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Delito de Opinião

Telefones e gravadores

Teresa Ribeiro, 27.06.12

 

É irresistível, agora que voltou à liça, comparar o caso do desvio dos gravadores com o do Público/Relvas. Factos: um confiscou os gravadores dos jornalistas que o entrevistavam, o outro perdeu as estribeiras ao telefone com uma jornalista, ambos na sequência de perguntas que os incomodaram. Quando posteriormente apresentaram desculpas pelo seu comportamento os dois alegaram sentir-se pressionados. Ricardo Rodrigues usou para o efeito a expressão violência psicológica

Francisco Assis, na época líder parlamentar do PS,  recusou-se a fazer comentários "sobre o que se passou exactamente, porque se tratou de uma reacção motivada por uma grande indignação". Os deputados socialistas decidiram igualmente não discutir o assunto na Assembleia da República e a Comissão de Ética decidiu não analisar o caso, com os votos contra do PSD e CDS.

Quanto a Relvas, como se sabe, os apoios e acusações registam-se em idêntica proporção, com o PSD e o PS mais a ala do PSD que o odeia a assumirem posições inversas. Na bloga, esta alternância democrática também se registou, como lembra aqui Miguel Noronha.

O PS relativo

Teresa Ribeiro, 27.06.12

Apesar de ter sido condenado em primeira instância por atentado à liberdade de Imprensa, Ricardo Rodrigues vai continuar vice-presidente da bancada parlamentar do PS.

Os socialistas não escondem a esperança que depositam na justiça, já que a defesa do deputado vai recorrer da sentença. No íntimo esperam que confiscar gravadores a jornalistas possa passar como um acto irreflectido, um ataque de nervos, vá lá, uma maroteira. E continuarão, intrépidos, as suas actividades fiscalizadoras da liberdade de expressão. Ricardo Rodrigues, além de vice-presidente da bancada socialista também é representante no parlamento do Centro de Estudos Judiciários, actividade que, imagina-se, continuará a exercer sem quaisquer constrangimentos. 

 

Adenda: Ricardo Rodrigues acaba de suspender funções no PS. Ah, valente!