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Delito de Opinião

Coisa mais inútil não há

Pedro Correia, 18.02.22

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Esta semana limpei a caixa do correio: já não recolhia correspondência há duas semanas. Lá bem no fundo, encontrei estes folhetos muito coloridos - que foram de imediato arquivados no saco destinado à reciclagem. O da "moda e acessórios", ainda percebo. Mas a papelada política, de maneira alguma. E apetece mesmo perguntar por que raio estes partidos que tanto falam em valores ambientais e consciência ecológica gastam resmas de papel na era digital.

Mal empregadas árvores, derrubadas para isto. Coisa mais inútil não há.

Convém "rastrearmos" os jornais

Pedro Correia, 18.10.20

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Ontem, no auge da polémica sobre a geringonça (refiro-me à aplicação Covid, não à defunta coligação governamental), quase todos os jornais a destacavam em falsas primeiras páginas com patrocínio do Governo. Este encarte publicitário terá custado balúrdios ao erário.

Até os diários desportivos A Bola, o Record O Jogo receberam este brinde - o que deve dar imenso jeito ao conjunto dos periódicos, vários dos quais têm salários em atraso enquanto outros têm despedido dezenas de trabalhadores.

Fica um teste à perspicácia dos leitores. É interessante "rastrearmos" as posições editoriais destes jornais sobre o controverso tema "app Stayaway" nos tempos que vão seguir-se. Aposto desde já que alguns não tardarão a bater palminhas.

 

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Abreu, Abreu, assim não levas o meu

Rui Rocha, 06.04.14

Decorre, com ampla divulgação e direito a referência em espaços noticiosos, a Feira de Viagens Abreu. Prometem-se, durante dois dias, descontos até 60%. Um bom português dificilmente resiste a uma campanha que junta duas coisas a que é especialmente sensível: descontos e viagens. E este vosso servidor não é excepção. Se tivermos em conta que as campanhas promocionais de duração limitada activam no nosso cérebro a noção de escassez e o sentimento de perda identificados por Cialdini, compreende-se o estado de predisposição para investir com que uns milhares largos de portugueses se deslocam às agências da Abreu ou entram no seu site. Eu, pecador me confesso, imaginava-nos já aos 4 membros da família, em finais de Agosto, sibaritas debaixo de um coqueiro, com as calosidades dos pés acariciadas por água tépida e azul-turquesa, apenas interrompendo a fruição da pechincha para fazer selfies com que afagaríamos o nosso ego publicando-os no facebook. Sucede que a divulgação dos preços da campanha faz-se, desde logo, sem que se indique nos suportes informativos disponibilizados (prospectos ou site), qual o preço antes da promoção. Da mesma maneira, não existe qualquer indicação nesses suportes, para cada destino e período, de qual a percentagem de desconto aplicada. Acresce que, nas agências, a única forma de obter informação adicional é esperar largos minutos até se ser atendido por um dos técnicos de viagens. Por último, apesar da escassa informação prestada nos suportes promocionais, fico com a ideia de que a generalidade dos descontos são muitíssimo inferiores a 60% e os preços estão em linha com aquilo que se pode obter normalmente noutras agências ou sites. Fiquei assim, embora não tenha toda a informação por ter perdido a vontade de esperar até ser atendido (peço aos leitores que a tenham que contraponham o que for conveniente) de que estamos perante uma campanha a que na melhor das hipóteses falta transparência e que poderá estar muito próxima de constituir publicidade enganosa. Nestas condições, tanto pior para as calosidades, a Abreu jamais levará o meu.

Cinco Advogadas de Lisboa

Helena Sacadura Cabral, 19.12.13

Não se fala de outra coisa. E porquê?! Porque se "entende" que a advocacia não pode ser tratada como uma marca de detergentes. Fossem homens e até se diria que a mensagem era original...

Não conheço nenhuma das visadas. São mulheres que decidiram romper com a tradição cinzenta da actividade que exercem. Sendo profissionais competentes e bonitas, ninguém lhes perdoa a exibição. 

A grande publicidade

Ana Vidal, 07.05.13

Estive muitos anos ligada à publicidade. Ainda hoje me empolga uma boa campanha; me irrita uma mensagem mal transmitida, preguiçosa ou batoteira; me apaixona a criatividade de uma grande ideia, o desenvolvimento do conceito e a conquista dos limites para a sua execução. As campanhas que não envolvem directamente produtos - e, sobretudo, as que se referem a causas nobres - são geralmente "la crème de la crème" da publicidade, onde se atinge a excelência criativa sem o ónus dos objectivos comerciais e da intenção consumista. Não há agência que não as adore. É o caso desta campanha para a Fundação ANAR, que cumpre genialmente todos os requisitos e redime, com total propriedade e autoridade, o uso (habitualmente criticável) da mensagem subliminar. Clap, clap, clap.


