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Delito de Opinião

Descubra as diferenças

Tiago Mota Saraiva, 22.07.19

Mação, a história inglória de um município preparado para os fogos

Tiago Mota Saraiva, 22.07.19

Antes de 2017, Mação era um concelho modelo no que diz respeito à prevenção e preparação para o combate aos fogos. O município havia investido muito em planos e na sua implementação que, na verdade, foram um sucesso. No devastador incêndio que lavrou no concelho, creio que uma semana depois do malfadado incêndio de Pedrogão, não morreu ninguém. Os caminhos de combate ao fogo estavam mapeados, trilhados e bem indicados para as corporações de bombeiros que vinham de todo o país e não conheciam o território. Com o dinheiro investido, poupou-se casas e, sobretudo, vidas.
Como consequência de políticas centralistas que têm dificuldade em ver o território além de uma colónia de férias e governos regionais controlados por aspirantes a governantes nacionais, as poucas casas afectadas não beneficiaram dos apoios do Estado. O incêndio não havia ganho as proporções dramáticas que motivasse estar inscrito na agenda mediática.
Passados dois anos o concelho de Mação está novamente em chamas. Ainda que as medidas preventivas tenham poupado território e vidas este caso também demonstra quão questionáveis e inaptas são as estruturas regionais que temos na determinação e organização do território. É também por isto que é necessário voltar a inscrever na agenda política a regionalização para suplantar definitivamente as estruturas de poder regional existentes que são pouco mais do que delegações governamentais dominadas por caciques sem qualquer fiscalização ou controlo democrático.

É difícil criar regiões...

João Carvalho, 22.09.10

«A Câmara de Portimão aprovou em Março a construção de um bloco de habitação com uma área de pavimento superior em 83 por cento à que viabilizara em 2002 para o mesmo local, mas para outros donos», na apetecível estrada Portimão-Praia da Rocha. A área de assentamento da construção passou de 2485 para 4545 metros quadrados. Entre os novos donos favorecidos está um antigo vice-presidente daquela câmara.

Ora, casos deste tipo estão longe de ser invulgares. Aumento da área de construção, alteração de finalidade e coisas do género após uma mudança conveniente de mãos não são propriamente pontuais, como se sabe: têm sido encontrados um pouco por todo o país e costumam envolver ligações suspeitas.

A verdade é que isto tem sérias implicações num qualquer projecto de regionalização. Num país assim tão igual, há que reconhecer que se torna muito difícil dividi-lo em regiões com características e hábitos diferenciadores...

Faltam grandes causas

João Carvalho, 03.06.10

Fui contactado por um velho amigo ligado ao Movimento Pró-Partido do Norte. Regionalização racional, estruturas de custo mínimo, redução implícita dos custos da política central, sensibilidades distintas em torno de uma causa, assembleia a mudar ciclicamente de cidade e não instalada no Porto nem em permanência na mesma terra, extinção dos governos civis, etc. — tudo com pouca gente ligada aos partidos e com muita gente que hoje não se revê neles.

Gostei. Vou aproximar-me. Fazem falta grandes causas e esta pode ser uma. Antes que seja tarde e o centralismo cego encerre este país.

Manuela Ferreira Leite e a regionalização

Paulo Gorjão, 12.09.09

Escrevia aqui a propósito da linguagem simples de Manuela Ferreira Leite -- inquestionavelmente uma das suas virtudes -- quando poucos momentos depois lia as declarações de José Pedro Aguiar Branco sobre a realização de um referendo à regionalização. Voltando ao início, estou de acordo com Filipe Nunes Vicente que Ferreira Leite tem uma linguagem simples, mas discordo da sua bondade relativamente à franqueza.

Manuela Ferreira Leite poderá ter diversas qualidades, mas a franqueza não é seguramente a principal. O caso da regionalização é um bom exemplo. O programa eleitoral do PSD não se compromete com uma data para o referendo sobre a regionalização. Assume o compromisso de o realizar e nada mais. Na linha do programa, Aguiar Branco assume o "compromisso" de realizar o referendo, mas apenas no "momento certo". Em bom rigor, nem se percebe se o compromisso é válido para a próxima legislatura, ou se o "momento certo" poderá ser apenas daqui a quatro anos. Onde está a franqueza?

Mais do que franqueza, aquilo que vejo é ambiguidade, ou mesmo duplicidade.

É claro que nós percebemos, ou julgamos perceber, a razão. O tema não é pacífico no PSD e aquela formulação corresponde a um ponto de equilíbrio entre as diversas sensibilidades. Franqueza implicaria assumir, sem panos quentes, que o tema é controverso e que o compromisso de realizar um referendo sem marcar uma data é o ponto de equilíbrio possível. Isso, sim, seria uma posição franca. As pessoas poderiam discordar, mas perceberiam os motivos.