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Delito de Opinião

O homem que perdeu a pressa

Pedro Correia, 30.03.22

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Rui Rio conduziu o PSD à segunda derrota em eleições legislativas, consumada a 30 de Janeiro. Entra para a história do partido, mas pela negativa. Nunca antes um presidente social-democrata tinha somado dois fracassos consecutivos em escrutínios para a Assembleia da República. António Costa bem pode agradecer-lhe.

Neste século, dois dos maiores desaires do partido em disputas eleitorais têm o nome e o rosto de Rui Rio. Que entre 2019 e 2022 conseguiu fazer recuar ainda mais o grupo parlamentar laranja: eram 79 deputados, passaram a 77, contabilizados enfim os votos dos portugueses inscritos no círculo da emigração na Europa. Outra trapalhada em que o ainda presidente do PSD se envolveu, atrasando quase dois meses a posse do novo governo e a entrada em funcionamento da nova legislatura. Para afinal ver o seu partido derrotado em toda a linha também aí: o PS ganhou um deputado extra neste círculo. Reforçando a maioria absoluta: tem 120 lugares no parlamento.

Mais 43 do que o PSD.

 

Outra trapalhada, sim, mas talvez não a última. Porque Rio resiste a assumir as consequências do imenso fracasso que foi o seu mandato na Rua de São Caetano à Lapa. Dois meses após a derrota, insiste em manter-se entrincheirado na sede em vez de ter saído logo, por iniciativa própria, honrando a ética da responsabilidade.

Pelo contrário, adiou o mais possível o processo de substituição, que será ainda mais demorado do que já foi a contagem dos votos da emigração e a instalação da legislatura em São Bento.

O PSD só irá a votos a 28 de Maio - mais dois meses de espera. Mas todo o processo de sucessão só ficará concluído em Julho, mês de férias. Permanecendo até lá com uma Direcção moribunda: faz que anda mas não anda, encalhada em definitivo. Enquanto o PP espanhol - parceiro do PSD no Partido Popular Europeu - viu o líder, Pablo Casado, demitir-se a 22 de Fevereiro e terá o seu sucessor, Alberto Nuñez Feijóo, eleito já neste fim-de-semana.

Apesar da penosa agonia do seu mandato, sobra ainda a Rio energia suficiente para ir distribuindo a sua gente pelos lugares que restam, transformando o provisório em definitivo. Quando o próximo líder enfim tomar posse, encontrará um presidente do grupo parlamentar escolhido pelo antecessor e representantes no Conselho de Estado designados pela mesma via. Um deles, provavelmente, o próprio Rio. 

 

Este homem que agora parece não ter pressa alguma é o mesmo que em Outubro anunciou a intenção de adiar as directas no partido porque havia que preparar sem demora as legislativas e foi ao Palácio de Belém comunicar ao Presidente que a nova Assembleia da República devia ser eleita logo a 9 de Janeiro. Alegando que os problemas no País eram prementes e exigiam não desperdiçar mais tempo.

Cada dia que passa com ele ainda no posto de comando, é mais um dia de descrédito para o PSD. E um dia adicional de satisfação para Costa, que ontem deve ter voltado a sorrir quando ouviu Rio dizer: «Eleva a própria qualidade da intervenção do parlamento. Prestigia o parlamento, revejo-me praticamente em tudo Referindo-se ao discurso inaugural de Augusto Santos Silva como presidente da Assembleia da República. O mesmo Santos Silva que em Dezembro lhe deu uma ensaboadela pública, recomendando-lhe «sentido de Estado».

A repreensão produziu efeito, como se vê. O respeitinho é muito bonito. 

Acrânio

jpt, 27.02.22

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Há alguns meses, em pleno período intra-pandémico, fui surpreendido ao tomar conhecimento de me ter sido instaurado um processo por difamação. Um antigo governante considerou-se ofendido pelo teor de um texto de blog e pelos epítetos que eu lhe dedicara. Os quais eu julgara não só fundamentados por uma cuidadosa descrição etnográfica da sua acção política como aceitáveis face à moral e jurisprudência correntes - entre tantos outros casos, que nem sequer são juridicamente invocados, recordo que o renomado Miguel Sousa Tavares chamou "palhaço" ao próprio Presidente da República em plena televisão, tendo sido inocentado, sendo que eu dissera algo menos em mero blog sobre alguém sem esse peso simbólico constitucionalmente consignado. Desprovido que estou de recursos financeiros e de arcaboiço moral para suportar uma longa batalha jurídica, e os presumíveis sucessivos recursos até Haia, remeti para as malvas os sacrossantos princípios e preferi aceitar a acusação. Tendo assim sido condenado a uma punção pecuniária, que me é pesada. E ainda a um período probatório que ainda decorre, e durante o qual se me torna particularmente periclitante não só a adjectivação pública como, implicitamente, a abrangência temática das reflexões. Escrevo assim, neste hóbi blogal, não só com os limites da minha ética e aquilo que presumo ser a (fluida) moral pública, mais ou menos balizada pela lei. Pois escrevo também para que não me lixem... 

