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Delito de Opinião

O diabo a chegar

Pedro Correia, 16.03.20

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Foto: Mário Costa/Lusa

 

Razão tinha aquele ex-governante ao avisar que «vinha aí o diabo». Em forma de recessão económica e colapso financeiro, que é uma espécie de guerra por outros meios.

Para enfrentar este espectro que abala o mundo, nada melhor do que ter contas correntes equilibradas, impostas pela disciplina orçamental. Sobretudo tratando-se de um país como o nosso, que importa grande parte do que come, está muito longe da auto-suficiência e tem um dos maiores défices da balança alimentar da Europa. Além de mantemos a terceira maior dívida pública dos países membros da OCDE, avaliada em 122% do PIB anual.

Pois o diabo está aí a chegar, como o ex-governante advertia. Em forma de vírus, como testemunhamos nesta espécie de praga chinesa lançada a quem ansiava por viver «tempos interessantes». Daí a necessidade de fazer sem demora esta advertência: há que travar o passo ao ministro das Finanças, que já se preparava para esvaziar as gavetas do seu gabinete e rumar ao posto de comando do Banco de Portugal. Não é o momento para tal transferência. Ninguém lhe perdoaria que protagonizasse o papel de desertor, em pleno cenário de crise, quando já se vislumbra uma nova situação de emergência financeira e social, provocada pela pandemia.

Como acentuou há dias António Costa, «não se mudam generais a meio da batalha».

Pior do que na Grande Depressão.

Luís Menezes Leitão, 01.02.12

 

 

Estas declarações de Paul Krugman demonstram bem o grande erro que tem vindo a ser a política de austeridade adoptada por Vítor Gaspar. Devo dizer que nunca tive ilusões em relação ao óbvio fracasso da suas políticas. Na verdade, como tive ocasião de registar aqui, logo na sua primeira comunicação ao país Vítor Gaspar fez o que não podia fazer: lançou um imposto extraordinário em vez de adoptar uma política de controlo da despesa. E no orçamento seguinte transformou o corte de despesa em corte de salários, o que não passa de um imposto sobre salários, que obviamente vai gerar menos consumo e mais recessão. Ora, como refere Krugman, no Economics de Paul Samuelson, que qualquer estudante conhece, consta que não se pode lançar mais impostos em épocas de recessão, o que só produz mais recessão, e consequentemente menos receita fiscal. É evidente que vamos entrar numa espiral de austeridade e recessão da qual o país não vai conseguir sair. É por isso que cedo ou tarde Passos Coelho vai ter que substituir Vítor Gaspar. Mas este ataque dos cavaquistas foi um péssimo serviço ao país, uma vez que colocar o Ministro das Finanças sob cerco do Presidente é a garantia segura de que o Primeiro-Ministro o vai manter no cargo. O que o Presidente devia fazer era exercer os seus poderes constitucionais em relação ao Orçamento, que foi para isso que foi eleito. Se o promulga pura e simplesmente, a partir daí que deixe o Governo em paz.

Cada vez mais lixo.

Luís Menezes Leitão, 24.11.11

Depois da Moody's, surgem agora a Fitch e a chinesa Dagong a qualificar Portugal como lixo. Já nem os chineses conseguem acreditar na política deste governo. A razão invocada é óbvia: o próprio Governo reconhece que estas medidas vão provocar uma recessão profunda. Em consequência, sem crescimento Portugal não vai ter meios para pagar os empréstimos que contraiu. Mas parece que o Governo está convencido das virtudes do empobrecimento, pelo que insiste neste "ajustamento social". Vão ver como estará Portugal em 2013. Aí o lixo já deve ser tóxico.