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Delito de Opinião

Reflexão do dia

Pedro Correia, 03.02.25

«O controlo da imigração não é um tema natural da direita, bem pelo contrário. A imigração livre é até mais um tema liberal, apreciada por patrões, que agradecem mão-de-obra barata, muitas vezes desesperada e sem enquadramento sindical.

A conversão da esquerda ao neoliberalismo migratório é recente e resulta da sua também recente agenda "interseccionalista", "woke" e "anti-racista", onde mistura arbitrariamente todos os males do "capitalismo". Sempre foi má sociologia. Agora vê-se que é também má política.»

 

Luciano Amaral, no Correio da Manhã

Reflexão do dia

Pedro Correia, 20.01.25

«Em 2015, a esquerda prometeu acabar com a pobreza atacando os ricos e distribuindo a riqueza. Os resultados estão à vista. Falharam redondamente. Há quase 100 anos que dois grandes economistas de escolas muito diferentes, Keynes e Schumpeter, mostraram que o crescimento económico, ou seja, a produção de riqueza, é a melhor e única forma de acabar com a pobreza. Não é possível distribuir sem produzir. Portugal junta os dois males. Não cria riqueza suficiente nem a consegue distribuir de forma competente. Inverter este histórico é o grande desafio deste e de futuros governos.»

 

Luís Marques, no Expresso (17 de Janeiro)

Reflexão do dia

Pedro Correia, 28.12.24

«Ao longo de décadas, por cupidez e preguiça, por espírito snob e ganância, por facilidade e irresponsabilidade, a Europa deixou definhar a sua indústria, subsidiou a sua deslocalização, fomentou o recurso às empresas do Terceiro Mundo e entregou à China toda a sua capacidade manufactureira. A Europa libertou-se da sua sujidade, do seu lixo e da sua poluição: à custa da sua independência.

Por miopia e ilusão, a Europa entregou-se nas mãos da Rússia, do seu gás e do seu petróleo, enfraquecendo-se e fortalecendo aquele que é seguramente o mais vil dos actuais impérios à face da terra.»

 

António Barreto, no Público

Reflexão do dia

Pedro Correia, 25.12.24

«Quando se apaga, o calor que resta não domina, mas insiste. Um resíduo quase silencioso, mas irreprimível. Talvez seja aqui que o Natal encontra a sua natureza: não no esplendor de uma luz plena, mas no intervalo entre claridade e penumbra. Um momento onde o tempo pausa e a escuta se torna possível.

Não há conclusões no fogo, como não há no mistério. Apenas um convite para habitar a incerteza. Para olhar, para esperar. Talvez seja aí, na hesitação, que se encontra aquilo que julgávamos perdido: a diferença, o Outro, o mundo.

A dúvida que nos humaniza.»

 

Maria Castello Branco, no Expresso

Reflexão do dia

Pedro Correia, 20.12.24

«O horror das revelações do regime de Assad na Síria, de que temos conhecimento agora, só no tempo dos nazis, disse o procurador internacional de crimes de guerra Stephen Rapp. Interrogo-me onde estiveram estes anos os inúmeros activistas e defensores dos direitos humanos, sempre tão atentos a outros países, alguns muito próximos. Alguém denunciou o genocídio? Viram manifestações na rua? Não me lembro...»

 

Henrique Monteiro, no Expresso

Reflexão do dia

Pedro Correia, 01.12.24

«Na cabeça dos "especialistas", só o Ocidente "internacionaliza" o conflito [na Ucrânia]. Quando é a Rússia a fazê-lo, existe um manto de silêncio sobre as suas bocas que só serve para denunciar as verdadeiras intenções desta quadrilha. No fundo, fazem lembrar os "apaziguadores"  da década de 30, que também não queriam "internacionalizar" o conflito e até propuseram um acordo de paz com Hitler. Enquanto isso, o demencial Adolfo lá ia ocupando a Renânia, anexando a Áustria, conquistando os Sudetas, abocanhando a Checoslováquia e marchando sobre a Polónia.»

 

João Pereira Coutinho, no Correio da Manhã

Reflexão do dia

Pedro Correia, 08.11.24

«Há dez anos, durante a crise financeira, a esquerda ocidental vivia obcecada com o tema de desigualdade. Thomas Piketty, o novo Marx, era o seu herói intelectual. O excesso de austeridade, avisavam-nos, acabaria por conduzir à descrença na democracia.

