E, de repente, umas quantas almas agonizando entre a confusão (o Estado deve ser reformado mas ao mesmo tempo deve ficar como está), o despeito (por que não lhes seguem as ideias sempre luminosas e coerentes?) e a amnésia (Portugal terá chegado ao limiar da bancarrota por uma infeliz conjugação astral e não por políticas defendidas – e, em alguns casos implementadas – por elas) juntam-se a outras, reconhecidamente insensatas (a ponto de continuarem a defender o modelo económico venezuelano), e a dois meses do final do programa de ajustamento propõem uma reestruturação das condições de pagamento da dívida pública (que, em parte e de forma discreta, já foi alvo de reestruturações e voltará a sê-lo no futuro). Felizmente, com excepção da comunicação social, que vê qualquer ruído entrópico como boas notícias, e uns quantos bloggers, que fazem questão de opinar sobre tudo o que pareça «estar a dar» (pois, mea culpa), ninguém leva esta colorida agremiação de putativos notáveis a sério, por majestáticas qualificações e extrema boa vontade de que padeçam. Nem aqueles (teoricamente assustadiços) a quem o Estado português continua a pedir dinheiro para manter os gastos que já se provou não poderem ser cortados. O que – pensando bem – é capaz de ser um erro colossal. Um destes dias a loucura (admitamos caritativamente que bem intencionada) ainda recupera o poder, deixando-os (e a nós, uma vez que entre eles se contam os bancos nacionais) a olhar para buracos nas contas que farão o do BPN parecer questão de trocos. Mas pelo menos a beleza de uma reestruturação ficará evidente para todas as partes envolvidas, já que pelos vistos não ficou quando a reestruturação da dívida grega não apenas não resolveu os problemas da Grécia como causou uns problemitas nos bancos cipriotas.