Toda a informação aqui

Vermelho

João Campos, 07.03.13

A imprensa portuguesa online aderiu quase em massa a uma campanha publicitária da Vodafone e cobriu hoje os seus portais de vermelho. No caso do Expresso, do Correio da Manhã e do Diário Económico, apenas as partes exteriores dos respectivos sites aparecem a vermelho - mas o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias e o Público foram mais longe e decidiram "pintar" as suas páginas principais de vermelho, colocando o texto a preto ou a branco - o que é irrelevante, pois em ambos os casos é praticamente ilegível e quase doloroso para a vista (para além de ser pavoroso de um ponto de vista estético). Que os meios de comunicação portugueses precisem de receitas publicitárias como de pão para a boca não duvido (e esta campanha não terá sido barata), mas não me parece boa política comprometerem a visibilidade dos seus conteúdos noticiosos - que, para todos os efeitos, são aquilo que os leitores procuram. Depois admirem-se. 

 

(não coloco hiperligações por não querer induzir ataques epilépticos aos estimados leitores do Delito)

 

Os engraçadinhos do Montepio

Rui Rocha, 27.02.13

O Montepio colocou na(s) rádio(s) um anúncio (parece que agora se diz spot publicitário e não posso deixar de pensar que é um estranho mundo este em que a simplicidade definidora de uma palavra tem de ser substituída pela combinação de dois vocábulos de línguas diferentes) em que promove um produto financeiro, oferecendo em complemento um seguro de saúde. Depois de não sei quantas horas de pesquisa, concepção, debate e aprovação, os criativos da agência e os responsáveis da instituição chegaram pelo visto à conclusão que, para o efeito, nada melhor do que uma narrativa (fica sempre bem esta da narrativa) em que perante um pai preocupado, uma mãe vai sucessivamente dizendo que não há problema por o Pedrinho estar a descer as escadas a correr, por a Ritinha estar a subir a uma árvore, ou por andarem ambos a brincar no meio das urtigas. Como pai, gostaria de dizer ao Montepio que jamais subscreveria um produto promovido a partir de uma mensagem com estas características. Os autores da coisa ou pretendem subliminarmente provocar-me medo, coisa que recuso, ou estão na pândega com questões de segurança relacionadas com os meus filhos (é neles que penso quando ouço o anúncio) e isso parece-me de extremo mau gosto. Ou, vai-se a ver, são só parvos (hipótese para a qual me inclino). Em qualquer caso, creio que teria muito maior probabilidade de sucesso um anúncio que brincasse, sei lá, com a segurança dos depósitos dos clientes do Montepio.

Crowfunding é no BES

Rui Rocha, 07.01.13

 

Um dos meus passatempos  favoritos é visitar  o site do BES. Call me nuts, mas gosto de me manter informado sobre o modo como a famíla investe o dinheiro que o Estado me vai extorquindo para pagar as PPP e outras cavalarias do género. Ontem, reparei no banner ali mais acima. Primeiro, deixei-me levar pelo entusiasmo. Cá está, pensei. O BES está no bom caminho: apropria-se dos nossos impostos mas utiliza-o de forma meritória para dinamizar redes de financiamento de pequenas iniciativas e negócios. Só depois reparei que o que está em causa não é Crowdfunding, mas Crowfunding. Não se trata, portanto, de promover o empreendedorismo, mas de coisa bem diferente. Ou me engano muito, ou o que se pretende é projectar a imagem de Ricardo Salgado e do próprio banco, recorrendo à simbologia do corvo. Se virmos bem, faz todo o sentido. Sobretudo se pensarmos que este representante da Ordem dos Passeriformes possui ampla distribuição geográfica (isto é, está em todo o lado, tal como o próprio espírito santo), manifesta preferência por pequenos invertebrados e apresenta hábitos necrófagos.

A Galp deve ter razão

Rui Rocha, 24.11.12

A DECO publicou um estudo em que conclui que os combustíveis premium como o G Force e o H Energy são iguaizinhos aos de marca branca. A GALP, entretanto, ripostou dizendo que os combustíveis são iguais à saída da refinaria mas são diferentes na bomba. Não sou especialista, mas inclino-me para dar razão à GALP. Na verdade, abasteço sempre em postos de marca branca e posso garantir que nunca me aconteceu nada assim: