher chouriços num directo na rua onde vive o fugitivo americano que agora se encontra por cá em prisão domiciliária. Nada justificaria aquele directo - se a insólita história de George Wright é certamente notícia, nem a chegada do homem a casa seria motivo para um directo num canal de televisão sério, quanto mais uma rua vazia onde o máximo que a jornalista poderia dizer é "por trás de mim fica a casa onde o norte-americano vai ficar em prisão domiciliária". O que, convenhamos, é conteúdo de rodapé.

Logo de seguida, o noticiário da RTP passa para uma história passada no hospital, se não me engano, do Barreiro: uma senhora foi visitar o marido, que lá estava internado, e ao abeirar-se da cama reparou que ele estava morto. Entrevista na hora, com a viúva lavada em lágrimas. 

Estas duas notícias seguidas fizeram-me pensar que estava a assistir ao noticiário da TVI, e do período mais yellow da TVI. Mas não: a televisão estava mesmo sintonizada na RTP, no canal público, pago a peso de ouro por todos nós, que manda jornalistas encher chouriços para uma rua vazia à hora do jantar pelo mesmo motivo e faz entrevistas absolutamente sensacionalistas que não acrescentam nada à informação dada. A RTP faz isto apenas e só por um motivo: porque pode. Numa altura em que as inevitáveis medidas de austeridade tornam a vida de muitos portugueses extremamente complicada, nada - nada - pode justificar a manutenção de um canal público cuja programação é indistinguível da programação das emissoras privadas, e que nem acrescenta qualquer valor em termos informativos.

Se a programação da RTP 1 é serviço público - com conteúdos noticiosos sofríveis, concursos de qualidade duvidosa, "ficção nacional", tertúlias da manhã e da tarde insípidas, novelas brasileiras, filmes repetidos e futebol - então o "serviço público" já está mais do que assegurado pela SIC e pela TVI. Privatize-se, pois, o primeiro canal, e imediatamente, que já vamos tarde.

Um olhar atento sobre a EDP

João Carvalho, 17.10.10

Este post mereceu um comentário especial, assinado por Jorge Cabral aqui.

 

«A EDP é uma das mais graves resistências ao bem-estar e desenvolvimento deste país. Senão vejamos.

 

1 – Temos uma das energias eléctricas mais caras da Europa. Ora, sabendo que este é um dos mais importantes factores de produção, que haverá a dizer da situação em que, por razão directa deste facto, ficam todos (repito todos) os nossos agentes económicos, desde logo com os industriais à cabeça, mas não só, porque o comércio, o turismo e até mesmo a agricultura e muito em especial a pecuária, sofrem com isso?

 

2 – A qualidade da energia que produzem é pouco mais que digna de um 3º Mundo. Vejamos: à medida em que os seus "responsáveis" brincam aos "moinhos de vento" aqui e pelo mundo fora, diga-se, em total ausência de respeito pelo nosso dinheiro, descuram aspectos tecnológicos fundamentais à alimentação energética da indústria, gerando-lhe elevadíssimos prejuízos e quebras de produção e de rendimento inadmissíveis. Para quem não sabe, informo que há indústrias neste momento que não podem recorrer às melhores tecnologias porque as oscilações de corrente que se verificam na nossa rede provocam a paragem automática de tais equipamentos quando não mesmo avarias graves.

 

3 – Por outro lado, e por último, a nível social, a factura que os nossos concidadãos mais carenciados pagam mensal e religiosamente à EDP é percentualmente ao que auferem uma enormidade, pondo em causa até a sua subsistência mais elementar. Isto, quando a EDP em lugar de lhes baixar o custo, gastar somas astronómicas em jogos de monopólio, brindes, prémios e manifestações faustosas e insultuosas, quando não mesmo criminosas, dado o que esquecem e ignoram e se passa em sua consequência.


Por tudo isto, é vergonhoso, ainda por cima, tecermos loas a uma administração de cafagestes que só tem em vista o premeio dos accionistas e sacar quanto mais melhor a quem, na verdade, não tem forma de lhes fugir, apesar do falacioso Mercado Aberto.»

Dar lucro sem energia

João Carvalho, 17.10.10

«EDP — viva a nossa energia». É assim que termina um longo filme publicitário da EDP que anda a passar nas televisões. Depreendo que tenha correspondência em rádios, jornais, outdoors e por aí fora. E pergunto-me: porquê e para quê? Estará a EDP com receio que a gente a ponha na rua e que passe a viver sem ela? Ou é para ela não pagar impostos pelo que investe em comunicação?

Compreendo que a EDP tenha entregue uma forçosamente choruda soma a criativos, publicitários, agências, meios de comunicação, cineastas, actores, músicos, etc., pela sofisticada publicidade. Aceito que todos eles precisem de ganhar algum. Mas... e nós? Nós, que temos de viver com a EDP dentro de portas, não lucramos nada? Com menos publicidade e revisão ("em baixa") dos preços que a EDP nos cobra, não daria para pouparmos uns tostões que tanta falta fazem a cada vez mais pessoas?

«Eu gosto de ti, amo-te muito, quero-te tanto...» — diz a EDP às tantas. A sério? — pergunto eu. «... Em momentos» — acrescenta o actor. Bem me parecia — concluo eu.

Não há dúvida que a luz quando chega nunca é para todos. Como de costume, o serviço é público, mas só por momentos e só alguns é que lucram. E ainda sobra para bónus e prémios de gestão que mais parecem primeiros prémios da lotaria do Natal. Pois cá vamos vivendo, sim, mas cada vez com menos energia. Metidos num túnel de trevas.

A lista de Marques Mendes

João Carvalho, 08.10.10

«Marques Mendes apresentou uma longa lista de institutos, fundações e serviços do Estado que na sua opinião podem ser extintos ou alvo de fusões» e diz que a lista "pode ir ainda mais longe", porque não é exaustiva. O certo é que cada caso está fundamentado ("organismos inúteis ou com competências duplicadas e sobrepostas"), como pode ver-se aqui, mas parece provável que a lista possa estender-se muito, muito mais.

Nada consta sobre a escandaleira das empresas municipais que proliferam em todo o país, verdadeiros esconderijos do clientelismo e do endividamento, mas lá está a inevitável extinção dos 18 Governos Civis. O que é que falta para meter mãos à obra? A lista de Marques Mendes é serviço público e não podemos levar a sério quem continuar a ignorá-la.

4 dicas para enfrentar o calor

João Carvalho, 18.07.10

1 — Mantenha o corpo fresco e beba água com frequência, mas convém fazê-lo em lugares diferentes.

 

2 — Procure frequentar a costa, mas tenha em mente que a luta por um lugar é sempre acalorada.

 

3 — Leve os animais de estimação à água, ou confie no instinto dos animais e deixe-se levar à água por eles.

4 — Não vá em mariquices, porque os trajes são pouco recomendáveis para enfrentar o tempo quente.