Este longo preâmbulo, de teor pessoal, prende-se com a relativa homofonia que se me impôs ao ler as declarações de Rui Rio sobre as sanções europeias à Rússia. Este "acrânio" imediato que se me surgiu. Não quero ser processado, não quero ser chamado à liça em período probatório por de novo violentar o "bom nome" de político. Ou seja, não estou a dizer que o dr. Rui Rio nasceu sem crânio. Ou a apoucar a sua família, ascencente e descendente. Sua vizinhança. Seus colegas e correligionários. Ou a insinuar que o cidadão Rui Rio ou os seus próximos têm alguma deficiência, física ou mental. Estou apenas a explicitar - usando uma metáfora, convém sublinhar - que estas declarações são uma total acefalia política. 

Diante desta proclamação de Rio, convocando um extremo cuidado nas sanções europeias à Rússia, posso ainda perguntar - fundamentando a tal atrevida metáfora - o que é que o dr. Rui Rio propôs enquanto presidente do segundo partido português, dotado de forte representação no Parlamento Europeu, para fortalecer a política externa com instrumentos económicos? O que disse, o que induziu, o que promoveu? Que nós saibamos, nada. Limitou-se, decerto que impante, a navegar à vista. E agora, neste momento de enorme crise política, vem com este discurso disfarçado de "bom senso". Perfeitamente absurdo. Minando, e não só simbolicamente, uma desejável concertação interna e internacional face ao Estado e à sociedade russa.

Ao ler esta tropelia, proferida em tom seráfico, perguntei-me também como é possível estar este homem na presidência do PSD. Já nem questiono o ter lá estado, mas a sua continuidade neste presente. Em que estado cataléptico está o segundo partido do país para ter este medíocre presidente - o qual já reconheceu "não estar ali a fazer nada". A democracia multipartidária faz-se de partidos, e torna-se necessário - goste-se ou não de cada um deles - que haja qualidade, intelectual e ética, nos seus dirigentes. E esta visão acrânica sobre a guerra na Ucrânia é uma vergonha para o PSD e uma desgraça para o país. Por menos relevante, em termos mundiais, que seja a opinião do dirigente do segundo partido de Portugal. 

O PSD que se cuide e afaste, quanto antes, este seu presidente. Vácuo, de pomposo auto-convencimento.

(Até porque há mais mundo do que o manjar da regionalização).

Contrastes

Pedro Correia, 14.02.22

Um ano a escrever sobre Rio

Pedro Correia, 03.02.22

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6 de Janeiro de 2021: «A luta continua. A derrota é certa.»

 

4 de Fevereiro de 2021: «Quanto mais me bates, mais gosto de ti - parece suplicar Rio a Costa. Falando ontem aos jornalistas, nos Passos Perdidos da Assembleia da República, o presidente do PSD voltou a fazer um panegírico do seu suposto adversário: parecia falar mais como assessor do chefe do Governo do que como dirigente da oposição.»

 

11 de Fevereiro de 2021: «Os socialistas têm muitos motivos de preocupação. Mas com Rio ainda à frente do PSD ninguém no partido do punho fechado padece de insónias: este "opositor" é o sonho de qualquer governo.»

 

19 de Fevereiro de 2021: «Nunca me lembro de ver o alegado "líder da oposição" chamar incompetente a algum ministro - muito menos ao primeiro-ministro, a quem faz vénias sucessivas, recebendo só desprezo como troco. Toda a energia anímica do antigo alcaide do Porto concentra-se na guerra aos próprios companheiros de partido.»

 

17 de Março de 2021: «A sessão pública de ontem, em que Rui Rio e Rodrigues dos Santos (outrora conhecido por "Chicão") anunciaram uma plataforma comum para as autárquicas, tinha uma atmosfera menos animadora do que muitos funerais. Com um a falar em alhos e o outro a falar em bugalhos. Sintonia zero. Nem podia ser de outra maneira: é uma soma de derrotados.»

 

26 de Abril de 2021: «Diga o que disser, seja em que data for, não acerta uma.»

 

19 de Julho de 2021: «Esta ausência de alternativa a António Costa já não é só um problema do PSD: é um problema do País.»

 

31 de Julho de 2021: «Temo que ao fim de quase quatro anos de "liderança" no PSD já ninguém desperdice tempo, energia e paciência para lhe ensinar como se faz oposição. Tarefa irremediavelmente condenada ao fracasso.»

 

27 de Outubro de 2021: «Na semana passada, Rui Rio surgiu duas vezes em directo. Com 24 horas de intervalo. Nunca para fazer marcação cerrada ao Governo, mas para visar alvos internos. Nisto, nada de novo: as declarações mais duras do actual presidente laranja foram sempre dirigidas a figuras do próprio partido.»