A década que se seguiu foi a extraordinária crónica de um suicídio. Os "ajustamentos" fizeram o seu caminho. E a esquerda, sem alternativa, foi em busca de novas linhas de divisão, que encontrou no campo minado das "teorias críticas". Substituiu as categorias de classe, comunidade e igualdade pela categoria única da "identidade". Substituiu o optimismo da inevitabilidade histórica pelo pessimismo da culpa estrutural do Ocidente.

Com isto, ficou sem nada de útil para dizer. Entregou tudo à direita, que é hoje proprietária das duas grandes categorias políticas aspiracionais: a liberdade individual e a luta de classes. A esquerda está morta. Alguém terá de a ressuscitar.»

 

Francisco Mendes da Silva, no Público

Reflexão do dia

Pedro Correia, 06.11.24

«Vários elementos no trumpismo acabarão por corroer o [novo] conservadorismo que o próprio Trump está a fundar: a ideia de alimentar permanentemente o conflito social, de explorar o ressentimento com várias proveniências, uma retórica que destrói as regras de urbanidade... Mas também uma visão das instituições como radicalmente instrumentais. (...) As nossas aspirações, os nossos interesses, devem ser institucionalizados, não podem ser só uma expressão da liberdade, no caso do liberalismo, ou da luta de classes, no caso da esquerda. Trump já deixou transparente que tem uma visão totalmente instrumental das instituições americanas, que servem o seu desígnio de poder.»

 

Miguel Morgado, na SIC Notícias

Reflexão do dia

Pedro Correia, 25.10.24

«O que António Guterres fez foi lamentável. Foi deixar-se fotografar, foi deixar-se filmar ao lado do homem que estilhaçou a ordem internacional que Guterres tem mandato para defender. Não consigo perceber, politicamente, qual pode ser o ganho para as Nações Unidas e para Guterres, muito pelo contrário. A forma como ele se apresentou numa cimeira que se declarou claramente anti-ocidental, anti-americana e em última análise anti-ucraniana fez a reputação da ONU, que já não estava em alta, diminuir um pouco mais. (...) Preocupa-me ver o homem que deve defender a ordem das Nações Unidas juntar-se a uma cúpula que quer destruir essa ordem. Não faz sentido nenhum.»

 

Diana Soller, na CNN Portugal

Reflexão do dia

Pedro Correia, 11.10.24

«Ninguém exige uma coligação de Governo entre o PSD e o PS. Não bloquear por sistema um Governo de minoria não significa abandonar a oposição. Apenas se quer que, num cenário parlamentar que não oferece outras alternativas viáveis ou desejáveis, os dois partidos que representam a maior coligação eleitoral - e entre os quais o voto pendular mais balança - estejam predispostos para conversarem naturalmente, sem atritos dramáticos, em alguns momentos e assuntos fundamentais.

Este só não será um pedido aceitável se partirmos do pressuposto aterrador de que o crescimento dos extremos é imparável, por os dois partidos-charneira do sistema serem incapazes de dar um mínimo suficiente de esperança e melhoria de vida aos portugueses. É com esse derrotismo que o PS quer defender a democracia? Boa sorte.»

Francisco Mendes da Silva, no Público

Reflexão do dia

Pedro Correia, 02.10.24

«Não nos podemos só deter na visão antidemocrática de Pedro Nuno Santos, tentando impor as suas políticas independentemente dos resultados eleitorais. Assim, o PS governa quando ganha; governa quando não ganha mas há maioria de esquerda no Parlamento; e também governa (ora, queriam alternância democrática como nas democracias saudáveis?) quando não ganha nem há maioria de esquerda. 

Igualmente não se esgota no abandono interesseiro da tão propagada necessidade de compromissos entre os partidos democráticos do centro para afastar a extrema-direita da governação ou, até, da influência governativa. O PS (mais uma vez, explorando este filão) prefere dar ao Chega a capacidade de influenciar a política se tal acesso representar eventuais ganhos eleitorais futuros para o PS. O cinismo é avassalador. A forma escancarada como ponderam destruir consensos democráticos se o PS disso beneficiar é mais um sintoma: o PS já deixou de ser um partido centrista.

Nem termina com a inacreditável declaração de Pedro Nuno Santos de preferir perder as eleições a abandonar as convicções. Entrámos no domínio da egomania política. Claro que é ridículo, vindo do ministro que aceitou a humilhação por António Costa para continuar a ser ministro aquando do episódio da localização do aeroporto.»

 

Maria João Marques, no Público

Reflexão do dia

Pedro Correia, 23.09.24

«A guerra na Ucrânia, um dos dois grandes abalos sísmicos que a União [Europeia] sofreu no anterior mandato da Comissão (o outro foi a pandemia), provou à saciedade duas coisas: que a Rússia e a China partilham a mesma ambição de enfraquecer o Ocidente e de destruir o que resta da ordem internacional liberal; e que a Europa precisa dos Estados Unidos, não apenas para a sua segurança, mas também para vencer os enormes desafios geoeconómicos que enfrenta. [Ursula] von der Leyen foi uma convicta intérprete desta nova realidade.»

 

Teresa de Sousa, no Público de ontem

Reflexão do dia

Pedro Correia, 05.09.24

«Os socialistas deveriam mostrar respeito pelos portugueses e pedir desculpa pelos anos de Sócrates. Por terem tido um líder que levou a pura delinquência, sob a forma de uma dupla contabilidade, dupla moral e dupla verdade, aos comandos da governação. De terem sido cúmplices com isso. O silêncio de todos os barões socialistas em relação a esse tempo, a sua conivência com os desmandos, a cobardia de não abrirem a boca, ainda hoje ecoam nos ares.»

 

Eduardo Dâmaso, na Sábado

Reflexão do dia

Pedro Correia, 02.08.24

«Também na arte há que saber dosear a vida, e sobretudo mandar ao charco o ego, e ainda perceber que há coisas maiores do que a coisa comezinha do dia-a-dia da miséria. É certo que a rejeição dói a toda a gente, mas fazer da literatura um divã transforma o leitor num psicólogo, numa coisa amorfa, sobretudo diminui, ao invés de engrandecer, o papel do criador, não só porque abdica do dever e do prazer de criar, mas principalmente porque passa a não ter nada a dar ao leitor além de si mesmo. E admitamo-lo: pouca gente quer saber assim tanto de alguém ao ponto de lhe ouvir as mágoas.»

 

Ana Bárbara Pedrosa, na Sábado

Reflexão do dia

Pedro Correia, 31.07.24

«Substituir "mulheres e raparigas" por "pessoas que menstruam" não é inclusivo. É exclusivo - porque exclui as mulheres e raparigas. É anticientífico - porque só corpos de milheres menstruam. É misógino - porque apaga as mulheres de um assunto que as impacta; porque espera que as mulheres (que são a maioria da população) se anulem em prol de meia dúzia de pessoas que acreditam que nasceram no corpo errado e teimam que o mundo valide os seus sentimentos (ao invés de simplesmente viverem a sua vida como lhes apetece, sem maçar terceiros que nem sequer estão interessados); porque impõem que "mulher" seja definido por homens que se identificam como mulheres (e não menstruam), ao invés de pelas mulheres.»

 

Maria João Marques, no Público

Reflexão do dia

Pedro Correia, 19.07.24

«A menstruação resulta do sexo com que se nasce. Ao diluir o termo mulher no grupo de "pessoas que menstruam", ou de "pessoas portadoras de útero", ou ao inventar o termo mulheres cis para mulheres que se identificam com a anatomia feminina com que nasceram, como se existissem mulheres nascidas com anatomia masculina, é não só a confusão que passa a raiar a paranóia, mas também o universo feminino que fica debaixo de fogo, ferido por uma linguagem que, pretendendo-se inclusiva e libertadora das amarras biológicas, tem o resultado inverso, reduzindo as mulheres às suas características biológicas e remetendo-as para uma subcategoria do seu grupo sexual.»

 

Ana Cristina Leonardo, no Público

 

Reflexão do dia

Pedro Correia, 06.07.24

«A Rússia voltou a transformar-se na pior ameaça contra a Europa e a democracia. Com enormes recursos de matérias-primas, mas com evidentes dificuldades económicas, a Rússia recupera a sua posição de parceiro do terror nuclear, mas perdeu o seu papel de exemplo e de influência. Volta ao seu lugar de protagonista da violência imperialista. De ninho de oligarcas e de berço de terroristas. Qualquer vitória russa é uma derrota da Europa.»

 

António Barreto, no Público

Reflexão do dia

Pedro Correia, 30.06.24

«Infelizmente, nos últimos anos, em vez de ser a sociedade a passar para o futebol os seus valores, tem sido o futebol a contaminar a sociedade com os seus piores defeitos. Nomeadamente o tribalismo, o ódio ao rival, o hipernacionalismo primário, a intolerância, o clubismo primata, a cegueira fanática que nos leva a achar que temos sempre razão.»

 

Rui Zink, no Correio da Manhã