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Delito de Opinião

Desabafo sportinguista

Cristina Torrão, 08.12.24

O Nottingham Forest, que não ganhava em Old Trafford há quase 30 anos, subiu à quinta posição da Premier League, com 25 pontos, enquanto o Manchester United caiu para o 13.º posto, com 19.

Vou ser sincera: nunca considerei o Rúben Amorim um treinador fora de série e ficava de pé atrás, quando o punham nos píncaros. É um treinador bom, sim, mas nenhum fenómeno. E todos sabemos que o Sporting também não tem um plantel fora de série.

Mas uma coisa é certa: a química funcionava de maneira incrível. Amorim soube gerir como ninguém a dinâmica criada entre jogadores mais velhos, com alguns anos de clube, e a vontade de brilhar de jogadores novos, desejosos de dar nas vistas, principalmente, na Champions League.

Tratava-se de uma situação especial. E, perante o início fulgurante desta época, eu perguntava-me quanto tempo iria durar a magia. É claro que também não o sei dizer agora. Poderia durar até ao fim da época. Mas também podia quebrar a meio, mesmo sem mudança de treinador.

Perante a continuação dos desaires do Manchester United, podemos dizer que Amorim está no início, que tem de se adaptar à equipa e vice-versa, que os resultados acabarão por vir... Mas o mesmo se pode dizer de João Pereira.

O erro de Amorim foi ter quebrado uma situação que ele próprio talvez nunca mais consiga igualar com outra equipa. E deixou o Sporting órfão, também incapaz de igualar a performance conseguida até à sua partida, mesmo que se substitua o actual treinador por outro mais experiente.

Espero sinceramente que, tanto para Rúben Amorim, como para o nosso clube, estas minhas profecias pessimistas não se cumpram. Mas uma coisa é certa: tendo lido, há algumas semanas, numa qualquer rede social, algo como: "este é o Sporting com que sempre sonhei", nunca perdoarei a quem nos roubou esse sonho.

Que continue

Sérgio de Almeida Correia, 06.11.24

skysports-ruben-amorim-sporting_6740065.jpg(créditos: Sky Sport News)

 

Sei que não é habitual ver nestas páginas elogios aos treinadores e às equipas que discutem campeonatos e títulos com o Sport Lisboa e Benfica.

Também é verdade que ver equipas portuguesas, treinadas por um português, jovem e talentoso, a golearem o tetracampeão campeão inglês não costuma fazer parte do cardápio de quem segue a Liga dos Campeões.

Mas mal ficaria a quem dá tanto valor ao mérito que, tomado por uma qualquer clubite aguda, não reconhecesse valor, profissionalismo e classe onde eles estão. E é indiscutível que o Sporting Clube de Portugal deu ontem uma alegria aos seus adeptos e a todos os que gostam de futebol, merecendo por isso os parabéns. Para o Manchester City, como se escreve no site do clube, foi mais uma noite de desapontamento. A Sky Sports viu-a como a "stunning win".

Para além dos pontos que a todos os outros clubes portugueses dão jeito no ranking da UEFA, Rúben Amorim despede-se de Alvalade em grande, deixando muita gente feliz. Antes assim.

Nunca um benfiquista terá dado tantas alegrias ao SCP e à sua massa associativa. Até na hora da despedida.

Quero por isso desejar ao Rúben Amorim, um grande benfiquista e profissional de futebol, que seja capaz de fazer na sua nova casa de Old Traffford o mesmo que fez em Lisboa no clube de que se despede, deixando o seu perfume de bom futebol, educação e dignidade dentro e fora do campo. Disso beneficiaram todos: os adeptos leoninos e o futebol em geral. 

Pode ser que os arruaceiros e os cafres que ainda temos pelas bancadas lusíadas, a dirigir alguns clubes de futebol e a gesticular em São Bento, aprendam alguma coisa que contribua para a mudança dos persistentes maus hábitos futebolísticos e políticos.

E queiram seguir o exemplo de quem teve, e se espera que continue a ter, fora de portas, sucesso no "chuto-na-bola" com elevação.