 

1 de Novembro de 2021: «Em entrevista à SIC, na sexta-feira, Rio insistiu na mesma tecla: legislativas já a 9 de Janeiro. Ou, o mais tardar, no dia 16. Sabe que isso favorece os socialistas, mas só surpreende os incautos: os seus quase quatro anos de desempenho à frente do PSD demonstram que, com ele, Costa pode permanecer descansado.»

 

5 de Novembro de 2021: «Extraordinário: ao longo de mais de meia hora, o presidente do PSD não fez qualquer crítica ao Governo. Nem uma para amostra. Zero total. A maior evidência de que estamos mergulhados num pântano é precisamente esta. Oxalá seja possível encontrar uma saída.»

 

28 de Novembro de 2021: «O homem que em 2008 não se sentiu suficientemente "picado" para concorrer à liderança social-democrata no auge do poder socrático e em 2019 perdeu por larga margem as legislativas contra o PS de Costa vai certamente guardar outra garrafa de champanhe - desta vez para celebrar nas eleições de 30 de Janeiro a nível nacional. Pode ser que vença, mesmo saindo derrotado.»

Quatro vezes derrotado

Pedro Correia, 02.02.22

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Perdeu as europeias de 26 de Maio de 2019, com a mais baixa percentagem de que há memória para o partido. Perdeu o escrutínio legislativo de 6 de Outubro de 2019, com um dos piores resultados de sempre para o PSD. Perdeu as autárquicas de 26 de Setembro de 2021, com metade das presidências de câmara do PS. Acaba de perder a eleição legislativa de 30 de Janeiro, numa campanha em que se destacou por apresentar aos portugueses o seu gato Zé Albino, como se nada houvesse de relevante a debater no País.

É um coleccionador de derrotas: quatro anos a acumulá-las.

Na noite eleitoral, numa das intervenções mais patéticas de que me recordo, começou a falar alemão para evitar uma pergunta incómoda, congratulou-se por esta desastrada campanha do seu partido não ter gerado prejuízo financeiro e permitiu que os seus acólitos vaiassem os jornalistas ali presentes como adeptos a xingar o árbitro num estádio de futebol.

Talvez tudo isto possa ser resumido numa palavra: deprimente.

Sem programa eleitoral

Pedro Correia, 07.01.22

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No processo de consultas efectuado pelo Chefe do Estado após o anúncio da dissolução da Assembleia da República, Rui Rio revelou-se o líder partidário mais cheio de pressa, ultrapassando os restantes.

Foi ao Palácio de Belém reivindicar eleições legislativas para 9 de Janeiro, invocando o interesse nacional. Um cenário que remeteria o início da campanha eleitoral para a semana entre o Natal e o Ano Novo, além de inviabilizar a realização dos debates televisivos agora em curso.

Uma sua vice-presidente no PSD foi ao ponto de insultar Marcelo Rebelo de Sousa argumentando que o Chefe do Estado iria definir o calendário eleitoral para «seguramente favorecer Paulo Rangel». Não fez a coisa por menos. 

Marcelo, sem se deixar pressionar por esta absurda estridência da entourage de Rio, marcou as legislativas para 30 de Janeiro. Ninguém hoje contesta essa data. Ninguém hoje ousa afirmar que é demasiado tardia.

Espantosamente, neste início da manhã de 7 de Janeiro, o PSD ainda nem sequer apresentou o seu programa eleitoral. Tem aparecido nos debates televisivos com este documento escondido numa gaveta qualquer.

É assim que o "principal partido da oposição" se mostra aos portugueses: sem propostas, sem ideias, sem programa, sem o trabalho de casa feito. A 48 horas da data que inicialmente exigia para todos irmos a votos. 

Por mim, fico esclarecido. Sobre a competência, a responsabilidade e a argúcia política de quem dirige este partido. 

Prisão Perpétua?

jpt, 04.01.22

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(Debate entre Rui Rio e André Ventura, Sic, 3.1.2022)

Vai uma grande discussão sobre a prisão perpétua (para pedófilos), como se fosse essa uma questão realmente importante no país ("full house" para Ventura). Costa e o PS surgem hoje (claro) a bater em Rio - no debate com Ventura - por este ter aberto a porta à reintrodução dessa pena. O PSD clama que é uma manipulação e Rio, no seu típico sarcasmo de twitter, diz que o acusarão de defensor da burka.
 
Sem rodeios, o PS não desenvolve o país e é urgente que saia do poder. E a questão da prisão perpétua é patética. Mas isso não conta neste assunto, e para tal basta (re)ver o debate: a partir dos 7'54'' Rio fala da questão. Diz que há 3 modalidades (inexistência, existência absoluta, perpetuidade ponderada a posteriori, "mitigada" como ele chama). A partir dos 8'29'' diz explicitamente: "Se nós estamos a falar da prisão perpétua ponto final parágrafo, vai para a cadeia nunca mais sai de lá até ao fim da vida isso nós somos contra...".
 
Disto retiram-se três conclusões, óbvias para quem não seja estúpido ou aldrabão:
 
1 - Rio diz que "se" for esta opção maximalista ele (e o seu partido) estão contra, o que implica que há uma outra opção de perpetuidade penal (a tal "mitigada") que aceitam - se não fosse isso não teria qualquer sentido a sua construção discursiva;
 
2 - Clara de Sousa demonstra ser manifestamente incompetente como moderadora pois interrompe-o (no meio de uma explanação que irá levantar imensa celeuma, e convocar a desculpabilizadora falácia da "falta de clareza") devido a um mero motivo de "equilibrar os tempos". É um momento abissal na carreira de uma jornalista televisiva, por mais simpática que ela me (nos) possa ser.
 
3 - As proclamações que hoje Rio e o PSD vêm fazer sobre o assunto, negando a aceitação da admissibilidade da prisão perpétua ("mitigada"), são um vil e rasteiro aldrabismo.
 
Em suma, para mudar que seja para melhor. E não será com isto.

Calma e ponderação

Cristina Torrão, 04.01.22

Sei que vou de novo provocar a ira de comentadores habituais do Delito. Mas não me importo. O problema é deles, não é meu. Penso pela minha própria cabeça, tenho os meus princípios e as minhas convicções e não prescindo deles para agradar seja a quem for.

Depois do debate de ontem entre Rui Rio e André Ventura (que não vi, mas baseio-me no artigo aqui linkado), o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, acusou o líder do PSD de ceder ao populismo ao “negociar em direto e ao vivo” com o líder do partido Chega, André Ventura, admitindo até “ceder na proibição da prisão perpétua”.

Ora, lendo o artigo em questão, constatamos que isto é um verdadeiro exagero, roça mesmo a calúnia, já que o presidente do PSD rejeitou hoje qualquer coligação de Governo com o Chega, que considerou “um partido instável”. E, mesmo na questão da prisão perpétua, Rui Rio fez questão de separar os vários regimes de prisão perpétua que existem - citando o exemplo da Alemanha em que este tipo de pena é revisto ao fim de 15 anos sob forma de liberdade condicional - e afastando-se daqueles em que alguém pode ser preso por toda a vida.

Na minha opinião, Rui Rio esteve bem nestas declarações, mas deve ser ainda mais assertivo na sua rejeição a qualquer tipo de acordo com o Chega. Denominá-lo de partido instável é insuficiente! Ele tem de deixar claro que o Chega não é um partido aceitável, na nossa democracia, não dando azo a especulações como as feitas por José Luís Carneiro.

Também deve, por isso, resistir a qualquer tentativa de sedução por parte do líder cheguista, que diz estar disponível para “conversar” para afastar António Costa, embora insistindo numa presença no executivo. “Ninguém vota no Chega para ser muleta do PSD, para nós é preciso conversar para haver um Governo que afaste António Costa, o Chega está disponível para conversar no pós 30 de janeiro”. E não ligar a provocações do tipo: com o líder do Chega a acusar o presidente do PSD de querer ser “o vice-primeiro-ministro de António Costa”.

Demonizar António Costa é uma radicalização bem ao jeito do líder da extrema-direita. Não seria, porém, digno de um candidato a Primeiro-Ministro, seria mesmo um grande erro, que lhe custaria votos essenciais. Afastaria eleitores indecisos, alguns que até já terão votado PS e que pensarão: "Costa até nem foi tão mau quanto isso, o melhor mesmo é deixá-lo continuar, em vez de ir o Ventura para o poder". Mas há outro aspecto que convém não ignorar: demonizar Costa é dar-lhe uma auréola de mártir. E, havendo pessoas que adoram mártires, lá fica o homem apetecível a muitos outros eleitores indecisos.

Esperemos que Rui Rio não ceda aos olhos de carneiro mal morto de Ventura, nem se deixe provocar pelas suas acusações. Desejo-lhe muita calma e ponderação!

 

Adenda: sendo as eleições a 30 de Janeiro, penso que vai sendo altura de nós emigrantes recebermos os boletins para a votação postal. Espero que não se repitam os erros de outros anos, em que os boletins são enviados tarde demais, ou nem chegam a ser enviados. Depois, acusem-nos de não ligarmos às eleições portuguesas!

«Preparadíssimo para ser primeiro-ministro»

Rui Rio

Pedro Correia, 08.12.21

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A História, com agá maiúsculo, escreve-se muitas vezes a partir de minúsculos pormenores. Regressemos por momentos a 2008: José Sócrates, com maioria absoluta, estava no auge do seu consulado. O PSD ficou órfão de líder, como tantas vezes tem acontecido. Todos os olhares se viraram para o Porto: ousaria Rui Rio descer à capital para tomar conta do partido que tanto parecia desejá-lo?

Hesitou, chegou a alimentar expectativas, mas a resposta foi negativa. A pretexto de completar o mandato na Câmara do Porto, onde estava desde 2001, decidiu ficar por lá. Avançou então Manuela Ferreira Leite, como solução de recurso. Sabemos o que sucedeu nas legislativas de 2009: nova maioria do PS, embora sem maioria absoluta.

Sem aquela hesitação, talvez o país tivesse sido poupado a dois anos suplementares de socialismo em versão socrática. Talvez Passos Coelho jamais tivesse ascendido à liderança do PSD. Talvez a geringonça de António Costa continuasse a ser mero exercício especulativo sem aplicação prática.

Mas Rui Fernando da Silva Rio, à época com 51 anos, recusou montar o cavalo do poder. Talvez por não sentir o menor fascínio por Lisboa, onde se manteve como deputado durante a década de 90 e foi efémero secretário-geral do PSD, com Marcelo Rebelo de Sousa na liderança. Desentenderam-se. Há quem jure que as relações entre ambos nunca voltaram a ser as mesmas.

 

Os tempos são outros: com um em Belém, o outro aspira à chefia do Governo e os seus mais próximos garantem que está «preparadíssimo para ser primeiro-ministro». A hesitação anterior forçou-o a aguardar quase cinco anos entre o fim do mandato autárquico e a corrida à sucessão de Passos. Lidera desde Janeiro de 2018 um partido que com ele ao leme mantém o segundo posto em todas as sondagens.

Rio milita desde os 18 anos, conhece as hostes sociais-democratas como poucos e sabe falar para as bases envelhecidas e rarefeitas. Superou três adversários sucessivos – Santana Lopes, Luís Montenegro, agora Paulo Rangel. Na mais recente eleição interna – que venceu por 1746 votos num escrutínio com 36 mil votantes – acenou ao povo laranjinha com aquilo que ele mais queria ouvir: a perspectiva de um regresso rápido do PSD ao poder. Se tiver de ser com o PS, que seja.

Nos quatro anos mais recentes, aliás, já houve sintonia entre os dois partidos em questões tão diversas como o fim dos debates quinzenais no parlamento, a imposição do mandato único à Procuradora-Geral da República, o condicionamento das ordens profissionais, as nomeações políticas para as comissões de coordenação e desenvolvimento regional e a flexibilização das regras da contratação pública, só para citar alguns exemplos.

É mais fácil imaginar Rio como hipotético vencedor das legislativas de 2009 contra um Sócrates já enfraquecido do que a conseguir o triunfo nas urnas a 30 de Janeiro. Mas a política, imitando a vida, é feita de mil surpresas. Para vencer, o primeiro requisito básico é estar no sítio certo à hora que o destino marca e a vontade dos eleitores impõe. O resto são cenários. E dos cenários não reza a História.

 

Texto publicado no semanário Novo

Nada muda para que tudo mude

Pedro Correia, 28.11.21

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Foto: José Coelho / Lusa

 

Na noite em que desperdiça a enésima oportunidade de pugnar pela unidade do PSD optando por disparar contra dirigentes distritais e concelhios após novo triunfo tangencial para a presidência do partido em eleições internas que não desejou nem convocou, Rui Rio abriu uma garrafa de champanhe. É caso para isso, na óptica de quem nele apostou. Os laranjinhas estão mais perto de concretizarem o desígnio que o líder vem acalentando há quatro anos: regressar ao poder, agora de braço dado com o PS. António Costa é potencial aliado, não adversário - daí as palavras cautelosas que Rio sempre utiliza quando alude ao primeiro-ministro. O mesmo que durante estes quatro anos o desprezou com desdém olímpico.

O PSD é partido com vocação para o exercício do poder - e este impulso prevalece sobre qualquer outro, como demonstra o escrutínio de ontem, em que participaram 36 mil militantes, com o presidente em funções a vencer por uma diferença de 1700 votos. Teve 52%, contra os 48% de Paulo Rangel. Em Janeiro de 2018 vencera Santana Lopes com 54%. Em Janeiro de 2020 vencera Luís Montenegro com 53%. Agora diminui um pouco mais a margem do triunfo, parecendo satisfeito por liderar meio partido. Quem o conhece bem diz que só assim se sente «picado» - e apenas picado salta com espírito guerreiro para o recinto de luta.

O homem que em 2008 não se sentiu suficientemente «picado» para concorrer à liderança social-democrata no auge do poder socrático e em 2019 perdeu por larga margem as legislativas contra o PS de Costa vai certamente guardar outra garrafa de champanhe - desta vez para celebrar nas eleições de 30 de Janeiro a nível nacional. Pode ser que vença, mesmo saindo derrotado. 

Rangel foi perdendo firmeza e segurança à medida que se escoavam as escassas semanas de campanha contra um adversário que sempre recusou enfrentá-lo cara-a-cara e classificava esta pugna interna de «balbúrdia»«tempo perdido». Tanto quanto me recordo, foi a primeira vez que algo semelhante sucedeu no PSD: um líder rejeitar o debate com um companheiro de partido. Talvez aqui tenha funcionado a lógica adoptada há um ano pelo grupo parlamentar social-democrata quando tomou a iniciativa de propor o fim dos debates quinzenais no parlamento com o primeiro-ministro: havia que «deixá-lo trabalhar».

Não se abre novo ciclo: vai prosseguir o anterior. Nada muda para que tudo mude - era este o lema de Don Fabrizio Corbera, Príncipe de Salina. Um homem que se desligava das paixões terrenas contemplando os astros. Questiono-me em quem votaria se vivesse neste Portugal de 2021.

A chico-espertice como método

João Sousa, 26.11.21

Um apoiante de Rui Rio (ou talvez um funcionário do call-center ao qual Rio delegou a sua campanha?) achou por bem criar um perfil no Facebook, supostamente de Passos Coelho, onde este expressaria o seu apoio em Rui Rio. Passos Coelho já veio a público declarar não ter nada a ver com o assunto. A maior ironia é que Rui Rio foi muito mais esforçado na sua oposição ao governo de Passos Coelho do que alguma vez foi na oposição (qual oposição?) ao governo de Costa.

Rio Strikes Again

jpt, 21.11.21

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Ontem almocei uma magnífico cozido à portuguesa, emanado das mãos de mago de um grande amigo. Éramos seis à mesa. Acoplados à prolongada e cuidada mastigação vários assuntos vieram à baila, alguns deles relevantes para todos nós, alguns outros nem tanto. Apesar da máscula companhia não foram abordadas "questões de saias", de negócios ou de futebóis. Mas apesar da vigência desses implícitos critérios  convivenciais aflorou-se um pouco a outra questão sempre aziaga, isso da coisa pública, tendo sido abordada a actual necrose da geringonça e os paliativos que urgem. E nesse âmbito, ainda que à mesa inexistissem militantes ou até meros eleitores do PSD, urdiram-se argumentos sobre a actual contenda social-democrata e proferiram-se preferências sobre os assuntos internos daquela agremiação.

E nisso ouvi algumas vozes, nada esquerdistas, defendendo, ainda que com pouco ênfase, a preferência pela continuidade de Rio. Pois homem sério e decidido, e com o património pessoal de ter presidido à câmara do Porto com sucesso. Sobre a matéria nada ajuizei, não só porque me sinto excêntrico ao debate mas, acima de tudo, devido à já referida excelência do repasto, que muito monopolizava a minha atenção - acompanhado de um adequado tinto "Cara a Cara", robusto o q.b. para este tipo de comezaina e suave o necessário no seu custo.

Hoje à noite, após a derrota do United diante do Ranieri, da grande vitória tangencial, conseguida in extremis, da Inglaterra sobre os Springboks, e enquanto via pela primeira - e decerto que última - vez o pastelão insuportável "Blade Runner 2049", jantei uma feijoada de coelho caseira, daquelas de trás da orelha, coadjuvada por um não muito excitante tinto "Guarda Rios" - o qual, verdade seja dita, se justifica por se apresentar ao consumidor sob um preço que o torna apetecível. Após esta labuta recolhi aos aposentos para o sono do justo, antecedido por uma breve excursão pelos jornais desportivos, em azáfama de fim-de-semana.

E é neste entretanto, na diagonal sobre a imprensa, que reparo ter o presidente do PSD - o qual há dias anunciara não realizar campanha para as eleições internas do seu partido - lançado mais esta farpa ao seu competidor. Ou seja, anunciou ao país que o seu concorrente almeja o poder para distribuir postos estatais pelos amigalhaços e apoiantes. E também, como é óbvio, explicita-nos que o seu partido tem imensas dinâmicas que querem o mesmo, tanto que catapultaram este seu concorrente, prenhe dos tais ímpios desígnios, como hipótese viável para presidente do PSD.

Dou uma gargalhada, adio o leito, sirvo-me de um dedal do "Queen Margot", boto o postal. Apenas para avisar os meus convivas do repasto da véspera. Pode Rio ter as características e o passado que lhe reconhecem. Mas, aqui entre nós, que ninguém nos ouve, vai agora sem qualquer tino. Pois isto não é coisa que um  homem na sua posição possa dizer de um correligionário concorrente. Mesmo que seja verdade...

Esquerda, direita

Pedro Correia, 16.11.21

Um partido espanhol recém-surgido, denominado España Vaciada (EV), já figura nas sondagens. Promete ser o representante dos esquecidos e negligenciados nas províncias mais pobres e despovoadas do país vizinho. Começando a alarmar os estados-maiores das principais forças políticas. Segundo uma recente pesquisa de opinião, poderá roubar seis deputados ao PP e cinco ao PSOE, conseguindo 15 representantes no parlamento.

Isto confirma que a política está em permanente mudança nos dias que vão correndo. Partidos como o EV - prefigurados no Teruel Existe, que já elegeu um deputado nas anteriores legislativas afirmando-se representante da Espanha profunda - não são de esquerda nem de direita. 

Aliás o que significam hoje a esquerda e a direita na política? Onde se situam Rui Rio, hipotético chefe da "direita", que vota a favor da legalização da eutanásia na Assembleia da República, e Jerónimo de Sousa, suposto representante da "esquerda", que vota contra a mesma iniciativa legislativa? Lamento decepcionar os cultores de etiquetas, mas esses conceitos geométricos ficaram lá para trás.

Rio & Rangel

jpt, 11.11.21

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Está o PSD em compita interna, a menos de 3 meses de eleições legislativas. Talvez não seja o melhor momento para tal iniciativa, mas dever-se-á às ondas de choque provocadas pela derrota dos partidos de esquerda nas recentes autárquicas e à imposição (apressada?) do presidente da República. A decisão sobre o próximo presidente do PSD compete aos seus militantes mas, como é óbvio, acaba por nos interessar a todos, se acreditarmos - como será normal - que algo influenciará os próximos resultados eleitorais e a próxima configuração de poder governamental. Já o botei aqui, independentemente das virtudes políticas (e pessoais) que Rui Rio tenha não encontro, nem no círculo dos meus conhecimentos nem no amplexo imprensa/redes sociais, locutores que exprimam entusiasmo pela sua actuação. Algo que não será razão suficiente para nele descrer - até porque depende exclusivamente deste meu pessoal ponto de (tomada) de vista - mas que será um pouco descoroçoante para quem espere uma "vaga de fundo" eleitoral. Enfim, para mim - que nem sequer votei PSD nas últimas legislativas - parece-me que ao longo destes anos Rio não conseguiu afirmar-se individualmente como líder de uma alternativa à governação de António Costa, nem terá conseguido catapultar o seu partido como alternativa colectiva - quem são as actuais figuras gradas daquele partido, que políticas sectoriais ali se defende, que documentos (abrangentes e súmulas) têm publicado, que "seminários/colóquios/congressos" temáticos têm desenvolvido, etc? Com que forças sociais (também ditos "grupos de pressão") têm abertamente debatido? Que reformas propõem, que status quo entendem inamovível? Em suma, que projecto substantivo para o país defendem (para além do "patois" para cabeçalhos de imprensa) que justifique a mudança governativa, para além daquilo que o eleitor comum possa presumir, na sua desinformada candura? Dito isto, também sobre Rangel não se pode dizer que se saiba muito mais - para além da já referida presumível expectativa assente nos historiais dos partidos. É certo que não lidera um partido há um punhado de anos, como Rio, e que há quase uma década está algo afastado da política interna, dado o seu cargo de eurodeputado, o que justificará muito mais do que em Rio o desconhecer-se-lhe tanto um discurso individual abrangente como a inexistência de um trabalho de coordenação (e até de liderança) de uma colectiva reflexão sobre o país. Para mais, e no meu caso, não tenho acompanhado a sua carreira política - como referi notei-o com atenção apenas há cerca de um ano e meio quando teve um conjunto de declarações e acções parlamentares muito pertinentes e aquilatadas sobre o conflito no Cabo Delgado, em Moçambique.

Botei este longo intróito para justificar o meu cenho franzido, e algo distraído, diante da actual situação do maior partido da oposição. Atitude que nem será de espantar, dado não ser nem militante, nem simpatizante nem mesmo eleitor habitual do PSD (partido no qual votei em 1999. E no qual teria votado em 2001, 2009 e 2011 se não fosse então epígono do actual presidente da República, inscrito numa cidade e residindo numa outra, no meu caso bem longínqua, cerca de 11 000 kms). Espero apenas que possam os militantes do PSD escolher o melhor possível para a participação optimizada desse grande partido democrático no processo político português, ainda para mais quando se anuncia uma crise económica internacional, que talvez venha a depauperar o nosso algo distraído país.

Nesse sentido fico estupefacto quando leio as recentes declarações de Rio. Anunciara há dois ou três dias que não fará campanha interna na corrida eleitoral do partido. E agora, julgo que ontem, a apenas dois meses e meio das eleições legislativas, afirma ao país que o seu opositor Rangel "não está preparado para ser primeiro-ministro", algo que num partido com aspirações governamentais é um evidente "depois de mim, o dilúvio". Para além de contradizerem completamente o tal anúncio de inexistência de campanha interna que Rio fez na véspera, estas declarações feitas num partido da dimensão do PSD são letais, demonstram uma total falta de solidariedade interna, de conjugação partidária. E vêm do seu próprio presidente! Diante de uma coisa destas, do minar do caminho do próprio partido, não consigo perceber como é que haverá militantes do PSD que se conjuguem com Rio, tão "despreparado para ser presidente de partido" assim se mostra. Mas também o digo, diante disto, destas declarações entre gente que se conhece, e muito, não percebo como é que nós, eleitores comuns fora dos partidos, poderemos confiar em tais gentes, embrenhados em tal forma de fazer política. Como confiar em Rangel se o seu próprio presidente dele diz isto? Enfim, se Rio assim, tão rasteiro, e se Rangel assim tão "impreparado", o melhor é mesmo elegermos deputados de outros partidos... Está aí um cardápio à disposição, a cada um como cada qual...

Notícias do pântano

Pedro Correia, 05.11.21

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1. O Presidente da República marcou legislativas para 30 de Janeiro. Voltamos à urnas daqui a 11 semanas. Péssima notícia para todos aqueles que queriam «eleições imediatas», alguns já a 9 de Janeiro, empurrando o início da campanha para 26 de Dezembro e todos os debates televisivos entre candidatos para a quinzena pré-natalícia, sem perceberem que isso só contribuiria para engrossar ainda mais os já chocantes índices de abstenção em Portugal.

 

2. Os presidentes do PSD e do CDS ficam sem a menor desculpa para continuarem a evitar eleições internas -- regulares, ordinárias, obrigatórias pelos estatutos -- destinadas a clarificar, e eventualmente a renovar, as respectivas lideranças. O calendário eleitoral fixado por Marcelo Rebelo de Sousa permite-lhes isso. Mais: impõe-lhes isso. Fugir do confronto intrapartidário a pretexto da contenda nacional é uma entorse ao sistema democrático. Porque não há democracia sem partidos.

 

3. O PCP, a sua sucursal PEV e o Bloco de Esquerda vêm agora lamentar que o País vá a votos. Fingindo não saber aquilo que Marcelo deixou bem claro em tempo útil: ou haveria Orçamento do Estado para 2022 aprovado na Assembleia da República ou haveria legislativas antecipadas no início do ano. Comunistas e bloquistas pressentem que serão duramente penalizados neste escrutínio. É o preço a pagar por decidirem pôr fim à geringonça e darem primazia ao sectarismo ideológico. Nesta deriva, nem hesitaram em juntar o voto deles ao do Chega. Serão sempre derrotados, mesmo que o PS ganhe por "poucochinho".

 

4. Rui Rio deu ontem uma entrevista de 33 minutos à TVI - só durante nove minutos transmitida em sinal aberto, tendo a restante sido remetida para o canal de notícias no cabo. Ignoro quem aconselha o presidente do PSD em matéria de comunicação: seja quem for, merece advertência. Desperdiçar uma entrevista televisiva precisamente na noite em que o Chefe do Estado anuncia ao País a convocação de legislativas antecipadas é um erro de palmatória. Pior ainda do que se tivesse ocorrido em serão de futebol. 

 

5. Assisti, por dever de ofício, a esta entrevista. Enquanto esteve em sinal aberto, como seria de esperar, os jornalistas tentaram de várias formas que Rio comentasse a intervenção presidencial e as decisões que Marcelo acabara de anunciar no Palácio de Belém. Ele foi-se esquivando - e assim se escoou o tempo.

 

6. Quanto ao resto, já no cabo, mais do mesmo: Rio dispara para dentro, nunca para fora. Chama «tempo perdido» à campanha que deverá realizar-se em Novembro no interior do partido. Qualquer autocrata falaria assim, desvalorizando o debate interno, o confronto de ideias, a auscultação da vontade dos militantes, as eleições directas, a formação participativa de listas eleitorais. Insiste, aliás, em opor-se à realização de directas e do subsequente congresso por gerarem «tumultos internos». Parece incapaz de perceber que este período pode e deve ser utilizado para o confronto político com o PS, dando prova de vitalidade do PSD como partido aberto, dinâmico e plural.

 

7. Os jornalistas - Sara Pinto e Anselmo Crespo - deram a Rio a oportunidade de se demarcar das frases insultuosas que a vice-presidente do PSD Isabel Meireles dirigiu ao Presidente da República em recente artigo de opinião. Não  o fez: outro erro. Cito apenas duas frases desse texto, de inegável mau gosto: «Marcelo adora tricô político com todas as cores. O sabor da intriga, da conspiração e da zombaria estão-lhe no sangue»; «Disparou o projétil [sic] a partir de Belém e colocou em toda a sua carga o ingrediente mais nocivo do ser humano, o ódio, o ódio visceral a Rui Rio.»

 

8. Extraordinário: ao longo de mais de meia hora, o presidente do PSD não fez qualquer crítica ao Governo. Nem uma para amostra. Zero total. A maior evidência de que estamos mergulhados num pântano é precisamente esta. Oxalá seja possível encontrar uma saída.